sábado, 4 de janeiro de 2025

Marcel Proust - No Caminho de Swann (III - um amor de swann, A sra. Cottard era modesta - i)

em busca do tempo perdido


volume I
No Caminho de Swann


ao senhor gaston calmette
como um testemunho de profundo e afetuoso reconhecimento
— marcel proust


um amor de swann


III(i) 


     A sra. Cottard era modesta e falava pouco, mas não carecia de desembaraço quando uma feliz inspiração lhe sugeria uma frase a propósito. Sentia que faria sucesso, o que lhe proporcionava confiança, e sua atitude então era menos para brilhar que para ser útil à carreira do marido. Não deixou, pois, escapar a palavra “salada” que a sra. Verdurin acabava de pronunciar. 

— Não será a salada japonesa — disse ela a meia-voz, voltando-se para Odette.[1] 

     E encantada e confusa com a oportunidade e ousadia de fazer assim uma alusão discreta, mas clara, à nova e retumbante peça de Dumas, explodiu num riso encantador de ingênua, pouco bulhento, mas tão irresistível que ela permaneceu alguns instantes sem poder dominá-lo.

— Quem é essa senhora? Ela tem espírito — disse Forcheville. 
— Não, não é salada japonesa; mas prepararemos uma, se vierem todos jantar sexta-feira. 
— Vou parecer-lhe muito provinciana, senhor — disse a sra. Cottard a Swann —, mas ainda não vi essa famosa Francillon de que todo mundo fala. O doutor foi (lembro-me de que ele disse ter tido o grande prazer de passar a noite em sua companhia) e confesso que não achei razoável que ele adquirisse entradas para ir de novo comigo. Naturalmente que no Théâtre-Français nunca se considera uma noite perdida, os artistas trabalham sempre tão bem, mas como temos amigos muito amáveis (a sra. Cottard raramente pronunciava um nome próprio e contentava-se em dizer “amigos nossos”, “uma de minhas amigas”, por “distinção”, num tom artificial, e com o ar de importância de quem só nomeia a quem quer) que muitas vezes têm camarotes e a boa ideia de nos levar a todas as novidades que valham a pena, estou certa de ver Francillon mais dia, menos dia, e poder assim formar uma opinião. Mas devo confessar que me sinto muito atrasada, pois em todos os salões a que vou só se fala naturalmente nessa maldita salada japonesa. Começa a ficar um pouco cansativo — acrescentou, vendo que Swann não parecia tão interessado, como era de esperar, por tão palpitante atualidade. — Mas deve-se confessar que serve às vezes de pretexto a ideias muito divertidas. Tenho uma amiga que é muito original, embora bonita, e muito requestada, muito em moda e que diz ter mandado preparar a tal salada japonesa, mas com tudo o que Dumas filho indica na peça. Convidou algumas amigas para prová-la. Infelizmente eu não estava entre elas. Mas depois ela nos contou tudo; parece que era uma coisa detestável, fez-nos rir até as lágrimas. Mas bem sabe o senhor que tudo está na maneira de contar — disse ela ao ver que Swann conservava um ar grave.[2]

     E supondo que era talvez porque ele não gostava de Francillon:

— Aliás, acho que vou ter uma decepção. Não creio que se compare a Serge Panine, o ídolo da senhora de Crécy. Ao menos é um assunto que tem fundo, que faz refletir, mas dar uma receita de salada no palco do Théâtre-Français! Ao passo que Serge Panine! De resto, como tudo o que sai da pena de Georges Ohnet, é sempre tão bem escrito! Não sei se o senhor conhece o Mestre ferreiro[3] que eu preferiria ainda a Serge Panine.[4]

— Perdoe-me — disse Swann com um ar irônico —, mas confesso que é quase igual a minha falta de admiração por essas duas obras-primas. 
— É mesmo? Que é que o senhor lhes censura? É mera antipatia? Acha talvez que seja um pouco triste? Aliás, como eu sempre digo, nunca se devem discutir romances nem peças de teatro. Cada qual tem o seu modo de ver, e o senhor pode achar detestável aquilo de que eu mais gosto.

     Foi interrompida por Forcheville, que interpelava Swann. Com efeito, enquanto a sra. Cottard falava de Francillon, Forcheville expressava à sra. Verdurin a sua admiração pelo que ele chamava o pequeno speech do pintor.
 
— Que facilidade de expressão, que memória tem ele, como raramente encontrei — dissera à sra. Verdurin, quando o pintor se calou. — Quem me dera coisa igual! Daria um excelente pregador. Pode-se dizer que, com o senhor Bréchot, tem a senhora aí dois números que se valem, e até nem sei se, em matéria de falação, este não levaria vantagem ao professor. É mais natural, menos rebuscado. Embora de passagem tenha dito algumas coisas um pouco realistas (mas está no gosto da época), poucas vezes vi segurar a escarradeira com tanto jeito, como dizíamos no regimento, onde eu tinha no entanto um camarada que justamente ele me faz lembrar um pouco. A propósito de qualquer coisa, não sei como exemplificar, deste copo, por exemplo, ele podia falar durante horas; não, é tolice minha, a propósito deste copo, não; mas a propósito da batalha de Waterloo, de tudo o que quiser, e lançava-nos, de passagem, coisas em que a gente jamais teria pensado. Aliás o senhor Swann estava no mesmo regimento; deve tê-lo conhecido. 
— Avista-se seguidamente com o senhor Swann? — indagou a sra. Verdurin. 
— Mas não — respondeu o sr. Forcheville e, como desejava ser agradável a Swann para se aproximar de Odette, não quis perder aquela oportunidade de o lisonjear, referindo-se às suas boas relações, mas isso como homem de sociedade, num tom de crítica cordial, sem que parecesse felicitá-lo por um inesperado sucesso: — Não é, Swann? Que eu nunca vejo você? Também, como fazer para vê-lo? Esse animal está todo o tempo metido com os La Trémoïlle, os Laumes, toda essa gente!… — Imputação tanto mais falsa porquanto fazia um ano que Swann apenas frequentava a casa dos Verdurin. Mas o simples nome de pessoas a quem não conheciam era ali acolhido com profundo silêncio. Temendo a penosa impressão que deviam causar à esposa aqueles nomes de “maçantes”, principalmente quando lançados assim sem nenhum tato à face de todos os fiéis, o sr. Verdurin dirigiu-lhe a furto um olhar de inquieta solicitude. Viu que na sua resolução de não tomar conhecimento, de não se abalar com a novidade que acabavam de dizer-lhe, de não só permanecer muda, mas também surda, como o fingimos quando um amigo faltoso procura insinuar na conversa uma desculpa que pareceríamos aceitar se a ouvíssemos sem protesto, ou quando pronunciam em nossa presença o nome vedado de um ingrato, a sra. Verdurin, para que o seu silêncio não tivesse a aparência de um consentimento, mas do silêncio ignorante das coisas inanimadas, despojara subitamente o rosto de qualquer sinal de vida e motilidade; sua fronte arqueada não era mais que um belo estudo de relevo onde não pudera penetrar o nome daqueles La Trémoïlle com quem Swann andava sempre metido; o nariz que levemente se franzira apresentava uma chanfradura que parecia copiada do natural. Parecia que sua boca entreaberta ia falar. Não passava de um molde de cera, uma máscara de gesso, uma maquete para um monumento, um busto para o Palácio da Indústria, diante do qual o público decerto pararia para admirar como o escultor, ao traduzir a imprescritível dignidade de Verdurin, em contraste com a dos La Trémoïle e dos Des Laumes que, como todos os maçantes do mundo, não estão nada acima deles, conseguira emprestar uma majestade quase papal à brancura e à rigidez do mármore.[5] Mas o mármore acabou por animar-se e deu a entender que era preciso não ser muito delicado de estômago para ir à casa deles, pois a mulher estava sempre embriagada e o marido era tão ignorante que dizia “minúncia” por minúcia. Nem que me pagassem, eu deixaria entrar essa gente em minha casa — concluiu a sra. Verdurin, olhando para Swann com um ar imperioso. 

     Por certo não esperava ela que Swann levasse a sua submissão a ponto de imitar a santa simplicidade da tia do pianista, que acabava de exclamar:

— Está vendo? O que me espanta é que ainda encontrem pessoas que consintam em falar com eles; eu creio que teria medo: quando menos se espera nos pregam alguma! E ainda há gente tão tola que anda atrás deles. 

     Que ao menos respondesse como Forcheville: “Mas é uma duquesa; há gente a quem isso ainda impressiona”, o que pelo menos teria permitido à sra. Verdurin replicar: “Que bom proveito lhes faça!”. Em vez disso, Swann se contentou em rir com um ar que significava que nem sequer poderia levar a sério tamanho disparate. Continuando a lançar olhares furtivos à mulher, o sr. Verdurin via com tristeza e compreensão que ela sentia a cólera de um Grande Inquisidor que não conseguisse extirpar a heresia; e para ver se induzia Swann a uma retratação, visto que a coragem das próprias opiniões sempre parece um cálculo e uma covardia àqueles contra quem se exerce, resolveu interpelá-lo:

— Diga-nos então francamente o que pensa, que não iremos repetir a eles.

     Ao que Swann respondeu:

— Mas não é absolutamente por medo à duquesa (se é dos La Trémoïlle que estão falando). Asseguro-lhes que todos gostam de frequentar sua casa. Não digo que ela seja “profunda” (pronunciou “profunda” como se fora uma palavra ridícula, pois sua linguagem ainda guardava traços de hábitos mentais que certa renovação, assinalada pelo amor da música, lhe fizera momentaneamente perder — algumas vezes externava calorosamente as suas opiniões), mas, com toda a sinceridade, ela é inteligente e o marido um verdadeiro letrado. São pessoas encantadoras.

     Tanto que a sra. Verdurin, vendo que por causa daquele único infiel não conseguiria efetivar a unidade moral do pequeno núcleo, na sua raiva contra aquele teimoso que não via quanto as suas palavras a faziam sofrer, não pôde deixar de bradar-lhe do fundo do coração: 

— Ache o que bem quiser, mas ao menos não nos diga. 
— Tudo depende do que o senhor chama de inteligência — disse Forcheville, que queria brilhar por sua vez. — Vejamos, Swann, que entende por inteligência? 
— Eis aí! — exclamou Odette —, eis aí as grandes coisas de que lhe peço que me fale, mas ele nunca me diz nada. 
— Como não? — protestou Swann. 
— Nada… nada… 
— Nada é peixe — disse o doutor. 
— A inteligência para você — tornou Forcheville — é a tagarelice mundana, as pessoas que sabem insinuar-se? 
— Acabe de uma vez para que possam mudar o seu prato — disse a sra. Verdurin num tom ríspido, dirigindo-se a Saniette, que parara de comer, absorto nas suas reflexões. E talvez um pouco envergonhada do tom que tomara: — Não faz mal, esteja a gosto, se eu falo assim é por causa dos outros, porque isso impede de servir os novos pratos. 
— Há — disse Brichot, martelando as sílabas — uma definição muito curiosa da inteligência nesse bom anarquista do Fénelon… 
— Escutem! — disse a Forcheville e ao doutor a sra. Verdurin —, ele vai dar-nos a definição da inteligência por Fénelon.[6] Muito interessante, não é todos os dias que se tem ocasião de aprender uma coisa dessas.

     Mas Brichot esperava que Swann desse antes a sua. Este não respondeu e, esquivando-se, fez gorar a brilhante justa que a sra. Verdurin se regozijava de oferecer a Forcheville.

— Naturalmente, é o que se dá comigo — disse Odette, amuada —, é bom que eu saiba que não sou a única pessoa que ele não julga à altura. 
— Esses de La Trémouaille que a senhora Verdurin nos apresentou como tão pouco recomendáveis — indagou Brichot, articulando com força — descendem acaso daqueles que essa boa esnobe da Madame de Sévigné se felicitava de conhecer, porque isso a elevava no conceito de seus campônios?[7] É verdade que a marquesa tinha um outro motivo, e que devia ser o principal, pois, literata como era até a medula, colocava acima de tudo a matéria escrita. Ora, no diário que enviava regularmente à filha, era a senhora de La Trémouaille, muito bem documentada pelo seu elevado parentesco, quem fazia a política estrangeira. 
— Não, não creio que seja da mesma família — disse ao acaso a sra. Verdurin. Saniette, que desde que entregara precipitadamente ao mordomo o seu prato ainda cheio, mergulhara num silêncio meditativo, saiu afinal de seu mutismo para contar, rindo-se, a história de uma ceia que fizera com o duque de La Trémoïlle e durante a qual ficara evidenciado que este não sabia que George Sand era o pseudônimo de uma mulher. Swann, que simpatizava com Saniette, julgou que deveria oferecer-lhe detalhes sobre a cultura do duque, que demonstrassem que tal ignorância era materialmente impossível da sua parte; mas de súbito estacou, acabava de compreender que Saniette não tinha necessidade daquelas provas e sabia que a história era falsa pelo simples motivo de que acabava de inventá-la. Aquele excelente homem amargurava-se de que os Verdurin o achassem tão aborrecido; e como tinha consciência de que estivera mais sem graça que de costume, não quisera que o jantar findasse sem ter dito alguma coisa divertida. Capitulou tão depressa, fez uma cara tão mortificada ao ver que falhara o efeito com que contava e respondeu a Swann num tom tão covarde para que este não se encarniçasse numa refutação agora inútil: “Está bem, está bem; em todo caso, mesmo que me engane, acho que não é nenhum crime”, que Swann desejaria poder dizer-lhe que a história era verdadeira e gostosíssima. O doutor, que os ouvira, teve a ideia de que seria o caso de dizer: “Se non è vero”, mas não estava seguro das palavras e receou atrapalhar-se.[8] 

     Depois do jantar, Forcheville dirigiu-se ao doutor.

— Ela não deve ter sido feia, a senhora Verdurin, e depois é uma mulher com quem se pode conversar, e para mim isso é tudo. Evidentemente começa a virar pipa. Mas a senhora de Crécy, aí está uma mulherzinha que tem um ar inteligente, ah!, caramba!, vê-se logo que essa tem um olho de lince! Estamos falando da senhora de Crécy — disse ele ao sr. Verdurin que se aproximava. — Acho que como corpo… 
— Antes encontrá-lo na minha cama que encontrar o diabo — disse precipitadamente Cottard, que desde alguns instantes esperava em vão que Forcheville tomasse fôlego para aplicar aquele velho chiste, temeroso de perder a oportunidade se a conversa tomasse outro rumo, e que ele disse com esse excesso de espontaneidade e segurança com que se procura mascarar a frieza e nervosismo inseparáveis de um recitativo. Forcheville, que conhecia o chiste, o entendeu e riu com gosto. Quanto ao sr. Verdurin, não regateou sua hilaridade, pois encontrara havia pouco um meio de simbolizá-la, muito diverso do que usava a mulher, mas igualmente simples e claro. Mal começava a fazer o movimento de cabeça e de ombros de quem não pode mais se conter, logo se punha a tossir como se, rindo demasiado forte, se houvesse engasgado com o fumo do cachimbo. E, conservando-o sempre no canto da boca, prolongava indefinidamente o simulacro de sufocação e de hilaridade. De modo que ele e a senhora Verdurin, a qual, em frente, ouvindo o pintor contar-lhe uma história, fechava os olhos antes de precipitar o rosto nas mãos, tinham ambos o aspecto de duas máscaras de teatro que figurassem diferentemente a alegria.

     O sr. Verdurin fez aliás muito bem em não retirar o cachimbo da boca, pois Cottard, que tinha necessidade de afastar-se um instante, disse a meia-voz uma frase aprendida há pouco e que repetia sempre que tinha de ir ao mesmo local: “Preciso ir falar um instante com o duque de Aumale”, de sorte que recomeçou o acesso de tosse do sr. Verdurin.[9]  

— Anda, retira o cachimbo da boca, bem vês que vai afogar-te retendo o riso dessa maneira — disse a sra. Verdurin, que vinha oferecer licores. 
— Que homem encantador o seu marido! Tem espírito como quatro — declarou Forcheville à sra. Cottard. — Obrigado, minha senhora. Um veterano como eu nunca recusa uma pinga. 
— O senhor de Forcheville acha Odette encantadora — disse o sr. Verdurin à mulher. — Pois precisamente ela teria muito gosto em almoçar um dia com o senhor. Vamos combinar isso, mas Swann não deve sabê-lo. O senhor compreende, ele tem um gênio que esfria tudo. Isso naturalmente não impedirá que o senhor venha jantar, esperamos que apareça muitas vezes. Agora, com o bom tempo que vai chegar, jantaremos seguidamente ao ar livre. Não lhe desagrada jantar no Bois? Muito bem, será uma grande gentileza da sua parte. — E você aí, não vai trabalhar no seu ofício?! — gritou ela ao pianista, para mostrar, ao mesmo tempo, diante de um novato da importância de Forcheville, o seu espírito e o seu domínio tirânico sobre os fiéis. 
— O senhor de Forcheville estava a me falar mal de ti — disse a sra. Cottard ao marido, quando este voltou ao salão. 

     E o doutor, ainda com a ideia da nobreza de Forcheville que o procurava desde o início do jantar, lhe disse:

— Estou tratando atualmente de uma baronesa, a baronesa Putbus. Os Putbus estiveram nas Cruzadas, não é? Possuem na Pomerânia um lago dez vezes maior que a praça da Concórdia. Tem uma artrite seca, é uma mulher encantadora. Aliás, creio que ela conhece a senhora Verdurin.

     Isso permitiu que Forcheville, quando um momento depois se viu a sós com a sra. Cottard, completasse o juízo favorável que formara a respeito de seu marido. 

— E depois tem uma palestra interessante, vê-se que conhece muita gente. O que não sabem esses médicos! 
— Vou tocar a frase da sonata para o senhor Swann — disse o pianista. 
— Que ao menos não seja a “serpent à sonates”! — disse o sr. Forcheville, para armar efeito. 

     Mas o dr. Cottard, que nunca ouvira esse trocadilho, não o compreendeu e supôs houvesse engano da parte de Forcheville. Aproximou-se vivamente para retificá-lo.

— Não, não é “serpent à sonates” que se diz, é “serpent à sonnettes” — esclareceu, num tom zeloso, impaciente e triunfal.

     Forcheville explicou-lhe o trocadilho.[10] O doutor enrubesceu.

— Confesse que é engraçado, doutor… 
— Oh!, eu o conhecia há muito tempo — retrucou Cottard. 

continua na página 176...
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Leia também:

Volume 1
No Caminho de Swann (III - um amor de swann, Como tudo o que cercava Odette - h)
No Caminho de Swann (III - um amor de swann, A sra. Cottard era modesta - i)
Volume 2
Volume 3
Volume 4
Volume 5
Volume 6
Volume 7
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[1] A tímida mulher do dr. Cottard refere-se à receita de salada que aparece na peça Francillon, de Alexandre Dumas Filho, salada japonesa composta de batatas, mexilhão e trufas “cozidas no champanhe”. [n. e.]
[2] A opinião de que o salão Verdurin respirava o verdadeiro gosto pela arte começa a mudar com o ciúme de Swann por Forcheville. Este, por sua vez, passa a encenar a admiração pela espirituosidade e sapiência vertiginosa dos convivas. [n. e.]
[3] Outra peça do mesmo autor de Serge Panine, Georges Ohnet, extraída de seu romance homônimo, que obteve enorme sucesso no Gymnase-Dramatique, em 1883. [n. e.]
[4] Dramalhão já citado páginas antes como uma das paixões artísticas de Odette. [n. e.]
[5] Construído para a Exposição de 1885, o Palácio da Indústria passou a servir em seguida ao Salão Anual de Arte Moderna. Em 1900 ele seria demolido, dando lugar ao Petit Palais e ao Grand Palais. [n. e.]
[6] Em seu Traité de l’existence et des attributs de Dieu, Fénelon (1651-1715) define a inteligência “real nas criaturas” como manifestação da “inteligência universal” de Deus. Ele não chega a ser um “anarquista”, como quer Forcheville, mas propunha modelos utópicos de sociedade em Les aventures de Télémaque (1699) e se opunha ao absolutismo, em sua Lettre à Louis XIV. [n. e.]
[7] Alusão a uma carta de Madame de Sévigné a sua filha, datada do dia 13 de novembro de 1675. [n. e.]
[8] O doutor não consegue chegar ao fim do provérbio italiano “Se non è vero, è bene trovato”, que significa “Se não é verdade, é bem achado”. [n. e.]
[9] O dr. Cottard erra no emprego da gíria que significava na época “fazer amor”. [n. e.]
[10] “Serpent à sonates” era o apelido da marquesa de Saint-Paul, excelente pianista, mas sem papas na língua. [n. e.]

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