terça-feira, 10 de junho de 2025

Hannah Arendt - Origens do Totalitarismo: Parte I Antissemitismo (2. Os Judeus. O Estado-Nação e o nascimento do antissemitismo: 2.1[c])

Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt

Parte I 
ANTISSEMITISMO

Este é um século extraordinário, que começa com a Revolução e termina com o Caso Dreyfus. Talvez ele venha a ser conhecido como o século da escória. 
 Roger Martin du Gard

continuando...

     É ainda um dos aspectos mais comoventes da história judaica o fato de que o ingresso dos judeus na história da Europa tenha sido motivado por constituírem um elemento intereuropeu e não-nacional num mundo estruturado nacionalmente. Que esse papel foi mais duradouro e mais essencial do que sua função como banqueiros estatais é uma das razões que engendraram o novo tipo, moderno, de produtividade judaica nas artes e nas ciências. Não é sem lógica histórica que a queda dos judeus como grupo tenha coincidido com a ruína de um sistema e de um corpo político que, quaisquer que tenham sido os seus defeitos, haviam necessitado e podiam tolerar um elemento pan-europeu, consubstanciado em judeus. A grandeza dessa existência especificamente europeia não deve ser esquecida. Os poucos autores europeus que sentiam esse aspecto da "questão judaica", mesmo que não nutrissem simpatia pelos judeus, sabiam avaliar imparcialmente a situação europeia. Entre eles estava Diderot, o único filósofo francês do século XVIII que não era hostil aos judeus e que reconhecia neles um laço útil entre europeus de diferentes nacionalidades; Wilhelm von Humboldt, que, testemunhando a emancipação dos judeus como resultado da Revolução Francesa, observou que eles perderiam sua universalidade quando virassem franceses;[15] e, finalmente, Friedrich Nietzsche, autor da expressão "bom europeu", que soube avaliar corretamente o papel dos judeus na história europeia, sem cair nas armadilhas do filo-semitismo barato ou de atitude, então "progressista", de proteção.
     Essa análise, embora correta na descrição de manifestações superficiais do fenômeno, deixa de lado o paradoxo mais sério existente no centro da história política dos judeus. De todos os povos europeus, os judeus eram os únicos sem Estado próprio e, precisamente por isso, haviam aspirado tanto, e tanto se prestavam, a alianças entre governos e Estados, independentemente do que esses governos e Estados representassem. Por outro lado, os judeus não tinham qualquer tradição ou experiência política e não percebiam a tensão nascente entre a sociedade e o Estado, nem os riscos evidentes e a potencialidade decisória que assumiam, decorrentes do seu novo papel. O parco conhecimento da política resultava da prática, já tradicional, de sua convivência. Essa falha surgiu ainda no Império Romano, onde os judeus eram protegidos, por assim dizer, pelo soldado romano, e, depois, na Idade Média, quando haviam buscado e recebido proteção de remotas autoridades monárquicas e clericais, a despeito da animosidade da população e dos governantes locais. Essas experiências haviam, de alguma forma, lhes ensinado que a autoridade, e especialmente a alta autoridade, lhes era favorável, e que os funcionários inferiores, e especialmente o povo comum, eram perigosos. Esse preconceito, que expressava uma verdade histórica, embora não mais correspondesse às novas circunstâncias, estava tão profundamente arraigado entre os judeus, e era tão inconscientemente compartilhado por eles, como eram arraigados entre os gentios os preconceitos contrários aos judeus.
     A história da relação entre os judeus e os governos é rica de exemplos da rapidez com que os banqueiros judeus transferiam a sua lealdade de um governo para outro, mesmo após mudanças revolucionárias. Os Rothschild franceses não levaram mais que 24 horas para transferir, em 1848, seus serviços de Luís Filipe à nova e passageira República Francesa e, depois, para Napoleão III. O mesmo processo se repetiu na França, a um ritmo mais lento, após a queda do Segundo Império e o estabelecimento da Terceira República. Na Alemanha, essa mudança súbita e fácil foi simbolizada, depois da revolução [republicana] de 1918, pela política financeira da família banqueira dos Warburg, de um lado, e pelas volúveis ambições políticas de Walter Rathenau, de outro.[16]
     Esse tipo de conduta envolve mais do que o simples padrão burguês, que aceita como premissa nada ser tão bem-sucedido como o sucesso.[17] Se os judeus tivessem sido burgueses no sentido lato do termo, poderiam ter avaliado com exatidão as extraordinárias possibilidades de poder decorrentes de suas novas funções, e ter pelo menos tentado representar — com vista a manter a ilusão do "sucesso" — aquele papel fictício de um poder mundial secreto que faz e desfaz governos, e que os antissemitas, de qualquer modo, lhes atribuíam. Nada, porém, estava mais longe da verdade. Os judeus, sem conhecer o poder ou se interessar por ele, nunca pensaram em exercer senão suaves pressões para fins subalternos de autodefesa. Essa falta de ambição foi mais tarde profundamente ressentida pelos filhos mais assimilados dos banqueiros e negociantes judeus. Enquanto alguns deles sonhavam, como Disraeli, com alguma sociedade secreta judaica, à qual poderiam pertencer, mas que nunca existiu, outros, como Rathenau, que eram melhor informados, entregavam-se a tiradas meio antissemitas contra os mercadores ricos que não tinham poder nem posição social.
     Essa inocência nunca foi bem entendida por estadistas ou historiadores não-judeus. Por outro lado, o desligamento dos judeus do poder era aceito com tanta naturalidade pelos representantes ou escritores judeus que eles quase nunca o mencionavam, a não ser para exprimir sua surpresa ante as absurdas suspeitas levantadas contra eles. Nas memórias dos estadistas do século XIX encontram-se frequentes observações que pressupõem a dependência da eclosão de guerras da vontade de um Rothschild de Londres, Paris ou Viena. Mesmo um historiador sóbrio e digno de fé como J. A. Hobson podia dizer, ainda em 1905: "Alguém supõe seriamente que qualquer Estado europeu pode fazer guerra, ou subscrever um grande empréstimo estatal, se a Casa dos Rothschild e suas conexões se opuserem?".[18] O próprio Metternich mantinha firme convicção que os Rothschild "desempenhavam na França papel superior ao de qualquer governo estrangeiro", tendo afirmado aos Rothschild vienenses, pouco antes da Revolução de 1848: "Se eu desaparecer, vossa casa desaparecerá comigo". A verdade é que os Rothschild tinham tanta noção política quanto qualquer outro banqueiro judeu e, como seus correligionários, jamais se aliavam a um governo específico, e sim a governos, à autoridade em si. Se naquela época mostravam preferência definida pelos governos monárquicos em detrimento das repúblicas, foi por suspeitarem, e com razão, que as repúblicas se baseavam grandemente no desejo do povo, do qual eles instintivamente desconfiavam.
     Quão profunda era a fé que os judeus tinham no Estado, e quão fantástica era a sua ignorância das verdadeiras condições da Europa, foi revelado nos últimos anos da República de Weimar — na véspera da tomada de poder por Hitler — quando, já razoavelmente apavorados com relação ao futuro, os judeus procuraram — uma vez — engajar-se na política. Com o auxílio de alguns não-judeus, fundaram um partido de classe média que denominaram "Partido do Estado" (Staatspartei), já a sua denominação sendo contraditória. Estavam tão ingenuamente convencidos de que seu "partido", que supostamente os representava na luta política e social, se confundisse com o próprio Estado que lhes escapou até a análise da relação entre um partido e o Estado. Se alguém levasse a sério esse partido de cavalheiros respeitáveis e perplexos, teria concluído que a lealdade a qualquer preço encobria forças que tramavam apoderar-se do Estado. Do mesmo modo como os judeus ignoravam completamente a tensão crescente entre o Estado e a sociedade, foram também os últimos a perceber as circunstâncias que os arrastavam para o centro do conflito. Nunca, portanto, souberam avaliar o antissemitismo, nunca chegaram a reconhecer o momento em que a discriminação se transformava em argumento político. Durante mais de cem anos o antissemitismo havia, lenta e gradualmente, penetrado em quase todas as camadas sociais em quase todos os países europeus, até emergir como a única questão que podia unir a opinião pública. Foi simples como ocorreu esse processo: cada classe social que entrava em conflito com o Estado virava antissemita, porque o único grupo que parecia representar o Estado, identificando-se com ele servilmente, eram os judeus. E a única classe que demonstrou ser quase imune à propaganda antissemita foram os trabalhadores que, absorvidos pela luta de classes e equipados com a explicação marxista da história, nunca entravam em conflito direto com o Estado, mas só com outra classe social, a burguesia, que os judeus certamente não representavam e da qual nunca haviam sido parte importante.
     A emancipação política dos judeus no fim do século XVIII em alguns países e a discussão do problema no resto da Europa central e ocidental causaram a mudança da atitude dos judeus em relação ao Estado, a qual foi, de certa forma, simbolizada pela ascensão da casa dos Rothschild. A nova política desses judeus-da-corte, que foram os primeiros a se tornar banqueiros estatais, veio à luz quando, insatisfeitos em servir a um príncipe ou a um governo, decidiram internacionalizar seus serviços, pondo-os simultaneamente à disposição dos governos da Alemanha, da França, da Grã-Bretanha, da Itália e da Áustria. Até certo ponto, essa orientação sem precedentes resultou da reação dos Rothschild aos perigos da verdadeira emancipação, que, juntamente com a igualdade, ameaçava "nacionalizar" os judeus dos respectivos países e destruir assim as próprias vantagens intereuropeias sobre as quais havia repousado a posição dos banqueiros judeus. O velho Meyer Amschel Rothschild, fundador da casa, deve ter reconhecido que a condição intereuropeia dos judeus já não estava segura, e que era melhor que ele tentasse consolidar essa singular posição internacional no âmbito de sua família. O estabelecimento de seus cinco filhos nas cinco capitais financeiras da Europa — Frankfurt, Paris, Londres, Nápoles e Viena — foi a engenhosa resposta que encontrou para a solução do embaraçoso problema da emancipação dos judeus.[19]
     Os Rothschild haviam iniciado sua espetacular carreira a serviço financeiro do príncipe de Hessen. Importante financista, financiador e agiota, o príncipe ensinou aos Rothschild a prática comercial e introduziu-os a muitos dos seus clientes. A vantagem de Rothschild era ter residido em Frankfurt, o único grande centro urbano alemão do qual os judeus nunca haviam sido expulsos e onde, no começo do século XIX, constituíam quase 10% da população. Os Rothschild iniciaram-se como judeus-da-corte sem estar sob a jurisdição de nenhum príncipe ou municipalidade, submetidos à autoridade direta do imperador distante, em Viena. Aliavam assim as vantagens do status judaico da Idade Média com as do seu próprio tempo, e dependiam muito menos da nobreza ou das autoridades locais que qualquer outro judeu-da-corte. As atividades posteriores da casa, a enorme fortuna que reuniram e sua fama tão simbólica são suficientemente conhecidas.[20] Ingressaram no mundo dos grandes negócios durante os últimos anos das guerras napoleônicas, quando — de 1811 a 1816 — quase metade das subvenções inglesas às potências do Continente europeu passaram por suas mãos. Quando, após a derrota de Napoleão, a Europa inteira precisava de elevados empréstimos para reorganizar suas máquinas estatais e reconstruir estruturas financeiras, os Rothschild detinham quase o monopólio da gestão dos empréstimos estatais. Isso durou três gerações, durante as quais conseguiram derrotar todos os concorrentes judeus e não-judeus. "A Casa dos Rothschild tornou-se", como disse Capefigue, "o tesoureiro principal da Santa Aliança".[21]
     O estabelecimento internacional da Casa Rothschild e a sua hegemonia alcançada com relação aos demais banqueiros judeus mudaram a estrutura dos negócios estatais judaicos. Desapareceu a evolução acidental, desorganizada e sem plano, quando indivíduos judeus, suficientemente astutos para se aproveitarem de uma oportunidade, frequentemente galgavam posições de incomensurável riqueza, para cair em profunda miséria na geração seguinte. Aliás, isso não afetava os destinos do povo judeu como um todo, exceto quando esses banqueiros agiam como protetores de alguma comunidade. Mas, não importa quão numerosos fossem os ricos agiotas judeus ou quão influentes fossem os judeus-da-corte, o fato é que não existia um grupo judeu definido que gozasse coletivamente de privilégios específicos e prestasse serviços específicos. Foi precisamente o monopólio dos Rothschild na emissão de empréstimos governamentais que tornou possível e até necessária a utilização do capital judaico, canalizando uma elevada porcentagem das fortunas judaicas para os negócios dos Estados, o que gerou a base de uma renovada coesão intereuropeia dos judeus da Europa central e ocidental. O que nos séculos XVII e XVIII foi uma ligação desorganizada entre judeus individuais de diferentes países transformou-se em aproveitamento sistemático das oportunidades esparsas por uma única firma, fisicamente presente em todas as importantes capitais europeias, e em constante contato com todas as camadas do povo judeu, detentora da rede das informações úteis e capaz de dar formas organizadas a oportunidades decorrentes do sistema.[22]
     A posição exclusiva da casa Rothschild no mundo judaico substituiu até certo ponto os antigos laços de tradição espiritual e religiosa, cuja gradual dissolução, provocada pelo impacto da cultura ocidental, pela primeira vez ameaçava a própria existência do povo judeu. Para o mundo exterior, essa família tornou-se também o símbolo da realidade prática do internacionalismo judaico num mundo de Estados-nações e povos organizados politicamente em bases nacionais. Onde poderiam os antissemitas encontrar melhor prova do fantástico conceito de um governo mundial judaico do que nessa família? Unida, embora ativa em cinco países diferentes, proeminente em toda parte, em íntima cooperação com governos distintos, cujos frequentes conflitos jamais abalavam a solidariedade de interesses existente entre seus banqueiros estatais, constituiu-se no símbolo que nenhuma propaganda poderia ter criado para fins políticos de modo mais eficaz.
     A noção popular de que os judeus eram unidos por laços supostamente mais estreitos de sangue e de família que os outros povos era até certo ponto estimulada pelo que ocorria nessa família, símbolo vivo e atuante da importância econômica e política que emanava da visão popular do povo judeu. A consequência fatal foi simples: quando, por motivos que nada tinham a ver com a questão judaica, os problemas raciais ocuparam o centro do cenário político, os judeus imediatamente foram ajustados como alvo pelas ideologias e doutrinas que definiam grupos humanos por laços de sangue e por características genéticas familiares.
     Contudo, outro fato, menos acidental, explica essa imagem do judeu. Na preservação do povo judeu, a família havia sido mais importante do que em qualquer outro grupo político ou social do Ocidente, com exceção da nobreza. Os laços familiares constituíam o elemento mais forte e persistente na resistência do judeu à assimilação e à dissolução. Como a nobreza europeia em declínio fortalecia suas leis de casamento e linhagem, os judeus tornaram-se mais conscientes dos laços de família nos séculos de sua dissolução espiritual e religiosa. Sem a antiga esperança da redenção por um Messias e sem o solo próprio, o povo judeu tornou-se cônscio de que sua sobrevivência havia sido conseguida num ambiente estranho e hostil. Começou a ver o círculo interno da família como espécie de derradeiro baluarte, e a conduzir-se em relação aos membros do seu próprio grupo como se fossem membros de uma grande família. Em outras palavras, a imagem antissemita do povo judeu como uma família intimamente interligada por laços de sangue tinha de fato algo em comum com a ideia que os judeus faziam de si mesmos.
     Essa situação foi um importante fator no início do surgimento e no crescimento contínuo do antissemitismo no século XIX. Que um grupo de pessoas se tornasse antissemita em dado país num dado momento histórico dependia exclusivamente das circunstâncias gerais que as levavam a violento antagonismo contra o governo. Mas sempre era notável a semelhança dos argumentos, e o espontâneo relacionamento entre a imagem estereotipada e a realidade que esses estereótipos distorciam. Vemos então os judeus sempre representados como uma organização de comércio internacional, uma firma familiar global com interesses idênticos em toda parte, uma força secreta por trás do trono, que transforma outras forças em mera fachada e vários governantes em marionetes, cujos cordões são puxados por trás do pano. Assim, devido à sua relação íntima com as fontes de poder do Estado, os judeus eram invariavelmente identificados com o próprio poder e, devido ao seu desligamento da sociedade e à sua concentração no fechado círculo familiar, eram suspeitos de maquinarem — mancomunados com o poder, mas separados da sociedade — a destruição desta sociedade e de suas estruturas.

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[15] Wilhelm von Humboldt, Tagebücher [Diários], editado por Leitzmann, Berlim, 1916-8, 1,475. O artigo "Juif" da Encyclopédie (1751-65), que provavelmente foi escrito por Diderot: "Assim dispersos em nossa época (...) [os judeus] tornaram-se instrumentos de comunicação entre as nações mais distantes. São como as espigas e os pregos necessários num grande edifício para unir e manter juntas todas as outras partes".
[16] Walter Rathenau, ministro do Exterior da República de Weimar em 1921 e um dos mais eminentes representantes dos democratas na Alemanha, havia declarado, ainda em 1917, suas "profundas convicções monarquistas", de acordo com as quais somente um "ungido" e não "um arrivista de duvidosa carreira" devia liderar o país. Ver seu Von kommenden Dingen [Das coisas porvir], 1917, p. 247.
[17] Esse padrão burguês, porém, não deveria ser esquecido. Se se tratasse apenas de uma questão de motivos individuais e padrões de comportamento, os métodos da casa dos Rothschild não difeririam muito daqueles de seus colegas gentios. Por exemplo, o banqueiro de Napoleão, Ouvrard, depois de haver provido os meios financeiros para a guerra no governo dos cem dias, imediatamente ofereceu seus serviços aos Bourbons restaurados.
[18] J. A. Hobson, Imperialism, a study, 1902, p. 57 da edição não-revista de 1938.
[19] Quão bem os Rothschild conheciam as origens de sua força é evidenciado por uma antiga lei da casa, segundo a qual as filhas e seus maridos eram eliminados dos negócios do grupo. As moças tinham permissão e, depois de 1871, eram até encorajadas a se casarem com membros da aristocracia não-judaica; os descendentes masculinos tinham de se casar exclusivamente com moças judias e, se possível, membros da família (na primeira geração este foi o caso de modo geral).
[20] Ver, especialmente, Egon César Conte Corti, The rise ofthe House of Rothschild, Nova York, 1927.
[21] Capefigue, op. cit.
[22] Nunca foi possível determinar a que ponto os Rothschild usavam o capital judeu para suas próprias transações comerciais e até onde ia seu controle sobre os banqueiros judeus. A família nunca permitiu que fossem pesquisados seus arquivos.

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