domingo, 9 de março de 2025

Dostoiévski - O Idiota: Terceira Parte (3b) - A carta fora rabiscada às pressas

O Idiota


Fiódor Dostoiévski

Tradução portuguesa por José Geraldo Vieira

Terceira Parte
3.

continuando...

     A carta fora rabiscada às pressas e dobrada de qualquer forma, e mais provavelmente antes um pouco de Agláia ter vindo para a varanda. Em uma indescritível agitação, que tocava às raias do terror, o príncipe apertou o papel que tinha outra vez preso na mão direita e precipitadamente se afastou da janela, como um ladrão fugindo da luz. Mas ao fazer isso deu um encontrão em um indivíduo que estava por detrás dele.

- Eu o estive seguindo, príncipe - disse o homem.
- Ah! É você, Keller? exclamou o príncipe, admirado.
- Eu o estive procurando, príncipe. Estive a vigiá-lo, diante da casa dos Epantchín. Naturalmente que não pude entrar. Vim caminhando atrás do senhor enquanto estava com o general. Estou a seu serviço, príncipe, disponha de mim. Estou pronto a não importa qual sacrifício. A própria morte, se necessário for.
- Oh! Para quê?
- Ora, é que, sem dúvida, vai se dar um desafio. Aquele tenente... Eu o conheço, conquanto muito por alto.., e ele não engole uma afronta. Quanto aos como nós, isto é, como Rogójin e eu, o tenente estará inclinado a olhar como sujos, e talvez merecidamente; de maneira que o senhor será o único escolhido. O senhor é quem tem de “pagar o pato”, príncipe. O gajo esteve a informar-se a seu respeito; ouvi dizer, e sem dúvida um amigo dele irá em visita ao senhor, amanhã, e pode bem ser que já esteja à sua espera, agora. Se o senhor me quer dar a honra de me escolher como testemunha sua, estou pronto a ser rebaixado nas fileiras, pelo senhor. Ora aí está porque o estive procurando, príncipe.
- Então, até você me fala em um duelo! - e o príncipe riu, para grande pasmo de Keller. Ele riu cordialmente. 

     Keller, que tinha estado em palpos de aranha enquanto não se satisfizera a si próprio, oferecendo-se a Míchkin como testemunha, ficou por assim dizer ofendido à vista da alegria franca do príncipe.

- Mas o senhor lhe segurou os braços, esta tarde, príncipe. E isso é difícil, a um homem de honra, suportar em um lugar público.
 - E ele me deu um soco no peito! - exclamou o príncipe, rindo - Não temos mais por que brigar! Pedir-lhe-ei que me desculpe e é tudo. Mas se devemos lutar, então lutaremos. Deixá-lo atirar, gostarei disso. Ah! Ah! Agora já sei como carregar uma pistola. Sabe que já aprendi a carregar uma pistola? Sabe como é que se carrega uma pistola, Keller? Primeiro você tem de adquirir pólvora, pólvora para pistola, não úmida e não da grossa como de canhão. Depois tem de enfiar a pólvora primeiro e arranjar o feltro de uma porta. Depois tem de enfiar a bala lá para dentro; depois e não antes da pólvora, do contrário a coisa não serve. Ouviu bem. Keller? Senão a coisa não vai lá das pernas. Ah! Ah! Não é esta uma magnífica razão, amigo Keller? Arte, Keller, você sabe que eu devo abraçá-lo e lhe dar um beijo, agora mesmo? Ah! Ah! Ah! Pois não é que você me veio a calhar, e tão inesperadamente, esta tarde! Venha ver-me de vez em quando, logo mais dar-lhe-ei champanha. Ficaremos ambos bêbados. Você não sabe que eu tenho doze garrafas de champanha em casa, na adega de Liébediev? Ele as arranjou não sei como, mas vendeu anteontem. Justamente no dia em que mudei para a vila. Comprei-as todas. Acabaremos com toda a remessa, juntos. Você está indo para casa, para dormir?
- Como faço todas as noites, príncipe.
- Bravos, neste caso, sonhe bonito! Ah! Ah! Ah!

     E, atravessando a estrada, Míchkin sumiu dentro do parque, deixando Keller mais do que perplexo. Jamais vira o príncipe com tão estranha disposição e nunca poderia imaginá-lo assim. “Decerto é febre, pois que se trata de um homem nervoso e tudo isso deve tê-lo afetado. Ou, talvez, também seja medo. Mas estou certo que gente dessa ordem não é covarde, por Júpiter!” - e Keller continuava pensando: “Hum! Champanha! Em todo o caso, não é nada mau! Doze garrafas, uma dúzia; uma provisãozinha razoável. Aposto como Liébediev arranjou esse champanha de alguém, como garantia. Hum! Excelente tipo, este príncipe! Gosto de gente assim. Mas, não há tempo a perder. E... uma vez que há champanha, este é o momento para...”  
     Que Míchkin estava com febre, era, naturalmente, uma suposição correta. Vagabundeou uma porção de tempo pelo parque, no escuro, até que foi “dar consigo” a caminhar ao longo de uma avenida. A impressão ficara em sua consciência de ter caminhado umas trinta ou quarenta vezes para cima e para baixo, nessa avenida, de um banco até uma alta e notável árvore velha, distanciados um do outro cerca de uns cem passos. Não poderia, mesmo que tentasse, recordar-se do que estivera a pensar, todo esse tempo, isto é, no mínimo uma hora. Mas eis que lhe veio agora um pensamento que o fez dar uma risada; e conquanto não houvesse motivo para isso, continuou querendo rir. É que lhe ocorreu que a sugestão em um duelo não nascera apenas no espírito de Keller e que, por conseguinte, a conversa sobre a maneira de carregar uma pistola não deixara de ter fundamento. “Essa é boa!” E parou imediatamente. Surpreendeu o uma outra ideia. “Ela saiu para a varanda na hora mesmo em que eu estava sentado lá em um canto e ficou muito admirada de me encontrar, tendo então como ela ria! - me oferecido chá; e já estava com o bilhete na mão, todo esse tempo, decerto. Logo, ela sabia que eu estava sentado na varanda. Por que, então, se admirou? Ah! Ah!”
     Tirou a carta do bolso e a beijou; mas logo se refez e começou a refletir. “Como tudo isso é estranho! Como tudo isso é estranho!”, pensou um minuto mais tarde, já tomado de uma certa tristeza. Nos momentos de intenso júbilo sempre o acometia uma tristeza que nem ele próprio poderia dizer porquê. Olhou em redor e ficou espantado de se achar ali. Sentia-se exausto; dirigiu-se até ao banco e se sentou. Havia, em volta, uma tranquilidade extraordinária. Já tinha cessado a música no jardim e talvez não restasse uma só pessoa no parque. Devia passar das onze e meia, no mínimo. E que noite quente, clara e macia! Uma dessas noites de começo de junho, em Petersburgo. Todavia, na espessa alameda onde ele estava sentado, reinava a escuridão. Se alguém lhe viesse dizer, agora, que ele estava apaixonado, seriamente apaixonado, repeliria a ideia com surpresa e até mesmo com indignação. E se acrescentassem que a carta de Agláia era uma carta de amor, marcando uma entrevista com um amante, ele coraria com vergonha dessa pessoa e talvez a desafiasse para um duelo.
     Tudo isso era perfeitamente sincero e jamais, em momento algum, ele duvidou disso ou admitiu sequer a sombra de um pensamento ambíguo, quanto à possibilidade da moça o amar, ou vice-versa. Envergonhar-se-ia de uma tal ideia. A possibilidade de ser amado, ou de amar, para ele, “para um homem como ele era”, olharia sempre como a uma coisa monstruosa. Parecia-lhe apenas uma travessura da parte dela, supondo que houvesse alguma coisa de sério em tudo isso. Mas tal consideração o desconcertou completamente e imaginou isso tudo na ordem natural das coisas. Absorveu-o agora um outro pensamento. Acreditava piamente na declaração feita pelo general de que ela fazia todo o mundo de palhaço, principalmente a ele. Não se sentia nem um pouco insultado por isso; a seu ver era justamente como tinha de ser. O que contava agora, para ele, era que no dia seguinte a veria de novo, bem cedo, de manhã, e que se sentaria ao seu lado no banco verde e aprenderia como carregar uma pistola e poderia olhar para ela. Que mais poderia querer? Ocorreu-lhe uma ou duas vezes ficar pasmado ante a expectativa do que ela lhe pretenderia dizer. Qual seria esse assunto importante que lhe dizia respeito assim tão diretamente? Fosse como fosse, jamais teve um momento de dúvida sobre a existência real desse “assunto importante” para o qual fora intimado. Mas estava longe de considerar esse “assunto importante”, agora. Não sentia, com efeito, a menor inclinação para pensar nisso.
     O ruído de passos vagarosos na areia da alameda fez com que erguesse a cabeça. Um homem, cujo rosto era difícil distinguir no escuro, veio na direção do banco onde acabou por se sentar. O príncipe precipitadamente se virou quase esbarrando nessa pessoa em quem imediatamente reconheceu Rogójin.

- Eu sabia que estava vagabundeando mais ou menos por aqui. Não foi preciso muito tempo para achá-lo - disse Rogójin, por entre os dentes.

     Era a primeira vez que eles se estavam vendo depois daquele encontro no corredor do hotel. Espantado com o súbito aparecimento de Rogójín, não pôde o príncipe durante algum tempo ligar seus pensamentos; uma pungente sensação sobreveio em seu coração. Rogójin viu o efeito que a sua vinda produzira e apesar de no começo haver ficado sem jeito e se ter posto a falar aparentando naturalidade, Míchkin teve a impressão de que não havia nele nada de estudado nem qualquer embaraço especial. Se existia qualquer falta de jeito em seus modos e em suas palavras, era apenas superficialmente, pois, quanto ao ânimo, era imutável.

- Como foi.., que me encontrou aqui? - perguntou o príncipe, só para dizer qualquer coisa.
- Ia eu procurá-lo, quando Keller me disse: “Foi para o parque.” Bem, pensei, então é isso. 
- Isso o quê? - perguntou o príncipe com inquietação. Rogójin riu disfarçadamente e não deu explicação.
- Recebi sua carta, Liév Nikoláievitch. Não vale nada. Cada vez mais me espanto com o senhor. Más agora lhe vim falar da parte dela. Intimou-me a levá-lo sem falta. Está precisando lhe falar. E muito. Quer vê-lo hoje. 
- Amanhã, irei amanhã. Agora vou para casa. Quer vir comigo?
- Para quê? Já lhe disse o que tinha de dizer. Adeus.
- Então, não vem? - perguntou o príncipe, cortesmente.
- É um camarada esquisito, Liév Nikoláievitch. A gente não pode deixar de ficar admirado. - e Rogójin riu com maldade. 
- Por quê? Por que está você tão amargo contra mim, agora? - perguntou o príncipe, calorosamente e com ar entristecido. - Você agora já sabe muito bem que tudo quanto pensou era falso. Mas tenho a impressão de que ainda está zangado comigo. E quer saber por quê? Porque você me atacou. Digo-lhe que o único Parfión Rogójin de que eu me recordo é aquele com quem troquei as cruzes aquele dia. Escrevi-lhe a noite passada que esquecesse toda aquela loucura e que não falasse nela vez nenhuma. Por que é que você está se afastando? Por que retira e esconde a sua mão? Digo-lhe que considero tudo o que se passou como loucura. Compreendo o que era que você estava sentindo aquele dia. Como se fosse eu! O que você imaginou não existe. Por que haveríamos de ficar zangados?
- Como se pudesse se zangar! - e Rogójin tornou a rir em resposta às palavras ardentes de Míchkin.

    Ele tinha recuado um pouco para o lado e estava agora com a cara virada e as mãos escondidas para trás.

- Não se trata mais, para mim, de ir vê-lo, Liév Nikoláievitch - acrescentou, falando devagar e terminando com uma espécie de tom sentencioso.
- Você então ainda me odeia tanto? 
- Não sou seu amigo, Liév Nikoláievitch; como, pois, haveria de ir vê-lo? Ah, príncipe, não passa de uma criança! Está querendo um joguete e o quer imediatamente, mas, compreender as coisas, não, não compreende. O que me está dizendo é o mesmo que me escreveu na sua carta. Está pensando que não acredito no senhor? Acredito sim, palavra por palavra; nunca me enganou, nem nunca me há de enganar no futuro. Mas, apesar de tudo, ainda assim, não sou seu amigo. Escreveu-me que se tinha esquecido de tudo e que só se lembrava do irmão Rogójin com o qual tinha trocado as cruzes e não daquele Rogójin que lhe erguera uma faca. Os meus sentimentos, porém, pensa que os conhece? (Tornou a rir.) Ora, talvez eu nunca me venha a arrepender do que fiz, muito embora já tenha recebido o seu perdão. Talvez até eu estivesse pensando já em uma outra coisa mais, esta noite; mas, quanto a isso... 
- Você esqueceu de pensar! - atalhou o príncipe. - É o que parece. Aposto em como você tomou logo o trem e foi até Pávlovsk, lá para o coreto, segui-la por entre a multidão, vigiando-a, como andou fazendo hoje. Isso não me surpreende! Se você não tivesse chegado a um tal estado, naquela ocasião, em que não lhe era possível pensar em mais nada, talvez você não me atacasse com aquela faca. Eu tive o pressentimento, antes, só em olhar para você. Você nem sabe como estava! Já quando trocamos as nossas cruzes, aquela ideia devia estar atrás do seu espírito. Mas por que, então, me levou você até a sua mãe? Achou, talvez, com isso, que poria um freio em si próprio? Não, você não podia ter pensado nisso, mas talvez sentisse, como eu... Estávamos ambos sentindo o mesmo. Se você não tivesse cometido aquela agressão (que Deus evitou), que pena de mim, então? Eu suspeitei, sim, suspeitei que você era capaz disso; logo, nossos pecados foram os mesmos, em verdade. Sim, não emburre. E por que está rindo?) Diz você que “não se arrependeu”. Talvez, mesmo que quisesse, não conseguisse, visto não gostar de mim, ainda por cima! E se eu, para você, não passasse de um inocente anjo, ainda assim você continuaria a me detestar. Enquanto pensasse que ela me ama a mim e não a você. Isso deve ser ciúme. Mas eu estive pensando bem toda a semana, Parfión, e já lhe vou dar a minha opinião. Você sabe que ela agora deve amá-lo mais do que a qualquer outro e de tal modo que quanto mais ela o atormenta mais o ama? Ela não lhe dirá; a você cumpre saber de que modo ver isso. Quando tudo está dito e feito, por que então só se preocupar você com essa história de casamento? Algum dia ela lhe esclarecerá tudo. Mulheres há que querem ser amadas dessa forma, e esse é justamente o caráter dela. E também o amor e o caráter de você devem impressioná-la! Você sabe que há mulheres capazes de torturar um homem, com sua crueldade e desdém, sem a menor aflição de consciência, porque cada vez que olham o amante pensam: Agora eu judio dele até a morte, mas depois o indenizo com o meu amor!”  

     Rogójin ria, escutando o príncipe.

- Pelo que vejo, príncipe, já foi submetido também a esse tratamento... Se não me engano ouvi qualquer alusão a isso...
 - Uma alusão a isso? A mim?

      Sobressaltou-se, logo ficando calado, em uma extrema confusão. Rogójin continuava a rir. Ouvira atento e com sinais de prazer a pergunta do príncipe. Já antes a conversa cordial o impressionara, por causa da veemência notada; e foi isso que o encorajou.

- Não somente ouvi como estou vendo agora que é verdade - acrescentou. Basta prestar atenção ao seu modo esta noite. Antes, nunca esteve assim nem me tratou conforme me está tratando agora. Alusão... Claro que ouvi alguma alusão. Tanto ouvi que vim até aqui, a este parque, a tais horas, quase meia-noite.
- Seja mais explícito, Parfión Semiónovitch. 
- Ela já me havia dito, tempos atrás, e hoje vi com os meus olhos, quando dei com o senhor esta tarde sentado no parque ao lado daquela jovem, escutando a banda. Quer saber? Pois ouça: hoje e todo o dia de ontem ela não parou de me asseverar, chegando a jurar por Deus, que o senhor está apaixonadíssimo por Agláia Epantchiná. Pouco se me dá, príncipe, e não tenho nada com isso. Mas de uma coisa eu sei: se deixou de amar Nastássia Filíppovna, ela ainda o ama. Bem sabe o senhor que ela está resolvida a casá-lo com a outra. Jurou que haveria de fazer isso. Há, há, parece pilhéria mas jurou. Disse-me com aquela voz: - Avise-os. pois sem isso não me caso com você. No dia em que eles forem para a igreja, nós dois também iremos”. - Não consigo compreender essa pirraça. Será mania, ou o quê? Se ela o ama para lá de todas as medidas... isto é, se o quer como doida, por que raios há de querer casá-lo com a outra? Disse-me: “Quero vê-lo feliz”. Logo, ela deve amá-lo. 
- Ora, isso prova o que eu já disse e escrevi a você. Que ela está fora do seu juízo normal - afirmou o príncipe, com ar de verdadeira mágoa, depois de escutar Parfión.
- Lá isso é Deus quem sabe. Só Ele. O príncipe deve estar enganado... Mas hoje ela marcou a data do casamento, quando a levei do Vauxhall para casa, através do jardim. “Dentro de três semanas, ou talvez antes mesmo”, disse ela, “é provável que nos casemos”. Jurou e beijou a imagem sagrada. Parece pois que tudo agora depende do senhor, príncipe. 
- Está vendo você? Loucura típica! O que você insinuou aí, por mim nunca se dará. Amanhã irei ver vocês.
- Não sei por que há de teimar em chamá-la de doida - observou Rogójín - Se todos a acham normal, por que há de insistir em considerá-la assim? Como foi então que ela pôde escrever cartas à outra? Se estivesse maluca, isso seria fácil de perceber nas cartas!  
- Que cartas? - perguntou Míchkin, espantado.
- Ora essa! As que escreve à outra, àquela jovem, que as recebe e lê. Então não sabe? Pois trate de verificar. Naturalmente ela as há de mostrar.
- Não posso acreditar em uma coisa dessas! - exclamou o príncipe.
- Ora, Liév Nikoláievitch! Tem andado no mundo da lua? É o que está parecendo. Mexa-se, homem, já não é sem tempo. Ponha os seus detetives na pista e fique de olho dia e noite a ver os passos que ela dá, pois do contrário... 
- Cale-se e nunca mais fale nisso! - ordenou Míchkin. - Escute, Parfión: pouco antes de você aparecer eu estava aqui e de repente comecei a rir sem saber o motivo. Decerto porque me lembrei que amanhã é dia do meu aniversário. Já é quase meia-noite. Nosso encontro veio bem a propósito. Venha comigo. Vamos esperar a passagem de hoje para amanhã. Tenho vinho lá em casa podemos beber. Você me formulará os votos que eu não sei como desejar a mim mesmo. Faça isso que eu, por minha vez, lhe desejarei toda a felicidade. Do contrário me devolva a minha cruz. Você, no outro dia, ficou com ela e a tem aí consigo, não tem?
- Está aqui no meu peito - disse Rogójin.
- Está bem, então vamos. Não quero ir ao encontro da minha nova vida sem você. Sim, porque para mim começou uma outra vida. Fique sabendo, Parfión, que comecei a viver hoje uma vida nova.
- Estou vendo com os meus olhos e sei que começou, sim. E direi isso a ela. Não me parece absolutamente o mesmo, Liév Nikoláievitch. 

O Idiota: Terceira Parte (3b) - A carta fora rabiscada às pressas
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