terça-feira, 4 de março de 2025

Dostoiévski - O Idiota: Terceira Parte (3a) - A cena no jardim

O Idiota


Fiódor Dostoiévski

Tradução portuguesa por José Geraldo Vieira

Terceira Parte
3.

     A cena no jardim impressionou mãe e filhas a ponto de as horrorizar. Excitada e em pânico, Lizavéta Prokófievna só faltou correr. com as filhas de volta para casa. Segundo o modo dela pensar e discernir, o que tinha acontecido era tanto, e tanta coisa que tinha sido trazida à luz pelo incidente, que certas ideias tomaram forma definitiva em seu cérebro, apesar de sua confusão e atarantamento.
     Todo o mundo percebera que tinha acontecido qualquer coisa fora do comum e que, ocasionalmente também, um extraordinário segredo estava na iminência de vir a furo. 
     Apesar de todas as anteriores explicações e afirmativas do Príncipe Chtch..., Evguénii Pávlovitch fora “desmascarado”, posto à mostra, revelado “e publicamente descoberto em suas ligações com aquela criatura”. Assim pensavam a mãe e as duas filhas mais velhas. O único efeito dessa conclusão era que o mistério assim ia intensificando mais. E embora as moças estivessem secretamente indignadas, até certo ponto, com a mãe, ante o seu extremo alarme e sua tão precipitada corrida, ainda assim não se aventuraram a aborrecê-la com perguntas durante o primeiro embate com o tumulto.
     No entanto, algo as fez supor que sua irmã Agláia sabia mais do caso do que a própria mãe e todas elas juntas. 
     O Príncipe Chtch... também se viu nas trevas; também ele mergulhou em seus pensamentos. 
     De volta para casa. Lizavéta Prokófievna não trocou uma palavra com ele e nem deu um sinal de o querer fazer. Adelaída fez uma tentativa de interrogação: “Que tio é esse de que se falou agora mesmo? E que foi que houve em Petersburgo?” Ele apenas murmurou qualquer coisa, com uma cara muito desenxabida, a propósito de colher informações e de tudo ser invencionice.

- Sem dúvida - concordou Adelaída e não perguntou mais nada.

     Agláia tornou-se excepcionalmente quieta, só tendo feito a observação no caminho, que eles estavam andando depressa demais. Uma vez se virou, procurando o príncipe com a vista, tendo-o descoberto quando este vinha apressadamente para eles. Sorriu ironicamente dos esforços que ele fazia para alcançá-las e não se tornou a virar mais.
     Por fim, quando já estavam quase chegando à vila, viram Iván Fiódorovitch, que chegava de Petersburgo e que lhes veio ao encontro. Suas primeiras palavras foram perguntar por Evguénii Pávlovitch. Mas a mulher se afastou dele, colericamente, sem responder e sem sequer o olhar. Pelo rosto das filhas e do Príncipe Chtch... adivinhou logo que uma tempestade estava se juntando. Mas, fora disso, já havia uma expressão diferente da costumeira em suas faces. Tomou o braço do Príncipe Chtch.... parou com ele, à entrada, e trocaram umas poucas palavras quase em sussurro.
     Pelo ar inquieto com que ambos depois entraram para a varanda e subiram para os cômodos de Lizavéta Prokófievna, se podia deduzir que ambos estavam a par de certas extraordinárias notícias.
     Uma por uma, se foram todas juntando lá em cima, nas peças de Lizavéta Prokófievna, não ficando, afinal, ninguém na varanda, a não ser o príncipe. Embora não tivesse nenhum motivo justificado para ficar ali, se sentou a um canto, à espera de qualquer coisa. Não lhe ocorreu sequer, já que elas estavam tão transtornadas, ser melhor ir embora. Parecia completamente esquecido do universo inteiro e poderia continuar a ficar ali, sentado, ainda uns dois anos, se isso fosse possível. De quando em quando chegavam até ele vozes de exaltada conversa. Ser-lhe-ia impossível, depois, dizer quanto tempo estivera ali, sentado. E já se ia tornando tarde e completamente escuro quando, inopinadamente, Agláia apareceu na varanda.
     Aparentava calma embora estivesse um tanto pálida. Ao ver o príncipe, com quem não contava, não tendo sequer desconfiado que estaria sentado ali a um canto, sorriu, admirada.

- Que é que está fazendo aí?

     O príncipe, muito confuso, murmurou qualquer coisa e logo se levantou. Mas Agláia sentou-se ao lado dele, o que o fez sentar de novo. Então ela o examinou bem, depois olhou vagamente para a janela e outra vez para ele. Míchkin pensava: “Decerto ela se quer rir de mim. Não; teria então rido antes, naquela ocasião.”  

- Quem sabe se quer um pouco de chá? Vou mandar vir - disse ela, depois daquele seu silêncio. 
- N... ão. Acho que não.
- Como é isso? Acha que não? Oh! Aproveite e ouça. Se alguém o desafiar para um duelo, que fará? Quis lhe perguntar isto antes.
- Ora... Quem?... Ninguém me desafiará para um duelo.
- Mas se desafiarem? Ficaria muito assustado?
- Acho que ficaria muito... muitíssimo amedrontado.
- Que é que está dizendo? Então é um covarde?
- N... ão. Acho que não. Um covarde é quem tem medo e foge. Mas se alguém tem medo, mas não foge, não é um covarde - disse o príncipe, sorrindo, depois de pensar um momento.
- E não fugiria? 
- Acho que não fugiria - e começou, depois, a rir das perguntas de Agláia.
- Apesar de eu ser mulher, nada me faria fugir. - observou ela, quase ofendida - Mas está rindo e pretendendo, como aliás faz sempre, tornar-se mais interessante. Diga-me, é verdade que atiram a doze passos de distância, não é, e às vezes só a dez, ficando feridos ou morrendo, não é? 
- Nem sempre se morre em duelo, acho eu.
- Nem sempre? Púchkin foi morto. 
- Pode ter sido acidentalmente.
- Não foi acidentalmente, não. Era um duelo de morte e ele foi morto.
- A bala feriu-o tão baixo que sem dúvida Dantês, o seu rival, alvejou mais alto, para a cabeça ou para o peito. Ninguém alveja assim, portanto é mais provável que a bala prostrasse Púchkin por acidente. Gente entendida me contou assim. 
- Mas um soldado, com quem falei uma vez, disse que eles eram obrigados pelo regulamento a disparar “do meio para cima”; a frase dele foi “do meio para cima”. Perguntei, depois, a um oficial, que me respondeu que era perfeitamente certo. 
- Isso é provavelmente porque atiram de longe.
- Sabe atirar?
- Nunca atirei.
- Não sabe, ao menos, carregar uma pistola?
- Não. Isto é, sei como isso é feito, mas nunca fiz.
- É o mesmo que dizer que não sabe, pois é preciso prática. Ouça e guarde: primeiro tem de comprar um pouco de pólvora, não úmida, mas bem seca (dizem que úmida não serve); uma pólvora bem fina; peça para lhe darem dessa e não da que é usada nos canhões. Quanto às balas as pessoas mesmas as fazem. Tem pistolas?
- Não, e nem quero - riu o príncipe. 
- Mas que bobagem! Deve comprar uma, francesa, ou inglesa. Consta-me que são as melhores. Pegue, então, um dedal cheio de pólvora, ou mesmo dois, e vá derramando lá dentro. Será melhor encher. Calque com feltro (dizem que é preciso que seja com feltro, não sei por quê); pode consegui-lo nos colchões, ou nas portas - usam feltro para tapar as frestas. Depois, quando tiver socado bem o feltro, meta a bala, está ouvindo? A bala depois, a pólvora primeiro, do contrário nada de tiro. Por que é que está rindo? Quero que se exercite, no tiro, todos os dias, e aprenda a acertar em um alvo. Não quer? - o príncipe ria. 

     Agláia bateu com o pé, zangada. O ar sério que ela tomou durante essa conversa o surpreendeu um pouco. Achou preferível procurar outro assunto, perguntar por qualquer coisa. Algo que fosse mais sério, em todo o caso, do que carregar uma pistola. Mas tudo desertou da sua cabeça, exceto que ela ali estava, sentada ao seu lado, e que a podia estar olhando e lhe era indiferente, nessa ocasião, que ela falasse sobre o que quer que fosse.
     Iván Fiódorovitch, em pessoa, desceu as escadas, acabando por aparecer na varanda. E ia sair, com uma cara carrancuda, atormentada e resoluta.

- Ah! É Liév Nikoláievitch, é você? Para onde se dirige você, agora? - perguntou, apesar de Míchkin estar sentado sem se mexer - Venha, tenho uma palavra a dar-lhe. 
- Adeus - disse Agláia, estendendo a mão para o príncipe. Já agora estava um tanto escuro na varanda. Ele não pôde distinguir bem o rosto dela. E um minuto depois, ao deixar a vila com o general, enrubesceu demasiado, e apertava a mão, fechando-a firmemente.

     Aconteceu que Iván Fiódorovitch tinha de tomar o mesmo rumo. Apesar do adiantado da hora ele se estava apressando para discutir alguma coisa com alguém. Mas, enquanto isso, a caminho, começou a falar com o príncipe de modo excitado e rápido e como que sem nexo, frequentemente se referindo a Lizavéta Prokófievna.  
     Se Míchkin fosse mais arguto teria, nesse momento, adivinhado que o general queria saber algo através dele, ou melhor, queria perguntar-lhe uma coisa determinada, não conseguindo, porém, enveredar para esse ponto. O príncipe sentia-se tão confuso que no começo não escutou absolutamente nada, e quando o general parou, na frente dele, com uma pergunta vivaz, teve de confessar, muito envergonhado, que não tinha entendido uma só palavra. O general encolheu os ombros.

- Mas que raio de gente extravagante que vocês todos são! - recomeçou ele. Estou lhe dizendo que não há meios de eu entender os motivos de alarma de Lizavéta Prokófievna. Ela está lá, como uma histérica, a chorar e a declarar que nós fomos envergonhados, que estamos desgraçados. Quem? Como? Por quem? Confesso que sou culpado. (Reconheço isso.) Sou culpado e muitíssimo, mas as perseguições dessa mulher impertinente (que aliás se está conduzindo mal neste ajuste) podem ser contidas pela polícia, na pior das hipóteses, e pretendo avistar-me com alguém nesse sentido e dar uns passos. Tudo pode ser feito com calma, decentemente, bondosamente até, da maneira mais amistosa, sem sopro de escândalo. Creio que muitas coisas possam acontecer no futuro, e que ainda há algo que não ficou e nem está explicado; em tudo isso há uma intriga. Mas já que há confusão agora, mistério haverá sempre. Se eu não ouvi nada, e o senhor não ouviu nada, e ela não ouviu nada, e ele tampouco nada ouviu, então quem ouviu? Aprazer-me-ia perguntar. Como explicar isso, senão que é menos do que miragem, irreal, algo como o luar ou como qualquer alucinação!? 
- Ela está louca - murmurou o príncipe, recordando, com angústia, a recente cena.
- Tal e qual o que eu digo, se é que você se está referindo à mesma pessoa. Tal ideia me ocorreu a mim também e dormi em beatífica paz. Mas agora vejo que a opinião deles é que é a mais correta, e não acredito que seja loucura. Ela é uma mulher espinoteada, estou certo, mas também é artificiosa e está longe de ser maluca. A sua veneta hoje, a respeito de Kapitón Aleksiéitch, mostra isso demasiado claramente. Trata-se de um caso de fraude, ou, no mínimo, um caso jesuítico de conveniência dela. 
- Qual Kapitón Aleksiéitch?
- Mas, por misericórdia, Liév Nikoláievitch, você não está me ouvindo! Foi no começo que eu falei sobre Kapitón Aleksiéitch. Fiquei tão confuso que ainda estou com os nervos estragados. Foi o que me reteve até tarde, na cidade, hoje. Kapitón Aleksiéitch Radómskii, o tio de Evguénii Pávlovitch...
- Ah! - exclamou o príncipe.  
- Disparou um tiro em si mesmo, ao raiar do dia, hoje, às sete horas. Um velho altamente conceituado, de setenta anos, um epicurista. É verdade o que ela disse, também: uma enorme soma de dinheiros públicos posta fora.
- Mas onde pôde ela...
- Ouvir isso? Ah! Ah! Ora essa. ela dispõe de todo um regimento à sua volta, desde que chegou aqui. Você sabe que classe de gente deu para visitá-la agora e que busca “a honra de se dar com ela”. Deve naturalmente ter ouvido isso esta manhã de alguém que chegou da cidade; pois meia Petersburgo já está a par disso, agora, bem como meia Pávlovsk, ou toda, talvez. Mas que observação mentirosa a que ela fez sobre o uniforme, segundo me repetiram, Dizendo que Evguénii Pávlovitch introduzira os seus papéis no tempo exato! Que insinuação demoníaca! Não, isto não sabe a loucura. Recuso-me a acreditar, é lógico, que Evguénii Pávlovitch pudesse prever a catástrofe de antemão, isto é, adivinhar que às sete horas da manhã de um determinado dia etc. etc... O que se podia ter dado é ter ele tido um pressentimento. E eu, e todos nós, e o Príncipe Chtch... contávamos que o tio lhe deixasse uma fortuna. É terrível! Terrível! Mas compreenda-me, não faço carga sobre Evguénii Pávlovitch seja no que for, e apresso-me em tornar isso bem claro, mas ainda assim tudo isto é muito suspeitoso, devo confessar. O Príncipe Chtch... está tremendamente impressionado. O caso rebentou tão estranhamente! 
- Mas em que faz isso desconfiar-se da conduta de Evguénii Pávlovitch? Em nada. Ele se comportou muito honradamente.
- Eu não insinuei nada a tal propósito. Nas suas propriedades creio eu, ninguém lhe toca. Lizavéta Prokófievna, naturalmente, não quis ouvir nada. Mas, o que é pior, todo esse rebuliço de família ou antes, este disse-que-disse, fica-se sem saber como chamá-lo. Você é um amigo da família, em um sentido bem exato, Liév Nikoláievitch e acredite-me, agora vim a saber que Evguénii Pávlovitch embora não tenha a certeza, há cerca de um mês, propôs casamento a Agláia e ela se recusou a ser noiva dele.
- Não é possível! - exclamou o Príncipe com veemência.
- Ora essa. Você sabe alguma coisa a respeito? Você está vendo, meu caro! - exclamou o general, sobressaltado e surpreso, parando como que petrificado - Devo lhe ter falado mais do que devia. E isso porque você.. porque você.., é um camarada tão excepcional. Talvez você saiba alguma coisa?
 - Quanto a Evguénii Pávlovitch não sei nada - balbuciou o Príncipe.
- Nem eu, tampouco. Quanto a mim, meu rapaz, eles certamente desejam ver-me morto e enterrado e não se dão conta de quanto isso é pungente para um homem e que não suportarei. Presenciei agora mesmo uma cena terrível! Estou lhe falando como se você fosse meu filho, o pior de tudo é que Agláia parece zombar da mãe. As irmãs contaram à mãe, como mero palpite, e aliás acertado, que ela disse “não” a Evguénii Pávlovitch e que teve uma explicação um tanto formal com ele. Mas que ela é uma criatura voluntariosa e caprichosa é, não há palavras que a qualifiquem. Generosidade e todas as demais qualidades brilhantes de espírito e de coração ela possui, mas é caprichosa, escarnecedora, deveras um pequeno demônio, e cheia de fantasias, ainda por cima. Riu na cara da mãe, ainda agora e riu das irmãs e riu também do Príncipe Chtch... Eu, nem conto naturalmente, pois outra coisa não me tem ela feito senão rir de mim. Todavia, é claro, eu a amo. Eu a amo mesmo rindo de mim, e acredito que ela, esse pequeno demônio, me ama também, especialmente por causa disso, isto é, mais do que a qualquer outra pessoa, creio eu. Aposto o que quiser como também faz você de truão. Pois não é que a fui encontrar agora mesmo, conversando com você, logo imediatamente depois da tempestade, lá em cima? Dei com ela sentada ao seu lado, como se nada tivesse acontecido. 

     O príncipe ficou vermelho e fechou mais a mão direita; mas não disse nada.

- Meu bom e caro Liév Nikoláievitch - recomeçou o general com brio e sentimento -, eu... e Lizavéta Prokófievna (muito embora ela esteja abusando de você e de mim também, por sua causa, sem que eu compreenda por quê), nós o amamos muito, nós amamos você muito e o respeitamos, a despeito de tudo, quero dizer, a despeito de todas as aparências. Mas você mesmo há de concordar comigo que é irritante e que acabrunha ouvir e ver aquele demoniozinho de sangue-frio inesperadamente (sim, estava diante da mãe com uma expressão de profundo desdém para com todas as nossas perguntas, principalmente as minhas, pois – diabos me levem! - fui tão tolo que me deu no bestunto demonstrar severidade, visto ser o chefe da família - bem, que fiz papel de tolo, fiz), ver, dizia eu, aquele demoniozinho de sangue-frio inesperadamente declarar, com uma risada: “Aquela “maluca” (foi esse o termo que empregou, e eu tive a surpresa de a ouvir repetir a própria frase usada por você: “Como é que ainda não notaram isso?”) meteu na cabeça que me há de casar, custe o que custar, com o Príncipe Liév Nikoláievitch, e para tal fim está fazendo tudo para pôr Evguénii Pavlovitch fora de nossa casa”... Ela disse apenas isto: não deu maiores explicações, continuou a rir e nós ficamos de boca aberta; ela então escancarou a porta e saiu. Depois foi que me contaram o que se passou entre ela e você, esta tarde. E... e ouça. caro príncipe você não é um homem sensível, não se ofende à toa. Observei isso em você, mas... não fique zangado. Sou obrigado a crer que ela está fazendo você de truão. Ela se ri como uma criança, por isso não vá se zangar com ela, mas é o que se passa. Não pense nada quanto a isto - ela está simplesmente nos pondo a todos, a você e a nós, malucos, sem maldade. Bem, adeus. Você conhece os nossos sentimentos a seu respeito, não é? Jamais mudarão, de forma alguma. Mas, agora, tenho de ir por aqui. Adeus! Poucas vezes me vi metido assim, em um beco sem saída, como desta vez. Nem sei como dizer!... Que lindo dia de verão! 

     Deixado sozinho na encruzilhada, Míchkin olhou em torno, atravessou rapidamente a estrada, aproximou-se o mais que pôde para debaixo da janela acesa em uma vila, desdobrou o pedaço de papel que guardara bem apertado em sua mão direita todo aquele tempo em que estivera conversando com Iván Fiódorovitch e, aproveitando um fraco feixe de luz, leu:

 Amanhã de manhã, às sete horas, achar-me-ei no banco verde, lá no jardim, esperando por você. Resolvi falar-lhe a respeito de um assunto excessivamente importante que nos diz respeito, diretamente.
P.S. Espero que não mostre esta carta a ninguém. Embora me envergonhe ter de lhe recomendar essa cautela, parece-me que você necessita dessa recomendação, e a escrevo enrubescendo de vergonha ante o seu absurdo caráter.  
P.P.S. Refiro-me ao banco verde que lhe mostrei esta manhã. Devia se envergonhar de eu precisar lhe escrever também isto.
 
O Idiota: Terceira Parte (3a) - A cena no jardim
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