A saudade é o limite da presença,
estar em nós daquilo que é distante,
desejo de tocar que apenas pensa,
contorno doloroso do que era antes.
Saudade é um ser sozinho descontente
um amor contraído, não rendido,
um passado insistindo em ser presente
e a mágoa de perder no pertencido.
Saudade, irreversível tempo, espaço
da ausência, sensação em nós premente
de ser amor somente leve traço
num sonho vão de posse permanente.
Saudade, desterrada raiz, vida
DE PEDRA
— Eu sou de pedra, me dizias,
a defender tua distância.
E esquecias o musgo,
essa tua epiderme de ternura,
e o teu corpo de carinhos,
num horizonte de água e terra,
a te envolver na vida.
— Eu sou de pedra — insistias.
— Pesado. Denso. Inalterável.
De estofo eterno.
Apenas estou, não sofro;
se algum gesto me ferir,
eu sou duro;
quebrarei o gesto sem sentir.
E esquecias
que és pouso de borboletas,
alicerce de flores,
abraço de raízes,
vulnerável em tudo
do que em ti pertence
e minha mão possui, acaricia.
— Eu sou de pedra.
E esquecias, esquecias.
que se prolonga e sabe que é perdida.
São Paulo, SP, 1933 – Campos do Jordão, SP, 1970
Domingo, 1 Fevereiro, 1970, morre aos 36 anos, em decorrência de um câncer, Maria José Cotrim Garaude Gianotti, poetisa e professora da ECA. Em homenagem, o Centro Acadêmico da escola passa a levar seu apelido: Centro Acadêmico Lupe Cotrim.
São Paulo, SP, 1933 – Campos do Jordão, SP, 1970
Domingo, 1 Fevereiro, 1970, morre aos 36 anos, em decorrência de um câncer, Maria José Cotrim Garaude Gianotti, poetisa e professora da ECA. Em homenagem, o Centro Acadêmico da escola passa a levar seu apelido: Centro Acadêmico Lupe Cotrim.
DE PEDRA
— Eu sou de pedra, me dizias,
a defender tua distância.
E esquecias o musgo,
essa tua epiderme de ternura,
e o teu corpo de carinhos,
num horizonte de água e terra,
a te envolver na vida.
— Eu sou de pedra — insistias.
— Pesado. Denso. Inalterável.
De estofo eterno.
Apenas estou, não sofro;
se algum gesto me ferir,
eu sou duro;
quebrarei o gesto sem sentir.
E esquecias
que és pouso de borboletas,
alicerce de flores,
abraço de raízes,
vulnerável em tudo
do que em ti pertence
e minha mão possui, acaricia.
— Eu sou de pedra.
E esquecias, esquecias.
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