quinta-feira, 22 de junho de 2023

Marcel Proust - No Caminho de Swann (Eu não desviava - d)

em busca do tempo perdido

volume I
No Caminho de Swann


ao senhor gaston calmette
como um testemunho de profundo e afetuoso reconhecimento[1]
— marcel proust



combray


I(d) 

Eu não desviava os olhos de minha mãe; sabia que, quando estivessem à mesa, não me seria permitido ficar até o fim da refeição, e que, para não contrariar meu pai, mamãe não me deixaria beijá-la várias vezes diante dos outros, como se fosse em meu quarto. De modo que me prometia a mim mesmo, quando começassem a jantar e eu visse aproximar-se a hora, tirar antecipadamente daquele beijo, que seria tão breve e furtivo, tudo o que eu lhe pudesse tirar sozinho: escolher com o olhar o ponto da face que beijaria, preparar o pensamento para que pudesse, graças a esse começo mental de beijo, consagrar todo o minuto que mamãe me concederia a sentir sua face contra meus lábios, como um pintor que só pode obter curtas sessões de pose, prepara a palheta e faz de memória, antecipadamente, tudo aquilo para o qual pode em rigor prescindir do modelo. Mas eis que, antes de tocarem a sineta para o jantar, meu avô teve a ferocidade inconsciente de dizer: “O pequeno parece cansado; deveria ir deitar-se. E, depois, jantamos tarde hoje”. E meu pai, que não guardava a fé dos tratados tão escrupulosamente quanto minha avó e minha mãe, disse: “Sim. Anda, vai deitar-te”. Eu quis beijar mamãe; nesse instante ouviu-se a sineta do jantar. “Não, não, deixa a tua mãe em paz, vocês já se despediram bastante, essas demonstrações são ridículas. Anda, sobe!” E eu tive de partir sem viático; tive de subir cada degrau “contra o coração”, como se diz, subindo contra o meu coração, que desejava voltar para junto de minha mãe porque ela não lhe tinha dado, com um beijo, licença de me acompanhar. Essa escadaria detestada, que eu sempre subia tão tristemente, exalava um cheiro de verniz que havia de certo modo absorvido e fixado aquela espécie particular de mágoa que eu sentia cada noite e tornava-a talvez ainda mais cruel para minha sensibilidade, porque, sob essa forma olfativa, minha inteligência não mais podia tomar parte nela. Quando estamos dormindo e uma dor de dentes só se apresenta de início, a nossa percepção, como uma rapariga que nos esforçamos duzentas vezes seguidas por tirar da água ou como um verso de Molière que repetimos sem cessar, é um grande alívio despertarmos, para que nossa inteligência possa enfim desembaraçar a ideia de dor de dentes de qualquer disfarce heroico ou ritmado. Era o inverso desse alívio o que eu sentia quando minha dor de subir para o quarto penetrava em mim de modo infinitamente mais rápido, quase instantâneo, ao mesmo tempo insidioso e brusco, pela inalação — muito mais tóxica que a penetração moral — do cheiro de verniz peculiar àquela escada. Lá em meu quarto, tive de fechar todas as saídas, cerrar os postigos, cavar meu próprio túmulo enquanto virava as cobertas, vestir o sudário de minha camisa de dormir. Mas antes de sepultarme no leito de ferro que haviam posto no quarto porque me davam muito calor no verão os cortinados de repes do leito grande, veio-me um impulso de revolta e resolvi tentar um ardil de condenado. Escrevi a minha mãe, suplicando-lhe que subisse, para um assunto grave que eu não podia dizer-lhe em minha carta. Todo o meu receio era que Françoise, a cozinheira de minha tia encarregada de cuidar de mim quando eu estava em Combray, se recusasse a levar meu bilhete. [1] Suspeitava que, para ela, dar um recado a minha mãe quando havia gente de fora pareceria uma coisa tão impossível como, para o porteiro de um teatro, entregar uma carta a um ator que estivesse em cena. Possuía ela, para julgar as coisas que se devem ou não se devem fazer, um código imperioso, abundante, sutil e intransigente, com distinções imperceptíveis ou ociosas (o que lhe dava a aparência dessas leis antigas que, a par de prescrições ferozes como o massacre de crianças de peito, proíbem, com exagerada delicadeza, que se cozinhe o cabrito no leite de sua própria mãe ou que se coma o tendão de algum animal[2]). Esse código, a julgar pela repentina obstinação com que ela se negava a desempenhar certas incumbências que lhe dávamos, parecia ter previsto complexidades sociais e refinamentos mundanos de tal natureza que nada, no ambiente de Françoise e em sua vida de criada de aldeia, lhe poderia ter sugerido; e éramos obrigados a acreditar que havia nela um passado francês muito antigo, nobre e mal compreendido, como nessas cidades manufatureiras onde velhos palácios testemunham que houve outrora uma vida de corte, e onde os operários de uma fábrica de produtos químicos trabalham no meio de delicadas esculturas que representam o milagre de são Teófilo ou os quatro filhos de Aymon.[3] Naquele meu caso particular, o artigo do código segundo o qual era muito pouco provável que Françoise, salvo em caso de incêndio, fosse perturbar mamãe na presença do sr. Swann, por causa de uma personagem tão insignificante quanto eu, exprimia simplesmente a reverência que ela dedicava não somente aos pais — como aos mortos, aos sacerdotes e aos reis —, mas também ao estranho a quem se dá hospitalidade, reverência que talvez me impressionasse em um livro, mas que sempre me irritava em sua boca, em vista do tom grave e enternecido que ela tomava para aludir a isso, e muito mais naquela noite em que o caráter sagrado que atribuía à ceia concorreria para que se negasse a perturbar a cerimônia. Mas para conseguir uma probabilidade em meu favor, não hesitei em mentir, dizendo que não era a mim que havia ocorrido escrever a mamãe, mas que fora mamãe que me recomendara, ao nos separarmos, que não me esquecesse de lhe mandar uma resposta relativa a certo objeto que me pedira para procurar; e que ela decerto ficaria muito aborrecida se não lhe entregassem meu bilhete. Penso que Françoise não me acreditou, pois, tal como os homens primitivos, cujos sentidos eram mais agudos que os nossos, ela discernia imediatamente, por sinais imperceptíveis para nós, toda verdade que pretendêssemos ocultar-lhe; contemplou durante cinco minutos o envelope, como se o exame do papel e o aspecto da letra fossem informá-la da natureza do conteúdo ou indicar-lhe a que artigo de seu código deveria ela reportar-se. Depois saiu com um ar resignado que parecia significar: “Que desgraça para os pais terem um filho assim!”. Passado um momento, voltou para me dizer que ainda estavam nos gelados e que o mordomo não podia entregar a carta naquele momento, diante de todo mundo, mas que, quando chegassem aos rince-bouches, trataria de entregá-la a mamãe. Logo decaiu minha ansiedade; agora já não era como ainda há pouco, quando havia me separado de mamãe até o dia seguinte, pois meu bilhete, que decerto a deixaria zangada (e duplamente, porque tal manejo me tornaria ridículo perante Swann), ao menos ia fazer-me penetrar, invisível e encantado, na mesma peça em que ela estava, ia falar-lhe de mim ao ouvido; visto que aquela sala de jantar, proibida, hostil, onde, fazia apenas um instante, o próprio sorvete — o granité — e os rince-bouches me pareciam encobrir prazeres malignos e mortalmente tristes porque mamãe os experimentava longe de mim, agora se abria para mim e, como um fruto maduro que rebenta a sua casca, fazia jorrar e expandir-se, até meu coração inebriado, a atenção de mamãe, enquanto ela lesse minhas linhas. Agora já não estava separado dela; as barreiras haviam tombado e nos unia a ambos um delicioso fio. E ainda não era tudo: mamãe sem dúvida iria subir!

Julgava que Swann zombaria da angústia que eu acabava de experimentar, se acaso tivesse lido minha carta e adivinhado sua finalidade; ora, pelo contrário, como vim a saber mais tarde, uma angústia semelhante à minha foi o tormento de longos anos de sua vida, e talvez ninguém pudesse compreender-me melhor do que ele;[4] essa angústia que há em sentir a criatura a quem se ama em um lugar de festa onde a gente não está e aonde não pode ir vê-la, foi o amor que lhe deu a conhecer, o amor ao qual está de certo modo predestinada e que ele termina por açambarcar e singularizar; mas quando, como em meu caso, essa angústia nos penetra antes que o amor haja feito seu aparecimento em nossa vida, fica ela flutuando à sua espera, sem atribuição determinada, hoje a serviço de um sentimento, amanhã de outro, ou da ternura filial, ou da amizade a um camarada. E a alegria com que fiz meu primeiro aprendizado quando Françoise voltou para dizer que minha carta seria entregue, Swann a conhecia muito bem: enganosa alegria que nos dá algum amigo, algum parente da mulher que amamos, quando, ao chegar a casa ou teatro em que ela se acha, para o baile, ou festa, ou estreia, aonde irá encontrá-la, descobre-nos a errar ali por fora, na desesperada espera de uma ocasião de nos comunicarmos com ela. Ele nos reconhece, aborda-nos familiarmente, pergunta-nos o que estamos fazendo ali. E, como inventamos ter alguma coisa de urgente para dizer a sua parenta ou amiga, assegura-nos que não há nada mais simples e faz-nos entrar no vestíbulo, prometendo que dentro de cinco minutos irá mandá-la ao nosso encontro. Quanto lhe queremos — como naquele momento eu queria a Françoise —, a esse intermediário bemintencionado que, com uma palavra, acaba de nos tornar suportável, humana e quase propícia a festa inconcebível, infernal, no seio da qual julgávamos que turbilhões de inimigos, perversos e deliciosos, arrastavam para longe de nós, fazendo-a rir de nós, aquela a quem amamos! A julgar por ele, pelo parente que nos falou e que é também um dos iniciados dos cruéis mistérios, os outros convivas da festa não devem ter nada de muito demoníaco. Aquelas horas inacessíveis e supliciantes em que ela ia gozar de prazeres desconhecidos, eis que por uma inesperada brecha lhes penetramos; eis que um dos momentos cuja sucessão as teria composto, um momento tão real quanto os outros, talvez até mais importante para nós, porque nossa amada tem maior participação nele, nós agora o visualizamos, o possuímos, o dominamos e é quase como se o tivéssemos criado: o momento em que vão lhe dizer que estamos ali embaixo, esperando. E sem dúvida os outros momentos da festa não deviam ser de essência muito diferente daquele, não deviam ter nada de mais delicioso e que tanto nos fizesse sofrer, visto que o benévolo amigo nos dissera: “Mas não, ela ficará encantada de descer! Há de sentir muito mais gosto em conversar aqui com você do que em aborrecer-se lá em cima!”. Mas ai! Swann tivera experiência disso, as boas intenções de um terceiro não têm poder nenhum sobre uma mulher que se irrita ao sentir-se perseguida, até em uma festa, por alguém a quem não ama. Muitas vezes, o amigo desce sozinho.

Minha mãe não subiu e, sem consideração alguma para com meu amor-próprio (empenhado em que não fosse desmentida a história do que ela estaria esperando de minha parte a propósito de um suposto pedido seu), mandou Françoise dizer-me estas palavras: “Não tem resposta”, e que depois tantas vezes ouvi porteiros de “palaces” ou clubes transmitirem a alguma pobre rapariga que se espanta: “Mas como! Ele não disse nada? Impossível! Pois o senhor não lhe entregou minha carta? Está bem, vou esperar mais um pouco”. E — da mesma forma que ela assegura invariavelmente não ter necessidade da luz suplementar que o porteiro pretende acender em honra sua, e ali se deixa ficar, sem ouvir mais que as poucas frases sobre o tempo, trocadas entre um servente e o porteiro, que, ao aperceber-se da hora, manda-o repentinamente botar no gelo a bebida de algum freguês — assim eu, declinando os oferecimentos de Françoise para me preparar alguma tisana ou para ficar comigo, deixei-a voltar para a copa, deiteime e fechei os olhos, tratando de não ouvir as vozes de minha família, que tomava café no jardim. Mas, passados alguns segundos, senti que, ao escrever a mamãe, ao achegarme, com o risco de zangá-la, tão junto dela que já pensava atingir o momento de a rever, perdera assim toda possibilidade de dormir antes que realmente a visse, e as batidas de meu coração se tornavam mais dolorosas de minuto a minuto, porque eu aumentava minha própria inquietude, impondo-me uma calma que era a aceitação de meu infortúnio. De repente, minha ansiedade declinou e senti-me invadido de uma grande felicidade, como quando um poderoso medicamento começa a produzir efeito e nos tira uma dor: eu acabara de tomar a resolução de não procurar dormir sem ver de novo mamãe, quando ela subisse para se deitar, de beijá-la custasse o que custasse, embora com a certeza de ficarmos depois brigados por muito tempo. A calma que resultava de minhas angústias findas dava-me uma alegria extraordinária, não menos que a espera, a sede e o medo do perigo. Abri silenciosamente a janela e sentei-me na cama: não fazia quase nenhum movimento a fim de que não me ouvissem lá de baixo. Fora, as coisas também pareciam imobilizadas em muda atenção, para não perturbarem o luar, que duplicava e recuava os objetos ao estender-lhes à frente a respectiva sombra, mais densa e concreta do que eles próprios, e assim adelgaçava e ao mesmo tempo ampliava a paisagem, como um mapa dobrado que se desenrolasse. O que tinha de mover-se, alguma folhagem de castanheiro, movia-se. Mas seu frêmito minucioso, total, executado até nas mínimas nuanças e extremas delicadezas, não se alastrava sobre o resto, não se fundia com ele, e permanecia circunscrito. Expostos sobre aquele silêncio que não absorvia nada, os ruídos mais remotos, aqueles que deviam provir de jardins situados no outro extremo da cidade, se detalhavam com tal “acabado”, que pareciam dever esse efeito de lonjura tão somente ao seu pianíssimo, como esses motivos em surdina tão bem executados pela orquestra do Conservatório que, embora não se lhes perca uma nota, julga-se no entanto ouvi-los longe da sala do concerto, e todos os velhos sócios — as irmãs de minha avó também, quando Swann lhes cedia suas entradas — aguçavam o ouvido como se escutassem o longínquo avanço de um exército em marcha que ainda não tivesse dobrado a rua de Trévise.

Sabia que o caso em que me metia era, dentre todos, o que poderia trazer-me, da parte de meus pais, as consequências mais graves, muito mais graves na verdade do que o poderia supor um estranho, consequências de que ele só julgaria passíveis as faltas verdadeiramente vergonhosas. Mas, na educação que me davam, a ordem das faltas não era a mesma que na educação dos outros meninos e haviam-me habituado a colocar antes de todas as mais (porque sem dúvida não havia outras de que eu tivesse necessidade de ser tão cuidadosamente preservado), aquelas faltas cujo caráter comum consistia, segundo compreendo agora, em que nelas incorremos ao ceder a uma impulsão nervosa. Mas então não pronunciavam essa palavra, não declaravam essa origem que poderia levar-me a crer que eu era desculpável por sucumbir a esses impulsos, ou talvez até incapaz de lhes resistir. Mas essas faltas, bem as reconhecia eu pela angústia que as precedia como pelo rigor do castigo que acarretavam; e sabia que aquela que acabava de cometer era da mesma família de outras pelas quais fora severamente punido, embora infinitamente mais grave desta vez. Quando fosse colocar-me no caminho de minha mãe, no momento em que se recolhesse ao quarto, e ela visse que eu ficara levantado para tornar a dar-lhe boa-noite no corredor, não mais me deixariam ficar em casa, me mandariam para o colégio no dia seguinte, era certo. Pois bem! Mesmo que tivesse de lançar-me pela janela cinco minutos depois, ainda assim eu preferiria isso. O que eu queria agora era mamãe, era dar-lhe boa-noite, e já fora demasiado longe na senda que levava à realização de meu desejo, para que pudesse voltar atrás.

Ouvi os passos de minha família, que acompanhava a Swann e, quando a sineta do portão me anunciou que ele acabava de partir, pus-me à janela. Mamãe perguntava a meu pai se achara boa a lagosta e se o sr. Swann havia repetido o sorvete de café e o de pistache.

— Não o achei grande coisa — disse minha mãe. — Creio que da próxima vez será preciso experimentar outra essência.

— Não imaginam como Swann me parece mudado ultimamente — disse minha tia-avó —, está tão envelhecido! — De tal modo se habituara ela a ver sempre em Swann o mesmo adolescente, que se espantava de o encontrar de súbito menos jovem do que continuava a considerá-lo. E meus pais, de resto, começavam a ver nele essa velhice anormal, excessiva, vergonhosa e merecida dos celibatários, de todos aqueles para os quais parece que o grande dia que não tem amanhã há de ser mais longo do que para os outros, porque para eles está vazio e os momentos se vão adicionando desde a manhã sem dividir-se depois entre os filhos.

— Creio que tem muitas preocupações com a desmiolada da mulher, que vive, como todos sabem, em Combray, com um tal senhor de Charlus. É a risota da cidade. — Minha mãe observou que desde algum tempo, no entanto, Swann tinha um ar menos triste.

— E já não faz tão seguido, como antes, esse gesto do pai de esfregar os olhos e passar a mão pela testa. Quanto a mim, creio que, no fundo, já deixou de querer a essa mulher.

— Naturalmente! — respondeu meu avô. — Recebi há tempos, a esse respeito, uma carta sua, que absolutamente não me convenceu, e que não deixa nenhuma dúvida quanto aos seus sentimentos para com a mulher, os seus sentimentos de amor, ao menos. Ah!, e vocês não lhe agradeceram o vinho de Asti — acrescentou meu avô, voltando-se para as duas cunhadas.

— Como não lhe agradecemos?! Cá entre nós, acho até que o fiz com muita delicadeza — respondeu minha tia Flora.

— Sim, tu soubeste arranjar a coisa muito bem: cheguei a admirar-te — disse minha tia Céline.

— Mas tu também te saíste às maravilhas.

— Sim, a verdade é que eu estava bastante satisfeita com a minha frase sobre os vizinhos amáveis.

— Como! É a isso que vocês chamam agradecer! — exclamou meu avô. — Bem que eu tinha ouvido tal coisa, mas com os diabos se descobri que era para Swann! Vocês podem estar certas de que ele não compreendeu coisa alguma.

— Qual! Swann não é nenhum tolo, tenho certeza de que ele soube apreciar. Pois como é que eu lhe iria falar na quantidade das garrafas e no preço do vinho?!

Meu pai e minha mãe ficaram a sós, e sentaram-se um instante; depois meu pai disse:

— Bem, se quiseres, vamo-nos deitar.

— Como queiras, meu caro, embora eu não tenha sono; creio que não foi por causa desse inofensivo sorvete de café; mas vejo que a luz está acesa na copa e, já que a pobre Françoise esperou por mim, vou pedir-lhe que me desamarre o colete enquanto te despes.


continua na página 37...
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Leia também:

Volume 1
Volume 2
Volume 3
Volume 4
Volume 5
Volume 6
Volume 7

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[1] A cozinheira da tia acompanhará o herói por todo o livro e, já depois da revelação final, no Tempo redescoberto, será a única personagem que permanecerá junto dele, ajudando-o na redação do livro. [n. e.]
[2] Alusões ao Massacre dos Inocentes (Mateus, ii: 16), à proibição de cozer o cabrito no leite de sua própria mãe (Êxodo, xxiii: 19 e xxiv: 26) e ao combate de Jacó com o anjo, em que ele tem o nervo da coxa ferida, motivo da interdição de comer o “tendão de algum animal” (Gênese, xxxii: 32). [n. e.]
[3] História do milagre de Teófilo, padre que havia assinado um pacto com o diabo mas que acabou sendo salvo pela intervenção da Virgem, tocada pela sinceridade de seu arrependimento. Proust a encontrou no livro L’Art religieux du xiiie siècle en France (1898) de seu amigo Émile Mâle, obra muitas vezes consultada. Os quatro filhos de Aymon revoltaram-se e depois se reconciliaram com Carlos Magno. [n. e.]
[4] Antecipação da narrativa de “Um amor de Swann”, que se inicia depois de “Combray”. [n. e.]
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