O Idiota
Fiódor Dostoiévski
Tradução portuguesa por José Geraldo Vieira
Segunda Parte
10.
continuando...
Era evidente que ele se reanimava por acessos e supetões. Vinha a si, de repente, do atual delírio, por uns poucos minutos; recordava-se e falava em estado de completa consciência, principalmente em frases desconexas que talvez tivesse pensado ou aprendido de cor em suas longas horas de enfadonha doença, no leito, na solidão das vigílias.
- Bem, adeus - repetiu de modo abrupto - Pensam que me
é fácil dizer-vos adeus? Ah! Ah! - riu de sua grosseira pergunta e, furioso por não
conseguir dizer o que queria, gritou, irritado: - Excelência, tenho a honra de
convidá-lo para os meus funerais, caso ache que eu mereço tal honra... E todos
vós, senhoras e cavalheiros, acompanhados pelo general! - riu outra vez, mas era
o riso de um louco.
Lizavéta Prokófievna correu para ele assustada e o segurou
pelo braço. Ele a olhou com atenção, com o mesmo riso parado e glacial.
- Sabem que vim para cá para contemplar as árvores? Aquelas ali! - e
apontou para as árvores do parque - Será isso ridículo, será? Não haverá nada de
ridículo nisso? - perguntou com ar sério para Lizavéta Prokófievna, acabando por
ficar imerso em pensamentos; um minuto depois soergueu a cabeça e começou
com ar perscrutador a encarar todo o grupo; procurava Evguénii Pávlovitch que
estava de pé, bem perto, à direita dele, no mesmo lugar de antes; mas, como
tinha esquecido, o procurava. - Ah, o senhor não foi embora! - encontrara-o, por
fim - O senhor ainda há pouco estava rindo por eu querer discursar da janela
para a rua, durante um quarto de hora... Mas saberá o senhor que ainda não fiz
dezoito anos? Descansei tanto sobre o meu travesseiro, tanto espiei através da
janela, tanto e tanto pensei sobre tudo e sobre todos... que... um homem morto
não tem idade, anote bem isso. Foi o que eu pensei na semana passada ao passar
as noites acordado... E quer saber que é que o senhor receia acima de tudo? Antes
de mais nada o senhor receia a nossa sinceridade, muito embora nos
menospreze! A senhora pensou que eu queria me rir da senhora, Lizavéta
Prokófievna! Não, eu não me estava rindo da senhora, eu só queria lhe ser
agradável. Kólia me disse que o Príncipe achava que a senhora não passava de
uma criança... e é isso mesmo... Sim... mas, sim o quê? Que é que ia dizer?... - tapou a cara com as mãos e ficou a refletir. - Ah, sim, quando a senhora disse
ainda agora “Adeus!” me veio logo este pensamento:
“Esta gente toda aqui não existirá mais, nunca mais, para mim! E estas árvores
também... Não haverá mais nada para mim a não ser a parede de tijolos
vermelhos, as paredes da casa de Meyer... em frente da minha janela... Bem,
dize-lhes tudo isso.., tenta dizer-lhes; ali está uma beleza de rapariga.., que
adianta? Estás morto, sabes? Apresenta-te como homem morto; dize-lhes que o
homem morto tem licença de dizer o que quiser... e que a Princesa Maria
Aleksiéievna não achará isso defeito! (Princesa Maria Aleksiéievna - alusão à
comédia de Griboiédov, A Desgraça de Ter Inteligência, em que Famússov
exclama em
uma passagem diretamente ligada ao título: “Meu Deus, que não dirá agora a
Princesa
Maria Aleksiéievna?” N. do T.) Ah! Ah! Não se riem?... - olhou-os a todos, um
por um, com ar desconfiado - Não sabem de que ideias me vêm à cabeça quando estou com ela pousada no
travesseiro! E mais, estou convencido de que a natureza é muito irônica...
Disseram ainda há pouco que sou um ateu, mas conhecem ou não conhecem os
caprichos da natureza?... De que é que estão rindo, outra vez? São terrivelmente
cruéis - rematou com uma indignação lúgubre, olhando-os a
todos. - Eu não corrompi Kólia - concluiu, em um tom inteiramente outro, sério
e convicto, como se recordando outra vez de qualquer coisa.
- Ninguém,
ninguém está rindo de você, aqui. Não se aborreça - disse Lizavéta Prokófievna,
aflita - Amanhã virá um novo médico. O outro estava errado. Sente-se, você
nem pode se suster nas pernas! Está delirando... Ah! Que é que vamos fazer com
ele, agora? - perguntou, ansiosamente, fazendo-o sentar- se na poltrona.
Uma lágrima brilhou em sua face. Ippolít parou, como que espantado. Ergueu a
mão, esticou-a timidamente e tocou a lágrima. Sorriu um sorriso de criança.
- Eu... lhe... - começou ele, jubiloso - a senhora nem imagina quanto eu... Ele
sempre me falava tão entusiasticamente da senhora, ele, ali - e apontou Kólia. -
Eu gosto do entusiasmo dele. Eu nunca o corrompi! É o único amigo que deixo...
Bem gostaria eu de deixar um amigo em cada um, em cada um, mas não me
resta senão ele... Eu pensava fazer muito, eu tinha o direito... Oh! Quanto eu
desejava! Mas agora não desejo nada. Não quero desejar nada. A mim mesmo
me prometi não desejar nada; eles que procurem a verdade sem mim! Sim, que
a natureza é irônica, é! Por que - resumiu ele com veemência - cria ela os
melhores seres apenas para se rir deles, depois? Foi obra dela a única criatura
reconhecida sobre a terra como perfeição... foi ainda ela quem mostrou essa
criatura aos homens, como foi ela quem decretou que essa criatura dissesse tais
palavras pelas quais tanto sangue foi derramado, tanto, tanto que, se o fosse de
uma só vez, todos os homens se teriam afogado nele. Ah! Bem bom é que eu vá
morrer! Talvez também eu viesse a proferir alguma mentira horrível, a natureza
me teria feito cair nessa armadilha... Mas eu não corrompi ninguém. Eu queria
viver para a felicidade de todos os homens, só para descobrir e proclamar a
verdade... Olhando através da janela para as paredes de Meyer, sonhei discursar
apenas pelo espaço de um quarto de hora, o bastante para convencer todo o
mundo, todo o mundo! E ao menos, uma vez na minha vida, encontrei os
senhores, já que não tenho outros; e vejam só: o que resultou de tudo isso? Nada!
O que resultou de tudo isso é que também aqui me desprezam! Portanto, não
passo de um doido! Portanto, não sou necessário aqui! Portanto, já é tempo que
eu me vá! Não consegui deixar atrás de mim nenhuma memória, nenhum eco,
nem traço, nenhuma ação; não preguei sequer uma única verdade!... E não riam
do camarada louco! Esqueçam! Esqueçam tudo! Esqueçam, por favor, não
sejam assim tão cruéis! Sabem, porventura, que se não me tivesse sobrevindo
esta tuberculose eu me mataria?
E ainda parecia estar para dizer muito mais coisas, mas não disse.
Recostou-se para trás, na poltrona, cobriu a cara com as mãos e começou a
chorar feito criança pequena.
- Que é que vamos fazer com ele, agora?! - exclamava Lizavéta Prokófievna
que, se inclinando sobre ele, lhe tomou a mão, apertando-a de encontro ao peito.
Ele soluçava convulsivamente. - Ora vamos, vamos, não chore, que é isso?
Vamos, chega! Você é um bom rapaz. Deus lhe perdoará, levando em conta a
sua ignorância! Vamos, chega; seja homem! Olhe que depois se envergonhará
do que está fazendo!
- Longe, bem longe - disse Ippolít, tentando soerguer a
cabeça -, tenho um irmão e irmãs, ainda bem pequeninos! Pobres inocentes... Ela
os corromperá. A senhora, que é uma santa, é uma criança também como eles...,
salve-os, tire-os daquela mulher.. Ela... Oh! Que desgraça... Ajude-os, ajude-os!
Deus lhe pagará centuplicadamente. Pelo amor de Deus, pelo amor de Cristo!
-
Iván Fiódorovitch, escuta, homem, vamos, responde: que é que vamos fazer com
ele agora?! – gritava Lizavéta Prokófievna. exasperada - Faze-me o favor de
romper com esse teu silêncio majestático! Se não te resolves a nada, fica
sabendo desde já que passarei a noite aqui nesta casa tratando deste moço. Não
me tiranizes, estou farta de despotismos!
Aos brados, nervosa, colérica, Lizavéta
Prokófievna esperava uma resposta imediata. Mas em muitos casos, como no
exemplo de agora, quem assiste a coisa deste gênero tende a receber as
perguntas em silêncio total, com interesse passivo, não querendo assumir
responsabilidade nenhuma; e só muito depois de tudo isso passado que exterioriza
sua opinião. Entre as pessoas ali presentes em tal circunstância, algumas havia,
capazes de continuar sentadas naquela varanda até pela manhã sem proferir uma
única palavra. Citemos um exemplo: Varvâra Ardaliónovna. Permanecia sentada
bem perto, Ouvia tudo com uma atenção extraordinária, mas nem mesmo nos
momentos mais críticos emitira a menor opinião; decerto, tanto esse seu silêncio
como essa curiosidade estavam sendo superintendidos por motivos específicos.
Finalmente, o general deu o seu parecer: - A meu ver, querida, do que mais se
precisa aqui, no momento, é de uma enfermeira e não de uma criatura agitada
como tu. Sim, uma pessoa sensata, equilibrada, de confiança, que passe a noite
tomando conta do doente. O melhor é falarmos com o príncipe. Seja como for...
o doente tem de ficar em paz. E amanhã, então. tomaremos providências,
voltaremos ao caso.
E nisto Doktorénko, de modo ao mesmo tempo irritado e irritante, se
dirigiu ao príncipe:
- Já é meia-noite! Temos de ir embora! Afinal, ele vem conosco ou fica com o
senhor?
- Não seria preferível o senhor ficar aqui fazendo companhia a ele? Há lugar de
sobra - redargüiu o príncipe.
- Excelência! - era Keller, que embarafustou inesperadamente até chegar bem
perto do General Epantchín - Se precisam de um homem de confiança para passar a noite aqui com o rapaz.
estou pronto a sacrificar-me por um amigo... É uma alma tão boa! Ah,
Excelência, não imagina! Não é de hoje que eu considero este rapazinho como
sendo um gênio! Não é instruído, é claro, vê-se logo, mas que as palavras dele
são pérolas, lá isso são, Excelência!
O general afastou-se, com desdém.
Enquanto isso o príncipe raciocinava alto, levado pelas considerações de Lizavéta
Prokófievna:
- De fato seria mais conveniente ele ficar aqui, já que tem dificuldade até em
andar.
E ela, cada vez mais alvoroçada:
- Mexa-se, príncipe! Ou está dormindo? Olhe, se não o quer aqui, meu caro, eu
levo conosco o doente para a minha casa. (Deus do Céu, pois se até o príncipe,
também, está que nem se pode suster em pé!) Você também está sentindo
alguma coisa?!
Ao entrar, aquela noite, com as filhas em visita ao príncipe, Lizavéta Prokófievna
não o encontrara, conforme sua imaginação supunha, às portas da morte. E ele,
para a tranquilizar, aparentara estar muito melhor do que de fato estava; mas, já
agora, o incidente com o “filho de Pavlíchtchev”, com a barafunda suscitada por
Ippolít, tudo, somado à sua doença ainda recente e a recordações inerentes,
trabalhara a sua sensibilidade delicada, pondo-o no limiar da febre. Certa
ansiedade amedrontadiça podia ser notada nos seus olhos que não largavam
Ippolít, como à espera de mais alguma coisa. E eis que de repente Ippolít se
levantou horrivelmente lívido, com o rosto deformado por uma expressão de
vergonha terrível e desesperadora. Tal aspecto estava mais nítido principalmente
no olhar que verrumava o grupo com chispas de ódio e pavor, muito embora os
lábios se contorcessem em um arreganho abjeto. Circunvagou o olhar sempre
com o mesmo fulgor até
encontrar Burdóvskii e Doktorénko que se achavam nos degraus da varanda. E
correu para eles.
- Ah! Era isto que eu temia! - exclamou o príncipe - Tinha de se dar!...
Lá dos
degraus Ippolít se voltou depressa para ele e, com os traços todos da fisionomia
vibrando de raiva demoníaca, o apostrofou:
- Há! “Era isto que eu temia”, hein?
Mas “tinha de se dar”, Hein? Pois deixe que lhe diga: se há aqui alguém que eu
deteste - vociferou, cuspindo, com um guincho estridente - olhe que a todos aqui
eu detesto, a todos, todos - é o senhor, alma jesuítica, visguenta, milionário idiota,
filantropo reles! Ao senhor detesto mais do que aos outros e a tudo o mais no
mundo! Eu o compreendi logo e o detesto desde muito tempo, quando apenas o
conhecia de ouvir falar a seu respeito. Detestava-o já com todo o ódio da minha
alma... E tudo isto foi elucubração sua. O senhor me conduziu a esta ruína que
aqui está. O senhor arrastou um homem quase morto até à vergonha! O senhor, o
senhor, o senhor é o culpado desta minha abjeta covardia! Eu o mataria, se eu
tivesse que continuar a viver! Não quero, não preciso da sua benevolência, não
preciso de nada, de nada, está ouvindo? De ninguém! O senhor me pegou em
delírio, mas agora ouse triunfar, se é capaz! Eu os amaldiçoo, a todos, a todos! - e a essa altura, ficou sufocado.
- Ele se envergonhou de ter chorado! - sussurrou Liébediev ao ouvido de Lizavéta
Prokófievna. - Isso “tinha de se dar”; o príncipe - bravos! - viu bem certo através
dele.
Lizavéta Prokófievna, porém, nem se dignou olhá-lo de esguelha. Estava de pé,
ereta, altiva, a cabeça um pouco para trás, examinando “toda essa ralé” com
uma curiosidade desdenhosa. Quando Ippolít acabou, o general encolheu os
ombros. Sua mulher olhou-o, medindo-o de alto a baixo, colericamente, como a
exigir uma explicação a esse movimento de ombros, mas logo se voltou para o
príncipe.
- Temos de lhe agradecer, príncipe, sim, ao senhor, o excêntrico amigo de nossa
família, a agradável noite que nos proporcionou. Suponho que o seu coração se
rejubila agora por ter conseguido arrastar- nos até ao âmago de sua loucura...
Basta, meu caro amigo. Muito obrigada por nos ter dado uma visão bem clara. Afinal, do que o senhor é? - e com modos indignados começou a arranjar o manto,
esperando “essas pessoas aí” desaparecerem, para então sair.
Um fiacre chegou
nesse momento para os levar. Doktorénko mandara, um quarto de hora antes, o
filho de
Liébediev, um garoto de colégio, ir buscar um carro de praça. Imediatamente,
depois da esposa, o General Epantchín conseguiu deitar a palavra; também.
-
Sim, com efeito, príncipe! Eu nunca poderia esperar por uma coisa destas, depois
de tudo, depois de todas as nossas amistosas relações... E, de mais a mais,
Lizavéta Prokófievna...
- Não, não, arre! Como se pode fazer uma coisa destas? - exclamou Adelaída,
aborrecida com seus pais. E aproximando-se do príncipe, estendeu- lhe a mão.
Ele somente pôde responder com um sorriso apalermado. E já em seus ouvidos
soava uma outra voz bem feminina. Era Agláia: - Se não expulsar daqui para
fora toda essa gente sórdida, eu... eu o odiarei por toda a minha vida!... Por toda a
minha vida! - tinha um ar frenético e se virou antes que ele a pudesse olhar.
Todavia, já agora, quem, e o que poderia ele escorraçar, visto os outros terem
carregado com o doente e com ele terem partido?
- Afinal? Decides-te ou não, Iván Fiódorovitch? Até que, horas devo eu aturar
este resto de espetáculo?
- Está bem, está bem, querida, estou às tuas ordens. Príncipe... - e Iván
Fiódorovitch estendeu a mão para o príncipe que nem a pôde apertar, pois o
general abalou atrás de Lizavéta Prokófievna que descia os degraus da varanda,
furiosa, praguejando.
Aleksándra, Adelaída e o noivo desta despediram-se do príncipe com
demonstrações de afeto. O mesmo fez Evguénii Pávlovitch que era o único de
bom-humor.
- Desde que vi essa gente, príncipe, previ o desfecho. Apenas lamento que o meu
pobre amigo tivesse de passar horas tão ruins - sussurrou, com um sorriso
encantador.
Agláia foi embora sem dizer adeus.
Mas as peripécias dessa noite
não haviam acabado. Lizavéta Prokófievna ainda teria de se defrontar com outra
surpresa. Ainda não tinha acabado de descer os degraus que davam da varanda
diretamente sobre a estrada que marginava o parque, quando uma carruagem
magnífica, puxada quase a galope por dois cavalos brancos, se aproximou da
vila. Dentro da caleça estavam duas senhoras vestidas espaventosamente. A
caleça passou, mas a alguns metros da casa os cavalos foram sofreados com
estardalhaço. E uma das senhoras, como se houvesse reconhecido
repentinamente uma pessoa com quem precisasse falar, se voltou, começando a
dizer alto, com uma voz cristalina:
- Evguénii Pávlovitch. És tu, querido?
De onde se achava, o príncipe se sobressaltou e talvez mais alguém. Mas a voz
continuava:
- Ah! Como foi bom te haver encontrado, afinal!... Imagina tu que mandei um
mensageiro, isto é, dois, dois mensageiros à cidade! E estiveram o dia inteiro à
tua procura!
Evguénii Pávlovitch parou no último degrau, como fulminado. Lizavéta
Prokófievna também se deteve, mas sem ficar petrificada, pondo-se apenas a
encarar a audaciosa personagem com o mesmo desprezo frio e a mesma altivez
fremente com que, cinco minutos antes, encarara “aquela ralé ignóbil”. Depois
volveu um olhar firme para Evguénii Pávlovitch.
E lá da caleça a voz cristalina
continuava:
- As notícias são ótimas, sabes? Não te inquietes mais por causa das
promissórias que estavam com o Kupfer. Rogójin comprou-as por trinta mil
rublos. Acabei por persuadi-lo. Arranjei-te sossego para mais três meses. Quanto
a Biskúp e toda a sua canalha, não te aflijas que daremos um jeito por intermédio
de amigos. Vês? Tudo se aplainou. Fica tranquilo, querido. Até amanhã!...
E a carruagem rodou, logo desaparecendo. Rubro de indignação, depois lívido de
espanto, Evguénií Pávlovitch olhava agora em redor, muito espantado,
raciocinando em voz alta: “Quem será essa criatura? Promissórias?... Quais
promissórias? Não tenho a menor ideia do que isto signifique...”
Lizavéta Prokófievna continuou a fixá-lo ainda por uns dois minutos mais. Por
fim embarafustou estrada adiante, rumo a casa, todos os demais procurando
acompanhá-la.
Um minuto depois Evguénii Pávlovitch voltou à varanda, onde ainda se achava o
príncipe, e, extremamente agitado, lhe perguntou: - Príncipe, porventura não
saberá o que significa essa... história?
- Não sei de nada, não entendi coisa
nenhuma - respondeu o príncipe, entregue também ele a um estado de angustiosa
tensão.
- Deveras? Que significará tudo isso?
- Não sei... Não posso atinar...
Afinal Evguénii Pávlovitch deu de ombros, com uma espécie de riso
espasmódico:
- Promissórias? Eu, assinar promissórias? Isso é algum engano! Não é
comigo! Dou-lhe a minha palavra de honra. Mas, que é isso? Está se sentindo
mal? Está desmaiando, príncipe?
- Eu? Oh! Não: não!... Asseguro-lhe que não...
continua página 265...
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