Moby Dick
Herman Melville32 - Cetologia
continuando...
I. A BALEIA IN-FÓLIO; II. A BALEIA IN-OCTAVO; III. A BALEIA IN-DUODECIMO.
Começa o LIVRO III. (In-duodecimo)
IN-DUODECIMOS. – Abrange as baleias menores. I. A Marsopa Hurra. II. A Marsopa
Argelina. III. A Marsopa Boca-de-Farinha.
Para aqueles que ainda não estudaram o assunto, pode parecer estranho que
peixes que não medem mais do que quatro ou cinco pés sejam colocados juntos
com as BALEIAS, uma palavra que, no senso comum, sempre dá uma ideia de
grandeza. Mas as criaturas descritas abaixo como In-duodecimos sem dúvida
nenhuma são baleias, pelos termos da minha definição de baleia, – ou seja, um
peixe que solta um jato de água e que tem uma cauda horizontal.
LIVRO III. (In-duodecimo), CAPÍTULO I. (Marsopa Hurra). – Esta é a marsopa comum
encontrada em quase todas as partes do globo. O nome fui eu quem lhe dei,
porque há mais de um tipo de marsopa, e algo deve ser feito para distingui-las.
Dei-lhe este nome porque sempre nadam em cardumes alegres, que no mar
aberto ficam se jogando para o céu como os chapéus das multidões do 4 de Julho.
Sua aparição é geralmente saudada com alegria pelo marujo. Muito bem
humoradas, vêm invariavelmente das ondas alegres de barlavento. Elas são os
jovens que vivem ao sabor do vento. São consideradas um bom agouro. Se você
não conseguir dar três vivas ao ver esses peixes tão animados, que os céus o
ajudem: o espírito piedoso da santa alegria não está em você. Uma marsopa hurra
rechonchuda, bem alimentada, lhe renderá um bom galão de óleo. Mas o fluido
delicado e excelente extraído de sua mandíbula é extremamente valioso. É
solicitado por joalheiros e relojoeiros. Os marinheiros o usam nas pedras de
amolar. A carne da marsopa é boa comida, você sabe. Pode ser que nunca lhe
tenha ocorrido que uma marsopa lança jatos de água. Na verdade, seu jato é tão
pequeno que mal se vê. Mas na próxima oportunidade observe bem uma
marsopa; você verá que se trata de um cachalote em miniatura.
LIVRO III. (In-duodecimo), CAPÍTULO II. (Marsopa Argelina). – Uma pirata. Muito
selvagem. Creio que só pode ser encontrada no Pacífico. É um pouco maior do
que a Marsopa hurra, mas quase que saída da mesma forma. Provoque-a, e ela se
transforma num tubarão. Desci várias vezes ao mar para caçá-la, mas ainda nunca
a vi capturada.
LIVRO III. (In-duodecimo), CAPÍTULO III. (Marsopa Boca-de-Farinha). – O maior tipo
de marsopa e só é encontrada no Pacífico, até onde se sabe. O único nome em
inglês pelo qual foi designada até agora é o que lhe deram os pescadores – Right
Whale Porpoise, pois se encontra geralmente nas imediações daquele in-fólio. Seu
formato difere um pouco da marsopa hurra, tendo uma circunferência menos
redonda e volumosa; de fato, tem um aspecto bastante alinhado e elegante. Não
tem barbatanas no dorso (ao contrário da maior parte das marsopas), tem uma
cauda muito bonita e sentimentais olhos das Índias da cor da avelã. Mas sua boca
de-farinha estraga tudo. Embora o dorso seja inteiramente negro até as
barbatanas laterais, ela possui uma linha divisória, nítida como a marca no casco
do navio, chamada de “cintura brilhante”, que a risca de popa a proa, com duas
cores diferentes, preto em cima e branco em baixo. O branco compreende parte
da cabeça e toda a boca, o que faz com que ela pareça ter acabado de fugir de
uma visita ilícita a um saco de farinha. Uma aparência malvada e farinácea! Seu
óleo é muito parecido com o da marsopa comum.
*****
Além do in-duodecimo esse sistema não pode ir, visto que a marsopa é a menor
das baleias. Acima, estão todos os Leviatãs importantes. Mas há uma ralé de
baleias incertas, fugitivas e semiprodigiosas que, na qualidade de baleeiro norte
americano, conheço de renome, mas não pessoalmente. Vou enumerá-las com os
nomes pelos quais são conhecidas nas conversas de marinheiros; porque talvez
esta lista tenha valor para futuros investigadores, que completarão o que comecei.
Se alguma das seguintes baleias for capturada e examinada, poderá ser
incorporada facilmente a este sistema, conforme seu tamanho de in-fólio, in
octavo ou in-duodecimo: – baleia de nariz de garrafa; baleia junco; baleia cabeça
de pudim; baleia do cabo; baleia guia; baleia canhão; baleia magricela, baleia de
cobre; baleia elefante; baleia iceberg; baleia molusca, baleia azul; etc. Extraídas
de autoridades da Islândia, Holanda e Inglaterra, podem-se citar outras listas
duvidosas de baleias, batizadas com todo tipo de nomes estranhos. Mas eu os
omito como obsoletos; e mal consigo afastar a suspeita de que sejam apenas sons,
repletos de Leviatanismo, mas sem significado. Por fim: declarei no início que este sistema não ficaria aqui, de imediato,
completo. Você pode ver com clareza que cumpri com minha palavra. Mas deixo
agora meu Sistema cetológico incompleto, como aconteceu com a grande
Catedral de Colônia, com a grua ainda visível no topo da torre inconclusa. Pois as
pequenas construções podem ser completadas por seus primeiros arquitetos; as
grandes, as verdadeiras sempre deixam o último toque para a posteridade. Deus
me livre de um dia completar algo. Este livro todo é apenas um esboço – não!
Apenas o esboço de um esboço. Oh, Tempo, Energia, Dinheiro e Paciência!
Continua na página 142...
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Leia também:
Moby Dick: Etimologia, Excertos, Citações
Moby Dick: 1 - Miragens
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Leia também:
Moby Dick: Etimologia, Excertos, Citações
Moby Dick: 1 - Miragens
Moby Dick: 32 - Cetologia (d)
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O romance foi inspirado no naufrágio do navio Essex, comandado pelo capitão George Pollard, que perseguiu teimosamente uma baleia e ao tentar destruí-la, afundou. Outra fonte de inspiração foi o cachalote albino Mocha Dick, supostamente morta na década de 1830 ao largo da ilha chilena de Mocha, que se defendia dos navios que a perturbavam.
A obra foi inicialmente mal recebida pelos críticos, assim como pelo público por ser a visão unicamente destrutiva do ser humano contra os seres marinhos. O sabor da amarga aventura e o quanto o homem pode ser mortal por razões tolas como o instinto animal, sendo capaz de criar seus fantasmas justamente por sua pretensão e soberba, pode valer a leitura.
Moby Dick é um romance do escritor estadunidense Herman Melville, sobre um cachalote (grande animal marinho) de cor branca que foi perseguido, e mesmo ferido várias vezes por baleeiros, conseguiu se defender e destruí-los, nas aventuras narradas pelo marinheiro Ishmael junto com o Capitão Ahab e o primeiro imediato Starbuck a bordo do baleeiro Pequod. Originalmente foi publicado em três fascículos com o título "Moby-Dick, A Baleia" em Londres e em Nova York em 1851,
O livro foi revolucionário para a época, com descrições intrincadas e imaginativas do personagem-narrador, suas reflexões pessoais e grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de caça a elas, arpões, a cor do animal, detalhes sobre as embarcações, funcionamentos e armazenamento de produtos extraídos das baleias.O romance foi inspirado no naufrágio do navio Essex, comandado pelo capitão George Pollard, que perseguiu teimosamente uma baleia e ao tentar destruí-la, afundou. Outra fonte de inspiração foi o cachalote albino Mocha Dick, supostamente morta na década de 1830 ao largo da ilha chilena de Mocha, que se defendia dos navios que a perturbavam.
A obra foi inicialmente mal recebida pelos críticos, assim como pelo público por ser a visão unicamente destrutiva do ser humano contra os seres marinhos. O sabor da amarga aventura e o quanto o homem pode ser mortal por razões tolas como o instinto animal, sendo capaz de criar seus fantasmas justamente por sua pretensão e soberba, pode valer a leitura.
E você com o quê se identifica?
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