Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1
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Estudos de Costumes
- Cenas da Vida Privada
Memórias de duas jovens esposas
PRIMEIRA PARTE
XXXVII – A BARONESA DE MACUMER À VISCONDESSA DE L’ESTORADE
Gênova
Minha bela querida, tive a fantasia de ver um pouco a Itália e estou encantada por ter arrastado Macumer, cujos projetos na Sardenha foram protelados.
Este país me encanta e me seduz. As igrejas aqui, e sobretudo as capelas, têm um ar amoroso e garrido que deve dar às protestantes o desejo de se tornarem católicas. Muito festejaram Macumer, congratulando-se todos por haverem adquirido semelhante súdito. Se eu quisesse, Felipe teria a embaixada da Sardenha em Paris, pois que a Corte é encantadora para comigo. Se me escreveres, dirige tua carta para Florença. Não tenho tempo para te descrever minuciosamente minha viagem, coisa que farei na tua primeira estada em Paris. Ficaremos aqui apenas uma semana. Daqui iremos a Florença por Livorno, ficaremos um mês na Toscana e um mês em Nápoles, a fim de estarmos em Roma em novembro. Voltaremos por Veneza, onde permaneceremos na primeira quinzena de dezembro; iremos depois por Milão e Turim para Paris, em janeiro. Viajamos como amantes: a novidade dos lugares renova nossos queridos esponsais. Macumer não conhecia a Itália, e nós estreamos por esse magnífico caminho da Corniche[1] que parece construído por fadas. Adeus, querida. Não me queiras mal se não te escrevo; é-me impossível ter em viagem um momento meu; tenho apenas o tempo preciso para ver, sentir, saborear minhas impressões. Mas, para falar-te delas, esperarei que tenham tomado as cores da recordação.
[1] Esse magnífico caminho da Corniche: chama-se assim o caminho que, ao longo do Mediterrâneo, vai de Nice a Gênova.
A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada - Ao "Chat-Qui-Pelote" (1)
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____________________[1] Esse magnífico caminho da Corniche: chama-se assim o caminho que, ao longo do Mediterrâneo, vai de Nice a Gênova.
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Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.
Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844. Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).
Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava. De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Balzac, Honoré de, 1799-1850.
A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac; orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São Paulo: Globo, 2012.
(A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1 0.000 kb; ePUB
1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série.
12-13086 cdd-843
Índices para catálogo sistemático:
1. Romances: Literatura francesa 843
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