Germinal
Émile Zola
Tradução de Francisco Bittencourt
Tradução de Francisco Bittencourt
Quarta Parte
I
Todos a interromperam com risadas. Achavam a história muito
engraçada.
— Psiu! — fez o Sr. Hennebeau, contrariado, olhando para as
janelas de onde via a estrada. — Os outros não precisam ficar sabendo que
temos convidados esta manhã.
— Pois eis uma rodela de salsichão que eles não terão — gracejou o
Sr. Grégoire.
As risadas recomeçaram, mas mais discretas. Os convivas sentiam
se à vontade nessa sala forrada de tapeçarias flamengas, mobiliada com
velhos baús de carvalho. Peças de prata brilhavam por trás dos vidros dos
armários e havia ainda um grande floreiro suspenso, de cobre vermelho,
cuja forma arredondada e polida refletia uma palmeira e uma aspidistra,
verdejando em vasos de maiólica. Lá fora estava um dia de dezembro
glacial, devido ao cortante vento do nordeste, mas nem um sopro dele
entrava na peça aquecida como uma estufa e onde flutuava o fino aroma de
um ananás em fatias, numa compoteira de cristal.
— E se fechassem as cortinas? — propôs Négrel, que se divertia
com a ideia de assustar os Grégoire.
A camareira, que ajudava o criado a servir a mesa, pensou que era
uma ordem e foi puxar uma das cortinas. Houve, desde então, intermináveis
gracejos: não pousaram mais um copo ou um garfo sem tomar precauções,
cada prato foi saudado como se fosse um salvado de um saque numa cidade
conquistada. Mas por trás dessa alegria forçada havia um medo surdo,
traído apenas por olhares involuntários à estrada, como se um bando de
famintos estivesse espiando para a mesa, através das janelas.
Depois dos ovos trufados foram servidas trutas de rio.
A conversação era agora sobre a crise, industrial que se agravava
havia dezoito meses.
— Era fatal — disse Deneulin. — A prosperidade dos últimos anos
tinha que nos levar a isto... Pensem um pouco nos enormes capitais
imobilizados em vias férreas, em portos e canais, em todo esse dinheiro
enterrado nas mais loucas especulações. Só aqui, nesta região, foram
instaladas refinarias de açúcar como se o departamento tivesse de dar três
colheitas de beterraba. E agora aí está o resultado! O dinheiro desapareceu,
tem-se que esperar receber os juros dos milhões empatados. Daí o
estrangulamento mortal da economia e a estagnação final dos negócios.
O Sr. Hennebeau combateu essa teoria, mas conveio que os anos
felizes tinham estragado o operário.
— Quando penso — exclamou ele — que esses latagões das nossas
minas podiam fazer até seis francos diários, o dobro do que ganham agora...
E viviam bem, adquiriram hábitos de luxo... Hoje, naturalmente, parece
lhes duro ter de voltar à frugalidade antiga.
— Sr. Grégoire — interrompeu a dona da casa —, faça o favor,
sirva-se de mais um pouco de truta. Estão boas, não acha?
O diretor continuou:
— Tudo isso será culpa nossa? Nós também somos atingidos, e bem
cruelmente... Desde que as fábricas começaram a fechar, uma a uma,
tivemos uma trabalheira dos diabos para dar saída aos nossos estoques. E,
diante da crescente redução de pedidos, vemo-nos forçados a baixar o preço
básico. E é isso que os operários não querem compreender.
Houve um silêncio. O criado apresentou perdizes assadas, enquanto
a camareira começava a servir vinho de Chambertin aos convivas.
— Houve fome na Índia — continuou Deneulin a meia voz, como
se estivesse falando consigo mesmo. — A América, suspendendo seus
pedidos de ferro e de fundição, deu um rude golpe nos nossos altos-fornos.
Tudo se encadeia, uma sacudidela longínqua é suficiente para abalar o
mundo... E dizer que o império estava tão orgulhoso dessa febre industrial!
Atirou-se à sua asa de perdiz. Depois, elevando a voz:
— O pior é que, para baixar o preço básico, devia-se, logicamente,
produzir mais; de outra forma, a baixa só atinge os salários, e o operário
tem razão de dizer que é ele que paga com a crise.
Esta confissão, resultado da sua franqueza, foi motivo de discussão.
As senhoras começaram a entediar-se. Por outro lado, cada um se ocupava
do seu prato, no entusiasmo do primeiro apetite. O criado entrou e ia dizer
alguma coisa, mas hesitou.
— Que é? — perguntou o Sr. Hennebeau. — Se são mensagens,
pode entregar-me. Estou esperando algumas respostas.
— Não, senhor. É o Sr. Dansaert que está no vestíbulo, mas ele não
quer incomodar.
O diretor desculpou-se e mandou entrar o capataz. Este ficou em pé,
a poucos passos da mesa. Todos se voltaram para olhá-lo, enorme, sem
fôlego, cheio de novidades. Os conjuntos habitacionais continuavam
tranquilos, mas já estava decidido que viria uma delegação. Talvez já
estivesse a caminho...
— Está bem. Obrigado — disse o Sr. Hennebeau, — Preste atenção:
quero um relatório de manhã e outro à noite.
Assim que Dansaert partiu, voltaram aos gracejos; atiraram-se à
salada russa declarando que era preciso não perder um segundo se queriam
dar cabo dela. Desse momento em diante a alegria recrudesceu. Tendo
Négrel pedido pão à camareira, esta lhe respondeu com um "sim, senhor"
tão baixo e tão aterrorizado que parecia ter atrás de si uma turba pronta para
o massacre e a violação. A dona da casa disse-lhe então, com muita graça:
— Você pode falar, eles ainda não chegaram.
O diretor, a quem acabavam de entregar um maço de cartas e
telegramas, quis ler alto uma das cartas. Era de Pierron. Dizia ele, em
termos respeitosos, que se via obrigado a entrar em greve com os camaradas
para não ser maltratado; e acrescentava que nem mesmo pudera recusar-se a
fazer parte da delegação, mas estava em desacordo com essa gestão.
— Aí está a famosa liberdade de trabalho! — exclamou o Sr.
Hennebeau.
Voltaram então à greve e pediram sua opinião.
— Bem... — respondeu ele. — Já tivemos outras, não é mesmo?
Será uma semana, no máximo uma quinzena de vagabundagem,
como da última vez. Vão percorrer as tabernas e depois, quando a fome
apertar, voltarão ao trabalho.
Deneulin balançou a cabeça.
— Eu não estou tão tranquilo... Desta vez eles parecem mais bem
organizados. Têm até uma caixa de previdência, não é isso?
— Sim, com apenas uns três mil francos... Que poderão fazer com
uma ninharia dessas? Desconfio que o chefe deles é um tal de Etienne
Lantier. É bom operário, não gostaria de ter de despedi-lo como fiz da vez
passada com o famoso Rasseneur, que continua a empestar a Voreux com
suas ideias e sua cerveja... Mas tudo isso não tem importância, dentro de
oito dias a metade dos mineiros voltará ao trabalho, e dentro de quinze os
dez mil estarão novamente no fundo da mina.
Estava convencido do que dizia. Sua única inquietação vinha do
temor de cair em desgraça se a administração lhe imputasse a
responsabilidade pela greve. Há já algum tempo sentia que não era visto
com bons olhos. Por isso, abandonando a colherada de salada russa de que
se servira, relia os telegramas de Paris, respostas em que ele procurava
penetrar o sentido de cada palavra. Os outros compreendiam sua atitude, o
almoço transformara-se em refeição de campanha, comida num campo de
batalha, antes dos primeiros tiros.
A partir desse momentos as senhoras tomaram parte na conversa. A
Sra. Grégoire apiedava-se daquela pobre gente que ia passar fome; Cécile já
planejava a distribuição de pão e carne aos necessitados.
A Sra. Hennebeau, no entanto, espantava-se ouvindo falar da
miséria dos mineiros de Montsou. Então eles não eram felizes? Gente que
tinha casa, carvão e cuidados médicos, tudo à custa da companhia! Na sua
indiferença por aquele rebanho, ela só sabia sobre ele a lição aprendida,
com que maravilhava os parisienses de visita; e, tendo acabado por
acreditar no que recitava, indignava-se com a ingratidão daquela gente.
Durante todo esse tempo, Négrel continuara assustando o Sr.
Grégoire. Cécile não lhe desagradava e chegaria mesmo a casar com ela,
para ser agradável à sua tia. Mas não estava apaixonado, isso não; era um
rapaz experiente, já calejado, como ele dizia. Proclamava-se republicano, o
que não o impedia de tratar seus operários com extremo rigor, e de fazer
brincadeiras a respeito deles com as senhoras.
— Eu também não tenho o otimismo do meu tio — disse ele. —
Receio graves desordens... Assim, Sr. Grégoire, aconselho-o a fechar a
Piolaine a sete chaves. Podem saqueá-la...
Mas justamente o Sr. Grégoire, sem abandonar o sorriso que
iluminava seu rosto bondoso, ia mais longe que a esposa nos sentimentos
paternais pelos mineiros.
— Saquear a mim! — exclamou ele estupefato. — E por quê?
— O senhor não é acionista de Montsou? O senhor não faz nada,
vive do trabalho dos outros... Enfim, o senhor é o infame capitalista, e isso
basta. Esteja certo, se a revolução triunfasse, ela o forçaria a devolver sua
fortuna, como dinheiro roubado...
Isso bastou para que o velho perdesse a serenidade, a tranqüilidade
infantil em que vivia. Balbuciou:
— Dinheiro roubado, a minha fortuna! Então o meu bisavô não
ganhou com o suor do seu rosto a soma que ele mesmo colocou na mina?
Então não corremos todos juntos os riscos da empresa? Acaso estou eu
fazendo uso indébito das minhas rendas?
A Sra. Hennebeau, alarmada ao ver mãe e filha pálidas de medo,
apressou-se em intervir, dizendo:
— Paul está brincando, meu bom amigo.
Mas o Sr. Grégoire estava fora de si. Tendo-lhe o criado oferecido
lagostins, tirou três sem saber mais o que fazia, e pôs-se a quebrar as patas
com os dentes.
— Não digo que não, há acionistas que abusam. Contaram-me, por
exemplo, que certos ministros receberam dinheiro de Montsou por baixo da
mesa, em retribuição por serviços prestados à companhia. É o caso desse
grande senhor, de quem não direi o nome, um duque, o maior acionista que
temos, cuja vida é um escândalo de prodigalidade, milhões atirados à rua
com mulheres, em estroinice, em luxo inútil. Nós não, vivemos dignamente,
como boa gente que somos! Não especulamos, contentamo-nos numa vida
austera com o que temos, repartindo sempre com os pobres... Ora, vamos!
Seria preciso que os seus operários fossem uns grandes bandidos para nos
roubar sequer um alfinete!
O próprio Négrel teve de acalmá-lo, apesar de estar se divertindo
com a cólera do velho. Os lagostins continuavam a passar, ouviam-se os
estalidos das cascas enquanto a conversa girava para o terreno da política.
Apesar de tudo, ainda muito alterado, o Sr. Grégoire proclamava-se liberal e
sentia falta de Luís Filipe. Deneulin era por um governo forte, dizia que o
imperador escorregava pelo declive das concessões perigosas.
— Lembrem-se de 89! — disse ele. — Foi a nobreza que tornou
possível a Revolução, com sua cumplicidade, com o seu gosto pelas
novidades filosóficas... Pois bem, hoje, a burguesia faz o mesmo jogo
imbecil, com seu furor de liberalismo, a sua ânsia destruidora e as
bajulações ao povo... Sim, sim, são vocês que estão afiando os dentes do
monstro para que ele nos devore. E fiquem tranquilos, ele vai devorar-nos!
As senhoras fizeram-no calar e tentaram mudar de conversa
perguntando-lhe pelas filhas. Lucie estava em Marchiennes, cantando com
uma amiga; Jeanne pintava um quadro do rosto de um velho mendigo.
Disse tudo isso com ar absorto, sem tirar os olhos do diretor que lia sua
correspondência, esquecido dos seus convidados. Por trás daquelas folhas
finas ele procurava captar Paris, as ordens dos administradores, que
decidiriam a respeito da greve. Mas Deneulin não pôde deixar de voltar ao
tema que o preocupava.
— Então, que tenciona fazer? — perguntou ele repentinamente.
Hennebeau estremeceu e desconversou com uma frase vaga:
— Ainda vamos ver.
— Claro, vocês podem esperar, têm infraestrutura — pôs-se a
pensar alto Deneulin. — Mas eu estou perdido se a greve atingir Vandame.
Gastei tudo reinstalando Jean-Bart e agora só sobreviverei com essa galeria
única se produzir sem parar. Como veem, não posso ficar sentado
esperando...
Essa confissão involuntária pareceu impressionar o Sr. Hennebeau.
Enquanto escutava, um plano foi-se formando em sua cabeça: no caso de a
greve trazer maus resultados, por que não a utilizar, deixando as coisas
correrem até a ruína do vizinho, e depois comprar sua concessão por um
preço baixo? Este era o método mais certo para voltar às boas graças dos
administradores, que, havia muitos anos, sonhavam com a posse de
Vandame.
— Se a Jean-Bart o preocupa dessa maneira — disse ele rindo —,
por que não a passa adiante?
Mas Deneulin, que já se arrependia da involuntária confissão,
exclamou:
— Isso nunca!
Todos riram da sua violência, e a greve foi finalmente esquecida no
momento em que a sobremesa surgiu. A compota de maçãs coberta de
merengue foi muito elogiada. Em seguida as senhoras discutiram uma
receita, a propósito do ananás, que foi declarado igualmente delicioso. As
frutas, uvas e peras, foram o fecho de ouro daquele opulento almoço, que
resultou num cansaço feliz. Todos falavam a um tempo, alegres e
comovidos, enquanto o empregado servia vinho do Reno em substituição ao
champanha, que foi julgado comum.
E o casamento de Paul e Cécile deu, por certo, um sério passo no
ambiente simpático da sobremesa. Sua tia lançara-lhe olhares tão
expressivos, que o rapaz mostrou-se amável, reconquistando com seu modo
carinhoso os Grégoire apavorados com as suas histórias de pilhagem. Por
um instante, o Sr. Hennebeau, ante o perfeito entendimento reinante entre
sua mulher e sobrinho, sentiu ressurgir a abominável suspeita, como se
tivesse surpreendido um contato carnal nos olhares trocados pelos dois. Mas
o plano do casamento desenvolvido ali, diante dos seus olhos, tranquilizou
o mais uma vez.
Hippolyte servia o café, quando a camareira entrou em pânico.
— Sr. Hennebeau, Sr. Hennebeau, eles chegaram!
Eram os delegados. Portas bateram, ouviu-se passar um sopro de
pavor através dos aposentos circundantes.
— Faça-os entrar para o salão — disse o diretor.
Em volta da mesa, os convivas olharam-se, inquietos e vacilantes.
Reinou silêncio por um momento. Em seguida, quiseram voltar às
brincadeiras: fingiram colocar o resto do açúcar nos bolsos, falaram em
esconder os talheres. Mas o diretor permanecia pensativo e os risos
pararam, começaram a cochichar enquanto os passos pesados dos delegados
entrando no salão ao lado esmagavam o tapete.
Baixando a voz, a Sra. Hennebeau disse ao marido:
— Você vai primeiro beber o seu café, não vai?
— Claro! — respondeu o homem. — Eles que esperem...
Estava nervoso, queria ouvir todos os ruídos, fingindo-se ocupado
apenas com sua xícara.
Paul e Cécile levantaram-se; ele fez a moça olhar pelo buraco da
fechadura e ambos começaram a sufocar risadas e a falar em voz baixa.
— Pode vê-los?
— Sim, vejo um gordo e dois menores atrás.
— E são monstruosos, não é isso?
— Não, não, são muito simpáticos...
Repentinamente o Sr. Hennebeau levantou-se, dizendo que o café
estava muito quente e que depois o beberia. Ao sair pôs um dedo sobre os
lábios, recomendando prudência. Todos tinham tornado a sentar-se, e
ficaram à mesa, mudos, sem ousarem mover-se, de ouvido à escuta,
procurando captar o que se dizia no salão, cheios de mal-estar com aquelas
vozes grossas.
continua na página 184...
____________________
Quarta Parte - (I.b)
____________________
O pai de Zola tinha 44 anos quando conheceu Émilie-Aurélie Aubert, numa de suas viagens a Paris. Apesar da grande diferença de idade — a moça não chegara aos vinte anos —, acabaram casando — se. O resultado dessa união foi Émile Zola, nascido em 12 de abril de 1840, durante uma estada do casal em Paris. O menino mal conheceu o pai: em 1847, François faleceu.
As coisas ficaram difíceis. Sozinha e com grandes esforços, a mãe procurou equilibrar o orçamento doméstico e fazer que o filho estudasse. De certa forma, ela teve sucesso: Zola foi aluno do Colégio Notre-Dame e do Colégio de Aix. Quando o rapaz atingiu a maioridade, partiu com Émilie para Paris e, graças a um amigo da família, conseguiu um emprego na Alfândega.
Em dezembro de 1859, concluía sua primeira obra em prosa, Les Grisettes de Provence (As Costureirinhas de Provença). Continuava, porém, desconhecido e insatisfeito. Ele mesmo costumava dizer: "Ser sempre desconhecido é chegar a duvidar de si; nada engrandece os pensamentos de um autor como o sucesso".
Assim, no início de 1866, deixou o emprego para dedicar-se à literatura.
Abandonou o romantismo de seus anos de adolescência e passou a admirar outros autores: Balzac (1799-1850), Stendhal (1783-1842), Flaubert (1821-1880). Essa guinada para o realismo devia-se principalmente às suas últimas leituras: das teorias evolucionistas de Darwin (1809-1882) até o Tratado da Hereditariedade Natural do Dr. Lucas, passando pela Filosofia da Arte de Taine (1328-1893). No entanto, o que parece tê-lo feito decidir-se pelo realismo foi a Introdução ao Estudo da Medicina Experimental (1865), de Claude Bernard (1813-1878). Essa obra foi importante para o rumo que Zola imprimiria a toda a sua obra: o rigor científico no romance, cujo objetivo, diria ele, é o mesmo das experiências de laboratório, isto é, o conhecimento da realidade. O que Claude Bernard havia feito com o corpo humano Zola faria com as paixões e os meios sociais.
Para fazer Germinal, Zola não se satisfez com a simples busca de documentos. Foi passar alguns meses numa região mineira. Morou em cortiços, bebeu cerveja e genebra nos botequins e desceu ao fundo dos poços para observar de perto o trabalho dos operários. Aos poucos foi se familiarizando com o meio onde viviam aqueles homens. Descobriu quais as principais doenças causadas pela mineração. Sentiu o problema dos baixos salários, os sacrifícios dos mineiros, a gota que cai com uma regularidade incrível sobre seus rostos, a dificuldade de empurrar um vagonete por um corredor estreito, o drama do salto na escuridão que eles têm de dar para poderem sobreviver. Numa passagem admirável, descreve a emoção de uma greve de operários. Mostra seu ódio animal. Um ódio que destrói tudo à sua passagem. Uma violência viva nos corpos que querem libertar-se, mesmo à custa da total destruição. Mostra também o amor feito sobre o carvão, os pequenos dramas das dívidas, as brigas no cortiço, a promiscuidade de pais e filhos em casas muito pequenas. A obra obteve enorme repercussão.
Em 29 de setembro de 1901, em Paris, Émile Zola morre asfixiado pelo gás do aquecedor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário