A Montanha Mágica
Capítulo IV
O termômetro
continuando...
O tempo ia se arrastando. O prazo parecia infinito. Somente dois minutos e meio haviam
passado quando ele olhou os ponteiros, receando ter ultrapassado o momento marcado. Fez
então um sem-número de coisas: agarrou objetos e os recolocou no lugar, saiu à sacada,
procurando esquivar-se à atenção do primo, deixou que os olhos vagassem por sobre a paisagem,
esse vale situado a grande altura, já profundamente familiar ao seu espírito, em todas as suas
formas, com seus picos, cordilheiras e paredes rochosas, onde, do lado esquerdo, avançava o
platô de Brämenbühl, cuja encosta se inclinava para a aldeia e cujos flancos eram cobertos pelo
matagal agreste dos prados alpinos, com as formações das montanhas, à direita, cujos nomes
aprendera também, e com a Alteinwand que, vista do lugar onde se achava Hans Castorp, parecia
fechar o vale do lado do sul. E seu olhar passava por sobre as veredas e os canteiros do terraço
ajardinado, com a gruta rupestre e o abeto. Escutava um murmúrio que subia do alpendre, onde
alguns pensionistas se entregavam ao repouso. Voltou então ao quarto, enquanto procurava
melhorar a posição do instrumento na boca. A seguir avançou o braço, para afastar a manga do
pulso e aproximar o relógio do rosto. Com muito trabalho e esforço, por assim dizer sob o efeito
de empurrões, golpes e pontapés, haviam decorrido seis minutos. Mas, como então se deixasse
estar no quarto e se abandonasse a devaneios, dando livre curso aos seus pensamentos, passou
despercebido o último minuto, como nas patas silenciosas de um gato até que um novo
movimento do braço lhe revelasse a sua fuga clandestina. E já era um pouco tarde; a terça parte
do oitavo minuto já se escoara, quando Hans Castorp, dizendo consigo que isso não tinha
importância, não fazia mal nem modificava o resultado, tirou o termômetro da boca e cravou
nele os olhos desorientados.
Não conseguiu decifrar imediatamente a indicação do instrumento. O brilho do mercúrio
confundia-se com o reflexo luminoso do achatado tubo de vidro. A coluna parecia ora ter subido
muito ora não existir de todo. Hans Castorp achegou o termômetro aos olhos, virou-o de um
lado para outro e não distinguiu nada. Finalmente, depois de um movimento feliz, a imagem
tornou-se nítida; ele reteve-a e submeteu-a depressa ao trabalho da sua inteligência. Com efeito, o
mercúrio dilatara-se, dilatara-se consideravelmente. A coluna subira bastante alto e parará a vários
décimos acima do limite normal. Hans Castorp tinha 37,6.
Em pleno dia, entre as dez e as dez e meia, 37,6 era demais; era temperatura elevada, era
uma febre que resultava de uma infecção à qual estava predisposto, e restava apenas saber de que
tipo de infecção se tratava. 37,6! O próprio Joachim não tinha mais; ninguém ali tinha mais, com
exceção daqueles que se achavam acamados por estarem gravemente enfermos ou até
moribundos; nem a Kleefeld, com o seu pneumotórax, nem... nem tampouco Mme. Chauchat.
Naturalmente, no seu caso particular não era a mesma coisa; ele tinha o que lá embaixo chamava
de uma simples gripezinha. Mas seria difícil estabelecer uma diferença clara. Hans Castorp não
sabia com certeza desde quando andava com essa temperatura, e se era somente desde que se
resfriara. Lamentou não ter interrogado o mercúrio mais cedo, logo no início da sua estadia ali,
como lhe aconselhara o Dr. Behrens. Era um conselho bem sensato, como se manifestava agora,
e Settembrini fizera muito mal ao rir-se dele daquele modo ruidoso e zombeteiro – aquele
Settembrini com sua república e seu belo estilo! Hans Castorp desprezava a república e o belo
estilo, enquanto examinava uma e outra vez a indicação do termômetro, que não raro se lhe
esquivava, em virtude dos reflexos, e que então ele voltava a apanhar, virando e revirando
fervorosamente o instrumento. Eram 37,6, e isso de manhã!
Experimentou uma violenta emoção. Pôs-se a atravessar o quarto de um lado para outro,
com o termômetro na mão, que mantinha horizontalmente, a fim de evitar o mínimo abalo por
uma sacudidela em sentido vertical. Depois colocou-o com todo o cuidado no anteparo do
lavatório e, pegando o sobretudo e os cobertores, foi entregar-se ao repouso. Sentado, envolveu
se nos cobertores, assim como aprendera, pelos dois lados e por baixo, manejando-os um após
outro com a habilidade já adquirida. A seguir permaneceu imóvel até a hora do café da manhã, à
espera da entrada de Joachim. Às vezes sorria, e era como se sorrisse a alguém. Às vezes
levantava-se-lhe o peito num tremor angustiado, o que o fazia tossir, com o peito opresso pelo
catarro.
Joachim encontrou-o ainda deitado, quando, às onze horas, depois das badaladas do
gongo, foi buscá-lo para a refeição.
– Então? – perguntou admirado, aproximando-se da espreguiçadeira.
Hans Castorp permaneceu calado durante um momento, olhando apenas para a frente.
Por fim respondeu:
– Quer saber da última? Estou com uma temperatura um pouco elevada.
– Que significa isso? – perguntou Joachim. – Você tem a impressão de estar com febre?
Hans Castorp mais uma vez demorou um pouco a dar a resposta, antes de replicar com
certa indolência:
– Olhe, meu caro, já faz tempo que me sinto febril, desde que estou aqui. Desta vez não
se trata de impressões subjetivas, mas de uma verificação exata. Tirei a temperatura.
– Você tirou a temperatura? Com quê? – gritou Joachim, assustado.
– Com um termômetro, ora essa – respondeu Hans Castorp, com um ar irônico e severo. – Comprei um da enfermeira-chefe. O que não sei é por que ela trata a gente de “rapaz”. Pelo
menos não acho isso muito correto. Mas me vendeu a toda pressa um ótimo termômetro, e se
você quiser convencer-se da temperatura que ele indica, pode ver ali dentro, no lavatório. É uma
elevação insignificante.
Joachim deu bruscamente meia-volta e entrou no quarto. Quando saiu outra vez, disse
num tom hesitante:
– Pois é, são 37,5.
– Nesse caso baixou um pouco – tornou Hans Castorp imediatamente. – Eram 37,6.
– Não se pode dizer que isso seja insignificante, já pela manhã – opinou Joachim. – É
uma bonita surpresa – acrescentou, plantando-se em frente da espreguiçadeira do primo, como
para admirar a “bonita surpresa”, com as mãos à cintura, e com a cabeça baixa. – Você terá de
ficar na cama.
Hans Castorp já estava com a resposta preparada.
– Não vejo nenhum motivo – retrucou – para ficar deitado com 37,6 quando você e
tantos outros que têm a mesma temperatura andam passeando livremente.
– Mas isso é diferente – disse Joachim. – No seu caso trata-se de uma coisa aguda e
inofensiva. Você tem febre porque está resfriado.
– Primeiro – replicou Hans Castorp, subdividindo o seu discurso em “primeiro” e
“segundo” –, não compreendo por que com uma febre inofensiva – admitamos que exista uma
coisa dessas – por que com uma febre inofensiva a gente deva ficar na cama, e com outra febre
não. E segundo, já lhe disse que o resfriado não me fez mais quente do que eu estava antes. Na
minha opinião – concluiu – 37,6 é igual a 37,6. Se vocês podem passear com uma temperatura
dessas, eu também posso.
– Mas quando cheguei aqui tive que permanecer deitado durante quatro semanas –
objetou Joachim. – E só quando verificaram que a cama não fazia desaparecer a febre foi que me
deram licença para levantar-me.
Hans Castorp sorriu.
– E daí? – perguntou. – Eu pensava que o seu caso fosse diferente. Tenho a impressão de
que você se contradiz a si mesmo. Primeiro estabelece uma diferença e logo depois equipara. Isto
é lero-lero...
Joachim deu meia-volta sobre os calcanhares, e quando novamente se dirigiu ao primo,
viu que seu rosto trigueiro se tornara ainda mais escuro.
– Não, senhor – disse ele. – Não equiparo nada. Quem faz confusão é você. Eu acho
apenas que você anda resfriadíssimo. Basta ouvir a sua voz. E você deveria meter-se na cama para
abreviar a coisa, uma vez que tenciona partir na semana que vem. Mas, se não quiser... quer dizer,
se não tiver vontade de ficar na cama, deixe. Eu não lhe dou ordens. Em todo caso está na hora
do segundo café da manhã. Ligeiro, já estamos atrasados.
– Perfeitamente. Vamos então – disse Hans Castorp, afastando os cobertores. Entrou no
quarto, para arrumar o penteado com a escova. Enquanto o fazia, Joachim foi ao lavatório a fim
de olhar mais uma vez o termômetro, como Hans Castorp observou de longe. Depois desceram,
sem falar, e voltaram a instalar-se nos seus lugares, na sala de refeições, que, como sempre a essa
hora, resplandecia branca de tanto leite.
Quando a anã levou a Hans Castorp a cerveja Kulmbach, este a recusou com um ar de
grave renúncia. Preferia hoje não tomar cerveja; não beberia nada, obrigado; quando muito, um
copo d'água. Isso causou surpresa a seu redor. Mas como? Que novidades eram aquelas? Por que
não queria cerveja?
– Tenho uma temperatura levemente elevada – disse Hans Castorp displicentemente. –
37,6. Coisa insignificante.
Eis que todos o advertiram com o dedo. Era estranho de ver. Tornavam-se
engraçadinhos, inclinavam a cabeça para o lado, piscavam um olho e coçavam a orelha com o
indicador, como para ouvirem melhor as coisas escabrosas, picantes, a respeito de alguém que até
então se fingira inocente.
– Ora, ora, meu amigo! – disse a professora, e suas faces ruborizaram-se, enquanto o
advertia sorrindo. – Ouve-se cada coisa! Vejam só!
– Imaginem! – gritou a Srª. Stöhr, enquanto erguia o curto dedo avermelhado à altura do
nariz. – Ele tem tempus, o nosso visitante. Essa é boa! Que grande gozador!
A própria tia-avó, na outra extremidade da mesa, advertiu-o com o dedo, irônica e
manhosamente, quando a novidade chegou até ela. A bela Marusja, que até então mal prestara
atenção a ele, inclinou-se para enxergá-lo melhor e olhou-o com seus grandes olhos redondos,
apertando contra os lábios o lencinho perfumado de flor de laranjeira. Também o Dr.
Blumenkohl, ao qual a Srª. Stöhr acabava de comunicar o fato, não pôde deixar de fazer o gesto
que todos faziam. Unicamente Miss Robinson mostrou-se indiferente e reservada como sempre.
Joachim, numa atitude muito correta, mantinha os olhos baixos.
Hans Castorp, satisfeito pelo interesse que despertava, acreditou ser do seu dever
desmenti-los modestamente.
– Não, senhores – disse –, estão enganados. A minha febre é a coisa mais inofensiva que
se pode imaginar. Estou apenas resfriado. Estão vendo: meus olhos lacrimejam, tenho o peito
opresso, e ando tossindo a noite toda. É bastante desagradável. – Mas eles não aceitaram as suas
desculpas; riam-se, e com a mão faziam-lhe sinais, para que deixasse de insistir, enquanto
gritavam: – Sim, sim, sim! É conversa fiada! Já se conhece essa do resfriado, já se conhece! – E
todos exigiram subitamente que Hans Castorp se apresentasse sem demora a um exame médico.
Essa notícia excitara-os. Dentre as sete mesas foi esta, durante o café da manhã, a mais animada.
Sobretudo a Srª. Stöhr, com o estúpido rosto todo vermelho por cima do jabô, e com pequenas
gretas na pele das faces, demonstrou uma loquacidade quase frenética. Pôs-se a fazer digressões a
respeito da natureza fascinante da tosse. Sim, era mesmo uma distração e um prazer sentir como
no fundo do peito se intensificava e crescia o prurido, que as pessoas procuravam, por assim
dizer, pegar, esforçando-se convulsivamente e comprimindo-se para acalmar a irritação. E um
divertimento análogo era oferecido pelo espirro, quando o desejo de soltá-lo aumentava
poderosamente e se tornava irresistível, a ponto de a gente, como que inebriada, fazer algumas
respirações violentas, antes de se entregar com delícia, esquecendo o resto do mundo ante a
felicidade da explosão. E essa delícia podia produzir-se duas ou três vezes seguidas. Eram esses
os prazeres gratuitos da vida, entre os quais também figurava o de coçar as frieiras, na primavera,
quando elas picavam tão docemente – coçar-se com um fervor cruel, até sair sangue,
abandonando-se à raiva e ao gozo, e quem, por acaso, se olhasse no espelho, num momento
desses, depararia com uma careta diabólica. Com essa minúcia horrorosa, a inculta Srª. Stöhr
discursou até o fim da curta mas substanciosa refeição intermediária. Então, os dois primos
começaram o seu segundo passeio matinal, que os levaria a Davos-Platz. Joachim andava meio
absorto e Hans Castorp, gemendo de tão resfriado que estava, dava pigarros do fundo do peito
enferrujado. Ao regressarem, Joachim disse:
– Vou lhe fazer uma proposta. Hoje é sexta-feira. Amanhã, depois do almoço, tenho o
meu exame mensal. Não se trata de um exame geral; o Behrens percute um pouquinho e manda o
Krokowski tomar notas. Você poderia me acompanhar e pedir que aproveitem a ocasião para
auscultá-lo rapidamente. É mesmo ridículo... Se isso lhe acontecesse em casa, mandaria chamar o
Heidekind. E aqui onde temos dois especialistas, você dá passeios, sem ter ideia a quantas anda
nem a que ponto vai a infecção; nem sequer sabe se não seria melhor meter-se na cama.
– Ótimo! – disse Hans Castorp. – Boa ideia! Claro que posso fazer isso. Será até
interessante para mim assistir a um exame médico.
Estava, pois, tudo combinado, e, quando chegaram ao sanatório, quis o acaso que
encontrassem o Dr. Behrens em pessoa. Assim tinham uma oportunidade favorável para
formular imediatamente o seu pedido.
Da ala avançada do edifício saía o alto vulto de Behrens, com o pescoço vigoroso, as
faces azuladas e os olhos saltados. Tinha o chapéu-coco atirado para trás e um charuto na boca.
Parecia em plena atividade, a ponto de se dirigir para a aldeia, a fim de visitar sua clientela
particular. Segundo declarou, acabava de trabalhar na sala de operações.
– Salve, cavalheiros! – exclamou. -sempre passeando, hein? Que tal o mundo grã-fino? Eu
volto justamente de um duelo desigual, a faca e serra. Um caso sério, sabem? Ressecção de
costelas. Antigamente ficavam na mesa uns cinquenta por cento. Agora temos mais jeito, mas
ainda acontece que o prazer se acabe antes do fim, mortis causa. Bem, o de hoje não era nenhum
desmancha-prazeres. Por enquanto aguenta firme... Uma coisa louca, um tórax humano que já se
foi todo. É uma pasta mole, sabem? Nada bonito! Por assim dizer, uma leve adulteração da
ideia!... Bem, e os senhores? Como vai a prezada constituição? A existência é mais divertida a
dois; não é, Ziemssen, velha raposa? Mas, por que está chorando, senhor turista? – acrescentou,
dirigindo-se de repente a Hans Castorp. – É proibido chorar em público. É contra o regulamento
da casa. Se todo mundo fizesse isso...
– É por causa do meu resfriado, doutor – respondeu Hans Castorp. – Não sei onde o
peguei, mas estou com uma gripe terrível. Tenho também tosse, e meu peito está opresso...
– Vejam só! – exclamou Behrens. – Nesse caso, talvez fosse conveniente consultar um
bom médico.
Os dois desataram a rir, e Joachim explicou, juntando os calcanhares:
– É o que tencionávamos fazer, senhor conselheiro. Amanhã é o dia do meu exame, e
queríamos justamente pedir-lhe que tivesse a bondade de auscultar meu primo na mesma ocasião.
Trata-se. de saber se ele poderá partir na terça-feira.
– S.a.o. – disse Behrens. -sempre às ordens! Com o maior prazer. Já deveríamos ter feito
isso há muito tempo. Quem está aqui em cima não deve deixar de aproveitar a oportunidade.
Mas, afinal de contas, a gente não quer insistir. Pois então, amanhã às duas, logo depois da boia.
– É que tenho também um pouco de febre – recomeçou Hans Castorp.
– Não diga! – gritou Behrens. – O senhor me conta uma grande novidade. Pensa que não
tenho olhos para ver? – E com o formidável indicador apontou para os dois bugalhos injetados,
lacrimosos, de um azul úmido. – A propósito, qual é a sua temperatura?
Hans Castorp disse-a timidamente.
– Já de manhã? Nada mau! Para um principiante não lhe falta talento. Pois é, está
combinado, amanhã às duas apareçam os dois. Será uma grande honra para mim. Boa digestão! –
E com os joelhos dobrados, remando com as mãos, pôs-se a descer pelo caminho íngreme,
enquanto a fumaça do charuto se desfraldava atrás dele.
– Está tudo arranjado como você desejava – disse Hans Castorp. – Não podia, ser
melhor. Agora tenho hora marcada. No meu caso, ele não poderá fazer grande coisa. O máximo
que me prescreverá será um xarope ou um peitoral, mas de qualquer jeito é agradável receber um
pouco de reconforto por parte de um médico, para quem se sente tão mal como eu. Só queria
saber por que ele usa essa linguagem exagerada e cínica. No começo me diverti com isso, mas
agora não acho mais graça nenhuma. “Boa digestão!” Horrível! Pode-se dizer: “Bom proveito!”
“Proveito” é uma palavra de certo cunho poético, assim como “o pão nosso de cada dia”, e se
harmoniza bem com o adjetivo “bom”. Mas “digestão” é termo puramente fisiológico, e fazer
votos pelo seu desenvolvimento feliz parece-me pura blasfêmia. Também não me agrada ver
como ele fuma. Isso me deixa nervoso, porque sei que o charuto não lhe faz bem e o põe
melancólico. Settembrini diz que a jovialidade de Behrens é forçada, e Settembrini é,
indiscutivelmente, um homem crítico, de juízo seguro. Eu mesmo deveria, talvez, formar com
mais frequência uma opinião própria, em vez de aceitar as coisas como se apresentam. Nesse
ponto, ele tem toda a razão. Mas acontece, então, que enquanto se está disposto a julgar, a
criticar, a escandalizar-se, de repente se intromete qualquer coisa completamente diversa, que
nada tem a ver com o juízo, e logo se acaba a indignação moral, e a república e o belo estilo só
nos parecem insípidos...
Murmurou ainda algumas palavras indistintas. Tinha-se a impressão de que ele mesmo
não sabia com clareza o que queria dizer. O primo limitou-se a olhá-lo de lado e disse:
– Até logo. – E ambos se dirigiram aos seus quartos e às respectivas espreguiçadeiras.
– Quanto? – perguntou Joachim depois de algum tempo, em voz abafada, apesar de não
ter observado como Hans Castorp tornara a consultar o termômetro. Este respondeu num tom
indiferente:
– Nada de novo.
continua pág 114...
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Leia também:
Capítulo II
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Capítulo III
Capítulo IV
O termômetro (b)
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
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