A Montanha Mágica
Capítulo VI
Como um soldado, como um valente
continuando...
Settembrini abandonara a papeleira de humanista, junto à janelinha, e aproximara-se da
mesa redonda com a garrafa de água. Acercou-se então de seu discípulo, que estava sentado no
divã, sem se recostar, apoiando o cotovelo no joelho e o queixo na mão.
– Caro – disse.o Sr. Settembrini. – Caro amico! Será necessário tomar decisões, decisões de
importância inestimável para a felicidade e o futuro da Europa, e elas caberão ao seu país. Situado
entre o Oeste e o Leste, terá de escolher, terá de declarar-se definitiva e conscientemente por uma
ou outra das duas esferas que lhe disputam a natureza. O senhor é jovem. O senhor participará
dessa decisão. Sua vocação é contribuir para ela. Bendigamos, pois, o destino, embora o tenha
arrastado até estas paragens medonhas. Mas ao mesmo tempo me proporcionou uma
oportunidade para exercer influência sobre a sua juventude maleável, por meio das minhas
palavras, que não são inteiramente desprovidas de experiência e de vigor, uma oportunidade para
fazê-lo sentir a responsabilidade que pesa sobre essa juventude, sobre a sua pátria, perante a
civilização...
Hans Castorp continuava sentado, com o queixo apoiado na mão cerrada. Olhava para
fora, através da janelinha do sótão, e nos singelos olhos azuis podia-se perceber uma certa
recalcitrância. Permaneceu calado.
– O senhor não responde? – perguntou o Sr. Settembrini, comovido. – O senhor e o seu
país guardam um silêncio cheio de reserva, um silêncio cuja falta de transparência não permite
avaliar-lhe a profundidade. Não gostam da palavra, ou não sabem servir-se dela, ou ainda a
tratam, de modo pouco amistoso, como coisa sagrada; em todo caso, o mundo articulado ignora
e não está sendo informado a quantas anda. Isso é perigoso, meu amigo. A língua é a própria
civilização... Toda palavra, até a mais antagônica, estabelece contato... Mas o mutismo isola. Os
outros chegam a suspeitar que vocês procurarão romper esse isolamento por meio de atos. Vocês
farão avançar o primo Giacomo (Settembrini, para maior comodidade, tinha o costume de
chamar Joachim de “Giacomo”)... farão o primo Giacomo marchar à frente do seu silêncio, “e
com golpes poderosos, mata dois; os outros fogem”...
Como Hans Castorp se pusesse a rir, também o Sr. Settembrini esboçou um sorriso,
satisfeito, pelo menos momentaneamente, com o efeito das suas palavras plásticas.
– Muito bem, riamo-nos! – disse. – O senhor sempre me encontrará disposto para a
alegria. “O riso é o reflexo resplandecente da alma”, diz um escritor antigo. Além disso,
perdemos o fio da conversa e nos desviamos para assuntos que, não o nego, estão em conexão
com as dificuldades que se opõem aos nossos trabalhos preparatórios em prol da fundação da
liga universal maçônica, dificuldades que têm sua origem sobretudo na Europa protestante... – E
o Sr. Settembrini prosseguiu falando com ardor acerca da ideia dessa liga, que nascera na
Hungria, e cuja esperada realização estava destinada a outorgar à maçonaria um poder decisivo
nas questões mundiais. A essa altura apontou para cartas relativas ao assunto, que recebera de
próceres estrangeiros da associação; mostrou um bilhete do próprio punho do Grão-Mestre da
Suíça, o irmão Quartier la Tente, do grau 33, e comentou o projeto de fazer do esperanto o
idioma oficial da organização. Elevado por seu zelo até a esfera da alta política, dirigiu os olhos
para todas as direções imagináveis e avaliou as probabilidades de triunfo que a ideia republicano
revolucionária tinha no seu próprio país, bem como na Espanha e em Portugal. Afirmou
corresponder-se também com os dirigentes da grã-loja desse último reino, onde indubitavelmente
as coisas se encaminhavam para uma decisão. Que Hans Castorp se lembrasse das suas palavras,
quando, dentro em breve, os acontecimentos ali começassem a precipitar-se. O jovem prometeu
fazê-lo.
Convém observar que essas palestras maçônicas, mantidas entre o discípulo e cada um
dos mentores em separado, se haviam efetuado numa época anterior à da volta de Joachim. A
discussão que relataremos agora teve lugar depois dessa data na sua presença, umas nove semanas
após o regresso, em princípios de outubro. Se Hans Castorp conservou na memória a referida
reunião sob o sol outonal, em frente da estância de “Platz”, com bebidas refrescantes na mesa, é
porque naquele dia se preocupava secretamente com Joachim. Essa preocupação era causada por
indícios e fenômenos que normalmente não costumam inspirar cuidados, a saber, dores de
garganta e rouquidão. Tratava-se, pois, de moléstias inofensivas, mas que se apresentavam ao
jovem Hans Castorp sob uma luz especial, que era precisamente aquela que ele pensava descobrir
no fundo dos olhos do primo, esses olhos que sempre haviam sido grandes e meigos, mas
precisamente nesse dia, e não antes, lhe apareciam maiores e mais profundos. Era como se
tivessem assumido expressão meditativa e – deve-se acrescentar a estranha palavra – ominosa,
além daquela já mencionada iluminação que lhes vinha de dentro. Seria absolutamente errado
afirmar que Hans Castorp não gostava dessa expressão; pelo contrário, ela até lhe agradava
muito, deixando-o, entretanto, preocupado. Numa palavra, não se pode falar dessas impressões
de outra forma a não ser daquela maneira confusa que correspondia ao seu próprio caráter.
A palestra, ou melhor, a controvérsia – travada, naturalmente, entre Naphta e Settembrini – girava em torno de um assunto diferente e tinha um nexo apenas frouxo com a maçonaria.
Além dos primos, Ferge e Wehsal também se achavam presentes, e o interesse de todos era
grande, embora alguns não estivessem à altura da discussão. O Sr. Ferge, por exemplo, observou
isso expressamente. Contudo, uma luta disputada, como se a própria vida estivesse em jogo, mas
cujo espírito e esmero faziam supor que não se tratava da vida, senão de um torneio elegante –
como acontecia em todas as contendas de Naphta e Settembrini –, tal luta é obviamente e de per
si interessante, mesmo para quem pouco entende do assunto e apenas vagamente lhe enxerga o
alcance. Até pessoas estranhas, nas mesas vizinhas, escutavam a troca de palavras, admiradas e
atraídas pela paixão e pela graça do diálogo.
Como já dissemos, isso se deu defronte à estância, depois do chá da tarde. Ali os quatro
pensionistas do Berghof haviam-se encontrado com Settembrini e, por casualidade, Naphta se
reunira a eles. Estavam todos agrupados em volta de uma mesinha de metal, na qual se achavam
diversas bebidas diluídas com água de soda, bem como cálices com anis e vermute. Naphta, que
nesse local costumava tomar a merenda, pedira vinho e doces, que evidentemente constituíam
uma reminiscência do seu noviciado. Joachim umedecia, com muita freqüência, a garganta
enferma com limonada, que tomava muito concentrada e bem azeda, porque assim ela lhe
contraía os tecidos e lhe dava algum alívio. Settembrini bebia simples água açucarada, mas servia
se de um canudo com tanto prazer como se saboreasse o mais fino de todos os refrescos.
– Que é que ouvi, engenheiro? – disse ele, caçoando. – Que rumor acaba de chegar aos
meus ouvidos? Voltará a sua Beatriz? A sua guia através das nove esferas giratórias do Paraíso?
Bem, espero que, apesar disso, o senhor não rejeite por completo a mão amiga e orientadora de
seu Virgílio. Aqui o nosso eclesiástico lhe pode confirmar que o mundo do medio evo não é
completo enquanto falta à mística franciscana o pólo oposto do conhecimento tomista.
Todos riram de tanta erudição bem-humorada. Olharam Hans Castorp, que também se
riu e levantou o cálice de vermute à saúde do “seu Virgílio”. Parece incrível que um interminável
conflito de ideias enchesse a hora seguinte em resultado dessas palavras inofensivas, se bem que
rebuscadas, de Settembrini. Naphta, que em certo sentido se julgava provocado, passou
imediatamente ao ataque e investiu contra o poeta latino, notoriamente idolatrado pelo
humanista, que o colocava acima de Homero. Naphta, por sua vez, já demonstrara em diversas
ocasiões o maior desdém por ele como por todos os demais poetas latinos, e com presteza e
malícia aproveitou-se também dessa oportunidade para fazê-lo. Observou que da parte do grande
Dante era uma atitude parcial, muito bondosa e arraigada na época, essa de cercar de tanta
solenidade um versejador medíocre e de outorgar-lhe no seu poema um papel tão importante,
ainda que o Sr. Lodovico atribuísse a esse papel caráter demasiado maçônico. Que valor tinha,
afinal, esse cortesão laureado, bajulador da Casa Júlia, com sua retórica pomposa, mas desprovida
da menor centelha de espírito criador, esse literato de cidade grande, cuja alma, se é que possuía
uma, era indiscutivelmente de segunda mão e que de maneira alguma era poeta, mas apenas um
francês de peruca empoada em plena era de Augusto?
O Sr. Settembrini não duvidou de que o seu interlocutor soubesse encontrar meios e
caminhos para conciliar o menosprezo que sentia pela fase da mais alta civilização romana com as
suas funções de professor de latim. No entanto, pareceu-lhe necessário indicar a Naphta outra
contradição mais grave, em que o enredavam as suas opiniões; punham-no em desacordo com os
seus séculos prediletos, que não somente de forma alguma haviam desprezado Virgílio, senão
feito justiça, ingenuamente, à sua grandeza, convertendo-o num mago poderoso e sábio.
Era em vão, retrucou Naphta, que o Sr. Settembrini chamava em seu auxílio a
ingenuidade daquela época matutina, triunfante, que conservara a sua força inventiva até no
endemoniamento daquilo que vencera. Por outra parte, os doutores da jovem Igreja não se
haviam cansado de advertir os seus alunos contra as mentiras dos filósofos e poetas antigos, e
especialmente contra o perigo de serem maculados pela exuberante eloquência de Virgílio. E nos
nossos dias, quando novamente uma era se aproximava do túmulo, e mais uma vez raiava a
aurora proletária, cumpria ter compreensão dessa sua atitude! E para liquidar a questão,
acrescentou que o Sr. Lodovico podia ficar persuadido de que ele, Naphta, exercia com toda a
necessária reservatio mentalis aquela profissãozinha burguesa a que o outro tivera a bondade de
aludir. Não era sem ironia que se enquadrava num sistema de ensino clássico-retórico, ao qual
nem os maiores otimistas podiam prometer mais que alguns decênios de duração.
– Vocês, o senhor e seus amigos – exclamou Settembrini –, os têm estudado, com o suor
do seu rosto, a esses poetas e filósofos antigos. Vocês procuraram apoderar-se da sua preciosa
herança, assim como exploraram o material dos edifícios antigos para a construção das suas
igrejas. Ora, vocês sentiram claramente que não seriam capazes de produzir uma nova forma de
arte apenas com as próprias forças da sua alma proletária. Vocês esperaram derrotar a
Antiguidade com as armas dela. Isso se repetirá, sempre e sempre! O espírito matutino de vocês,
em toda a sua bronquice, terá de frequentar a escola daqueles que vocês querem desprezar e fazer
os outros desprezarem. Pois, sem cultura, vocês não poderiam existir ante os olhos da
humanidade, e não há senão uma única cultura, aquela que vocês qualificam de burguesa, e que
em realidade é humana! – O fim da educação humanística, uma questão de decênios? Somente a
polidez impedia o Sr. Settembrini de dar uma gargalhada tão despreocupada quanto zombeteira.
Uma Europa que sabia guardar os seus bens eternos passaria, com toda a calma, à ordem do dia
da razão clássica, sem se importar com os apocalipses proletários com que sonhavam certas
pessoas.
Mas era precisamente a ordem do dia, replicou Naphta sarcasticamente, o que o Sr.
Settembrini parecia ignorar. Nela se achava como problema o que o seu interlocutor preferia
tratar como fato consumado, a questão de saber se a tradição mediterrâneo-clássico-humanista
era uma causa da humanidade e por conseguinte humana e eterna, ou se não passava de uma
forma espiritual e de um acessório de uma determinada época, a época burguesa e liberalista,
morrendo com esta. À história caberia decidir essa questão, e o Sr. Settembrini faria muito bem
não se fiando muito seguramente numa sentença favorável ao seu conservantismo latino.
Chamar Settembrini, o servidor declarado do progresso, de conservador era uma
insolência particular do pequeno Naphta. Todos perceberam isso, e o humanista assim
melindrado o fez com particular amargura. Cofiando nervosamente o sinuoso bigode, preparava
o golpe de vingança. Dessa forma deixou ao adversário o tempo suficiente para novas investidas
contra o ideal de formação clássica, contra o espírito retórico-literário do ensino e da pedagogia
europeus, e contra o seu spleen gramático-formal que nada mais era senão um acessório
conservado no interesse da supremacia da classe burguesa, mas que desde havia muito parecia
ridículo ao povo. Sim, poucos se davam conta de quanto o povo se divertia com aqueles títulos
de doutor, com todo o mandarinato de formação e com a escola primária pública, esse
instrumento da ditadura da classe burguesa, que o manejava na ilusão de que cultura popular era
forma diluída da cultura erudita. O povo sabia muito bem onde encontrar aquela cultura e aquela
educação de que precisava na luta contra a burguesia caduca, e não a procurava nessas casas de
correção do ensino oficial. Já não era segredo para ninguém que o próprio tipo das nossas
escolas, tal como se desenvolveu das escolas dos conventos medievais, representava um
anacronismo, uma grotesca velharia; que ninguém, em todo o vasto mundo, devia à escola a sua
verdadeira formação, e que um ensino livre, acessível a todos, por meio de conferências públicas,
de exposições, do cinema, etc, era muitíssimo superior a qualquer ensino escolar.
O Sr. Settembrini respondeu que nessa mistura de revolução e de obscurantismo, que
Naphta acabava de oferecer aos seus ouvintes, a parte obscurantista predominava de forma
pouco apetitosa. A satisfação que se sentia ao vê-lo tão preocupado com a iluminação do povo
era diminuída pelo receio de que, na realidade, agisse nele a instintiva tendência de envolver o
povo e o mundo nas trevas do analfabetismo.
Naphta sorriu. O analfabetismo! Com isso pensava o seu interlocutor, sem dúvida, ter
pronunciado uma palavra verdadeiramente horripilante, persuadido de que todo mundo
empalideceria devidamente em face dessa cabeça de Górgona. Ele, Naphta, lamentava ter de
desapontar o seu oponente ao dizer-lhe que o pavor que os humanistas experimentavam diante
do conceito do analfabetismo simplesmente o fazia rir. Era preciso ser um literato renascentista,
um precioso, um homem do Secento, um marinista, um palhaço do estilo culto, para atribuir às artes
de ler e de escrever toda essa primazia pedagógica, a ponto de se imaginar que as trevas do
espírito reinavam onde faltasse conhecimento dessas disciplinas. Recordava-se o Sr. Settembrini
de que o maior poeta da Idade Média, Wolfram von Eschenbach, tinha sido analfabeto? Naquela
época haviam julgado vergonhoso na Alemanha enviar à escola um menino que não quisesse ser
sacerdote, e esse menosprezo aristocrático e popular pelas artes literárias fora em todos os
tempos um sinal de nobreza fundamental da alma, ao passo que o literato, esse filho genuíno do
humanismo e da burguesia, sabia, na verdade, ler e escrever, o que o fidalgo, o guerreiro e o povo
ignoravam ou sabiam apenas mal. Mas era só isso que ele sabia e entendia de todas as coisas do
mundo. Continuava sendo um doidivanas latinista que dominava a língua e abandonava a vida às
pessoas honradas. Por isso transformava a política num saco cheio de vento, isto é, cheio de
retórica e de belas-letras, o que no linguajar dos partidos se chamava radicalismo ou democracia,
etcétera, etcétera... Ao ouvir isso, o Sr. Settembrini não se conteve mais. Exclamou que era excessiva a
temeridade com que o outro exibia o seu gosto pela piedosa barbárie de certas épocas,
escarnecendo do amor à forma literária, sem a qual de fato se tornaria impossível e inimaginável a
humanidade. Sim, senhores, impossível e inimaginável! Tinha sido pronunciada a palavra
“nobreza”. Unicamente quem odiasse o gênero humano era capaz de dar esse nome à ausência
do Verbo, ao materialismo brutal e mudo. Deveras nobre era apenas um certo luxo distinto, a
generosità, que se manifestava na atitude de conceder à forma um valor humano próprio,
independente do conteúdo, o culto da oratória como arte pela arte, essa herança da civilização
greco-romana, que os humanistas, os uomini letterati, haviam devolvido pelo menos aos países
neolatinos, e que era a fonte de todo o idealismo ulterior, relacionado com o conteúdo também
do idealismo político. – Sim, senhor! – continuou Settembrini. – O que o senhor deseja envilecer,
qualificando-o como divórcio entre a língua e a vida, não é outra coisa que uma unidade superior
no diadema da beleza, e eu prevejo sem temor qual dentre os dois partidos a juventude valorosa
tomará numa luta cujas alternativas se chamam literatura ou barbárie.
continua pág 338...
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Leia também:
Capítulo II
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Como um soldado, como um valente (d)
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
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