domingo, 13 de abril de 2025

Stendhal - O Vermelho e o Negro: (XLIV)

Livro II

Ela não é galante,
não usa ruge algum.


Sainte-Beuve

Capítulo XLIV


     ASSIM QUE ELE SAIU, Julien chorou muito, e chorou por morrer. Aos poucos admitiu que, se a sra. de Rênal estivesse em Besançon, teria lhe confessado sua fraqueza.
     No momento em que mais lamentava a ausência dessa mulher adorada, ouviu os passos de Mathilde.
     A pior das desgraças na prisão, pensou, é não poder fechar a porta. Tudo o que Mathilde lhe disse não fez senão irritá-lo.
      Ela contou que, no dia do julgamento, o sr. de Valenod, tendo no bolso sua nomeação de governador, ousara zombar do sr. de Frilair e dar-se o prazer de condená-lo à morte.

 “Que ideia teve seu amigo”, disse-me o sr. de Frilair, “de querer despertar e atacar a pequena vaidade dessa aristocracia burguesa! Por que falar de casta? Ele indicou-lhes o que deviam fazer em seu interesse político: aqueles tolos não pensavam nisso e estavam dispostos a chorar. Esse interesse de casta veio mascarar, a seus olhos, o horror de condenar à morte. Se não conseguirmos salvá-lo pelo pedido de indulto, sua morte será uma espécie de suicídio...”

     Mathilde não chegou a dizer a Julien o que ela não suspeitava ainda: é que o abade de Frilair, vendo Julien perdido, acreditava útil à sua ambição aspirar a ser seu sucessor.
     Quase fora de si, à força de cólera impotente e de contrariedade, ele disse a Mathilde: Vá ouvir uma missa por mim e deixe-me um instante em paz. Mathilde, já muito enciumada pelas visitas da sra. de Rênal, e que acabava de saber de sua partida, compreendeu a causa da irritação de Julien e desfez-se em lágrimas.
      Julien via que o sofrimento dela era real, o que o deixou mais irritado. Ele sentia uma necessidade imperiosa de solidão, e como obtê-la?
     Por fim, depois de ter tentado todos os meios de comovê-lo, Mathilde o deixou só, mas quase no mesmo instante Fouqué apareceu.

– Tenho muita necessidade de ficar só, disse ele a esse amigo fiel... E, como o visse hesitar: Preparo uma apresentação para meu pedido de indulto... de resto... faça-me um favor, nunca me fale da morte. Se eu tiver necessidade de alguns serviços particulares nesse dia, deixa-me ser o primeiro a falar deles.

     Quando Julien conseguiu finalmente ficar só, sentiu-se mais acabrunhado e mais covarde do que antes. As poucas forças que restavam a essa alma debilitada haviam se esgotado em disfarçar seu estado à srta. de La Mole e a Fouqué.
     Ao anoitecer, uma ideia o consolou.
     Se esta manhã, no momento em que a morte me parecia tão feia, tivessem me chamado para a execução, o olhar do público teria sido o aguilhão da glória; talvez meu andar fosse um pouco rígido, como o de um vaidoso tímido que entra num salão. Algumas pessoas clarividentes, se há alguma entre esses provincianos, poderiam adivinhar minha fraqueza... mas ninguém a veria.
     E ele sentiu-se livre de uma parte de seu infortúnio. Sou um covarde neste momento, repetia-se cantando, mas ninguém o saberá.
     Um acontecimento quase ainda mais desagradável o esperava no dia seguinte. Há muito seu pai anunciava visitá-lo; naquele dia, antes de Julien despertar, o velho carpinteiro de cabelos brancos apareceu em seu cárcere.
     O acaso nos colocou um junto ao outro na terra, ele pensava, enquanto o guarda arrumava um pouco o cárcere, e nos fizemos quase todo o mal possível. Ele vem no momento de minha morte desferir-me o último golpe.
     As recriminações severas do velho começaram assim que se viram sem testemunhas.
      Julien não pôde conter suas lágrimas. Que indigna fraqueza!, pensou, com raiva. Em toda parte ele irá exagerar minha falta de coragem; que triunfo para os Valenod e para todos os hipócritas que reinam em Verrières! Eles são muito poderosos na França, reúnem todas as vantagens sociais. Até aqui, eu podia ao menos dizer-me: eles recebem dinheiro, é verdade, todas as honrarias se acumulam sobre eles, mas eu tenho a nobreza do coração.
     E eis que chega uma testemunha em quem todos acreditarão, e que comprovará a Verrières inteira, exagerando, que fui fraco diante da morte! Terei sido um covarde nessa prova que todos compreendem!
      Julien estava à beira do desespero. Não sabia como mandar embora o pai. E fingir de modo a enganar esse velho tão esperto estava completamente acima de suas forças naquele momento.
      Seu espírito percorria rapidamente todas as possibilidades.

Fiz economias!, exclamou de repente.

      Essa frase de gênio mudou a fisionomia do velho e a situação de Julien.

– Como devo dispor delas?, continuou Julien, mais tranquilo: o efeito produzido tirara-lhe todo o sentimento de inferioridade.

     O velho carpinteiro ardia de desejo de não deixar escapar esse dinheiro, do qual Julien parecia querer reservar uma parte aos irmãos. Ele falou longamente e com ardor. Julien conseguiu ser zombeteiro.

– Pois bem! Deus inspirou-me para o meu testamento. Darei mil francos a cada um de meus irmãos e o resto ao senhor.
– Muito bem, disse o velho, esse resto me é devido; mas, já que Deus deu-lhe a graça de tocar seu coração, convém pagar suas dívidas, se quiser morrer como bom cristão. Há ainda as despesas de sua alimentação e de sua educação, que adiantei, e nas quais não pensou...

     Eis aí o amor paterno!, repetia-se Julien com a alma compungida, quando finalmente ficou sozinho. Logo apareceu o carcereiro.

– Senhor, depois da visita dos pais, trago sempre a meus hóspedes uma garrafa do bom vinho de Champagne. Custa um pouco caro, seis francos a garrafa, mas é algo que alegra o coração.
– Traga três copos, disse Julien com uma pressa infantil, e faça entrar dois dos prisioneiros que escuto passearem pelo corredor.

     O carcereiro trouxe-lhe dois condenados reincidentes e que se preparavam para retornar aos trabalhos forçados. Eram celerados muito alegres e realmente notáveis pela astúcia, a coragem e o sangue-frio.

– Se me der vinte francos, disse um deles a Julien, contarei minha vida em detalhe. É maravilhosa. 
– Mas não irá mentir?, disse Julien.
– De modo nenhum, respondeu; meu amigo aqui presente, que está com inveja de meus vinte francos, me denunciará se eu não disser a verdade.

      Sua história era abominável. Mostrava um coração corajoso no qual não havia senão uma paixão, a do dinheiro.
     Depois que eles saíram, Julien não era mais o mesmo homem. Toda a cólera contra si mesmo desaparecera. A dor atroz envenenada pela pusilanimidade, a que se expusera desde a partida da sra. de Rênal, transformara-se em melancolia.

      Se eu tivesse sido menos enganado pelas aparências, pensava, teria visto que os salões de Paris estão repletos de homens honestos como meu pai, ou de patifes espertos como esses condenados. Eles têm razão, os homens de salão nunca se levantam de manhã com este pensamento pungente: como almoçarei? E orgulham-se de sua probidade! Chamados ao júri, condenam orgulhosamente o homem que roubou um talher de prata porque estava morto de fome. Mas há uma corte, trata-se de ganhar ou perder um cargo ministerial, e os honestos homens de salão cometem crimes exatamente iguais aos que a necessidade de almoçar inspirou a esses dois condenados...
      Não há de modo algum direito natural: essa expressão não passa de uma tolice antiga muito digna do promotor que me perseguiu outro dia, e cujo avô enriqueceu por um confisco de Luís XIV. Só há direito quando existe uma lei proibindo fazer tal coisa, sob pena de punição. Antes da lei, natural é somente a força do leão, ou a necessidade da criatura que tem fome, que tem frio, a necessidade, em suma... Não, as pessoas reverenciadas não passam de tratantes que tiveram a sorte de não serem pegas em flagrante delito. O acusador que a sociedade lança em meu encalço foi enriquecido por uma infâmia... Cometi um crime e fui justamente condenado, mas, salvo esse único ato, o Valenod que me condenou é cem vezes mais prejudicial à sociedade.
      Pois bem!, acrescentou Julien tristemente, mas sem cólera, apesar de sua avareza, meu pai vale mais que todos esses homens. Ele nunca me amou. E, como se não bastasse, venho desonrá-lo com uma morte infame. Esse medo de não ter dinheiro, essa noção exagerada da maldade dos homens que chamam avareza, fazem-no ver um motivo de consolo e de segurança numa quantia de trezentos ou quatrocentos luíses que posso lhe deixar. Num domingo depois do almoço, ele mostrará seu ouro a todos os invejosos de Verrières. A esse preço, lhes dirá seu olhar, qual de vocês não ficaria encantado de ter um filho guilhotinado?
      Essa filosofia podia ser verdadeira, mas inclinava a fazer desejar a morte. Assim passaram-se cinco longas jornadas. Ele mostrava-se polido e doce em relação a Mathilde, que via exasperada pelo mais vivo ciúme. Uma noite, Julien pensava seriamente em matar-se. Sua alma estava enfraquecida pela infelicidade profunda em que o lançara a partida da sra. de Rênal. Nada mais lhe agradava, nem na vida real, nem na imaginação. A falta de exercício começava a debilitar sua saúde e a dar-lhe o caráter exaltado e fraco de um jovem estudante alemão. Ele perdia aquele orgulho viril que repele com uma enérgica imprecação certas ideias pouco convenientes, de que a alma dos infelizes é invadida.
     Amei a verdade... Onde está ela?... Em toda parte hipocrisia, ou ao menos charlatanismo, mesmo entre os mais virtuosos, mesmo entre os maiores! e seus lábios adquiriram a expressão do desgosto... Não, o homem não pode confiar no homem.
     A sra. de ***, ao fazer uma coleta para seus pobres órfãos, dizia-me que certo príncipe dera dez luíses; mentira. Mas, que digo? Napoleão em Santa-Helena!... Puro charlatanismo, proclamação em favor do rei de Roma.
     Ó Deus! Se tal homem, e mesmo quando o infortúnio devia chamá-lo severamente ao dever, rebaixa-se até o charlatanismo, o que esperar do resto da espécie?... 
     Onde está a verdade? Na religião... Sim, acrescentou, com o sorriso amargo do mais extremo desprezo, na boca dos Maslon, dos Frilair, dos Castanède... Estaria num verdadeiro cristianismo em que os padres não mais seriam pagos, como não o foram os apóstolos?... Mas São Paulo foi pago pelo prazer de comandar, de falar, de fazer falarem dele...
      Ah! Se houvesse uma religião verdadeira... Como sou tolo! Vejo uma catedral gótica, vitrais veneráveis; meu coração fraco imagina o homem religioso daqueles vitrais... Minha alma o compreenderia, minha alma tem necessidade dele... E não encontro senão um vaidoso de cabelos sujos... um cavaleiro de Beauvoisis sem sua elegância. 
     Mas um homem religioso verdadeiro, um Massillon, um Fénelon... Massillon consagrou Dubois. As Memórias de Saint-Simon estragaram-me Fénelon... Mas, enfim, um homem religioso verdadeiro... Então as almas ternas teriam um ponto de reunião no mundo... Não estaríamos isolados... Esse homem bom nos falaria de Deus. Mas qual Deus? Não o da Bíblia, pequeno déspota cruel e cheio da sede de vingança... mas o Deus de Voltaire, justo, bom, infinito...
      Ele foi agitado pelas lembranças dessa Bíblia que sabia de cor... Mas como, a partir do momento em que são três pessoas numa só, acreditar nesse grande nome de DEUS, com o terrível abuso que dele fazem nossos padres? 
      Viver isolado!... Que tormento!...
      Estou me tornando louco e injusto, pensou Julien, batendo na testa. Estou isolado aqui neste cárcere; mas não vivi isolado na terra; eu tinha a poderosa ideia do dever. O dever que me era prescrito, com ou sem razão... foi como o tronco de uma árvore sólida ao qual me agarrava durante a tempestade; eu vacilava, agitado, afinal não passava de um homem... Mas eu não era arrastado.
      É o ar úmido desse cárcere que me faz pensar no isolamento... 
      E por que ainda ser hipócrita maldizendo a hipocrisia? Não é nem a morte, nem o cárcere, nem o ar úmido, é a ausência da sra. de Rênal que me pesa. Se, em Verrières, para vê-la, eu fosse obrigado a viver semanas inteiras escondido nos porões da casa, será que me queixaria?
     A influência de meus contemporâneos prevalece, ele disse em voz alta e com um riso amargo. Falando a sós comigo mesmo, a dois passos da morte, ainda sou hipócrita... Ó século XIX!
      ...Um caçador dispara um tiro de fuzil numa floresta, sua presa sai, ele corre para pegá-la. Sua bota pisa um formigueiro de meio metro de altura, destrói a habitação das formigas, espalha ao longe as formigas, seus ovos... Nem as mais filósofas das formigas poderão jamais compreender esse corpo negro, imenso, terrível: a bota do caçador que, de repente, penetrou em sua morada com incrível rapidez, e precedida de um ruído assustador acompanhado de faíscas vermelhas...
     ...Assim a morte, a vida, a eternidade, coisas muito simples para quem tivesse órgãos bastante vastos para concebê-las...
      Uma efeméride nasce às nove horas da manhã nos dias de verão, para morrer às cinco da tarde; como ela compreenderia a palavra noite?
      Deem-lhe cinco horas de existência a mais, ela verá e compreenderá o que é a noite. Assim também comigo, que morrerei aos vinte e três anos: deem-me mais cinco anos de vida para viver com a sra. de Rênal.
     E pôs-se a rir como Mefistófeles. Que loucura discutir estes grandes problemas!
1o ) Sou hipócrita, como se aqui houvesse alguém para escutar-me.
2o ) Esqueço de viver e de amar, quando me restam tão poucos dias de vida... Ai! A sra. de Rênal está ausente; talvez seu marido não a deixe mais voltar a Besançon e continuar a desonrar-se.
     Eis o que me isola, e não a ausência de um Deus justo, bom, todo-poderoso, sem maldade, sem avidez de vingança.
     Ah! Se ele existisse... eu cairia a seus pés! Mereci a morte, lhe diria; mas devolve-me, ó Deus grande, Deus bom, Deus indulgente, aquela que amo!
     A noite era então muito avançada. Depois de uma hora ou duas de sono tranquilo, Fouqué chegou.
     Julien sentia-se forte e decidido como o homem que vê com clareza em sua alma.

continua página 350...

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Leia também:

O Vermelho e o Negro: Uma Hora da Madrugada (XVI)
O Vermelho e o Negro: Uma Velha Espada (XVII)
O Vermelho e o Negro:  (XLIV)
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ADVERTÊNCIA DO EDITOR

Esta obra estava prestes a ser publicada quando os grandes acontecimentos de julho [de 1830] vieram dar a todos os espíritos uma direção pouco favorável aos jogos da imaginação. Temos motivos para acreditar que as páginas seguintes foram escritas em 1827.
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DATAS E FATOS
1699: Nascimento em Grenoble do grande Pierre Beyle, avô de Stendhal, futuro procurador no Parlamento de Grenoble. 
1728: Nascimento em Grenoble de Henri Gagnon, avô materno de Stendhal. 
1747: Nascimento em Grenoble de Chérubin Beyle, pai de Stendhal. Em 1757 nasce Henriette Gagnon, sua mãe. Em 1781 acontece o casamento de seus pais.
1783-1799: INFÂNCIA EM GRENOBLE
 1783, 23 de janeiro: nasce Henri Beyle, em Grenoble, na casa paterna, à rua des Vieux Jésuites, atualmente rua Jean-Jacques Rousseau. Três anos depois nascerá sua irmã Pauline e, em 1788, sua segunda irmã, Zénaïde-Caroline, que ele detestará e acusará de “mexeriqueira”. Em 23 de novembro de 1790, o jovem Henri terá o desgosto de ver falecer a mãe que, segundo sua própria confissão, ele adorava. De seu pai já o separa um ódio inexpiável; Chérubin Beyle, desesperado pela morte da mulher, vive no isolamento e, segundo o filho, no tédio e na mesquinhez. Essa primeira infância deixará a Henri Beyle amargas lembranças. Sua tia Séraphie, que, segundo ele, o pai cortejava, o teria perseguido; ele só encontra ternura e compreensão junto ao avô Gagnon, médico renomado e homem esclarecido, e à irmã deste, a tia Élisabeth de coração “espanhol” e máximas generosas. Passa longas horas na casa do avô na praça Grenette, numa casa muito bela com um terraço coberto de caramanchão, que ainda existe.
1788: É o ano das primeiras lembranças revolucionárias. Henri Beyle, cujo avô paterno será, em dezembro, deputado nos Estados provinciais de Romans, assiste, entre outras, a algumas cenas da famosa “jornada das Telhas”.
1791: Henri, que não conhece ainda os arredores de Grenoble, onde o pai possui terras e onde fará passeios tristonhos, encontra uma efêmera felicidade ao passar uma temporada na casa do tio Romain Gagnon, em Les Échelles, na Savoia; as florestas e as cachoeiras deixam-no maravilhado.
Dezembro de 1792: É o começo da pior época de sua infância, a tirania Raillane; esse padre austero, “verdadeiro jesuíta”, o teria oprimido, despertando-lhe para sempre uma repugnância à hipocrisia e à autoridade. O padre execrado coincide em suas lembranças com a figura do Pai, do qual é apenas o instrumento despótico. Esse período dura até 1794.
1793-1795: Por uma desforra imediata, Henri vê o pai aterrorizado pela morte de Luís XVI. Mais tarde, ele se orgulhará de já ter sido um jacobino e um patriota intransigente. Chérubin Beyle, “notoriamente suspeito”, é detido e só será libertado definitivamente em julho de 1794. Henri Beyle assiste ao Terror em Grenoble, diverte-se às vezes com o pavor de seus parentes, partidários da realeza ou “moderados”, que rezam aos domingos uma missa clandestina. Uma noite, no inverno de 1794-1795, ele escapa de casa e assiste, com um pouco de repulsa, a uma sessão da Sociedade dos Jacobinos. Mas a visão dos belos cavaleiros do exército republicano o entusiasma. 
1796-1797: Henri Beyle ingressa na Escola Central de Grenoble. Seu avô participou da organização da escola e pronuncia um discurso na sessão de abertura. Henri, até então solitário e escravo, desfruta de um pouco mais de liberdade. Tanto mais que a terrível tia Séraphie morre em 1797. Ele conhece enfim jovens de sua idade, alguns dos quais permanecerão seus amigos. Ficará três anos na Escola Central, a princípio sem se destacar, depois como aluno brilhante; obtém menções honrosas, prêmios em desenho, belas-letras, e sobretudo matemática; conta, para deixar Grenoble, com um sucesso na Escola Politécnica. É também a época das primeiras paixões: ele ama timidamente a irmã de seu amigo Bigillion, e não menos timidamente a atriz Virginie Kubly. Finalmente, em 30 de outubro de 1799, parte para Paris, onde deve prestar o exame de ingresso na Politécnica, lá chegando em 10 de novembro, isto é, 19 de brumário.
1799-1806: AMORES E LEITURAS
1799: Henri Beyle logo esquece o exame, encerra-se na solidão e no tédio; reside na casa dos Daru, na rua de Lille, encarregados de protegê-lo.
1800: É o grande ano de Beyle. A partir de janeiro, passa a trabalhar com Pierre Daru no ministério da guerra.Pierre Daru, inspetor de tropas, faz que ele participe da campanha da Itália. Henri Beyle atravessa os Alpes e tem seu batismo de fogo no forte de Bard. Sua chegada na Itália é uma série de encantamentos; em Ivrea, no Piemonte, ouve “O casamento secreto” de Cimarosa; em Milão, descobre o amor venal e o amor paixão na pessoa de Angela Pietragua, que será sua amante. No outono, graças a seus protetores, veste o uniforme do 6º Regimento dos Dragões e, sem disparar um tiro, é promovido a subtenente. No ano seguinte, na Itália do Norte, acompanha de cidade em cidade o general Michaud, do qual é auxiliar de campo. Mas vem o tédio e, no final de 1801, obtém uma dispensa e volta à França. Aprendeu italiano, escreve seus primeiros ensaios dramáticos e começa seu Diário.
1802-1805: Henri Beyle vive em Paris, que ele só abandona para temporadas mais ou menos longas em Grenoble. É lá que conhece, em janeiro de 1802, Victorine Mounier, sua nova paixão, tão platonicamente amada quanto as anteriores. É o momento, sobretudo, em que Beyle devora livros e forja sua doutrina pessoal, a “Filosofia nova”, consignada em cadernos de apontamentos e reflexões. Pede demissão do exército e não sonha mais igualar-se a Molière. Apaixona-se por sua prima Adèle Rebuffel, mas só consegue ser o amante da mãe dela. Ingressa no mundo do teatro, toma aulas de declamação e fica conhecendo a jovem atriz Mélanie Guilbert, que ele seduzirá, não sem dificuldade, mediante uma minuciosa estratégia. A política tenta-o às vezes: ele reage como republicano ante o advento do Império. Mas o grande acontecimento, mais do que a concepção de Letellier, peça jamais terminada, é a leitura apaixonada de A ideologia, de Tracy.
1805: Beyle tornou-se um dândi, mas seu pai é avarento, donde a ideia de fazer dinheiro em Marselha com seu amigo Mante. Mélanie possui justamente um negócio por lá. No final de julho, está estabelecido em Marselha, amante de Mélanie e empregado na casa de produtos coloniais C. Meunier et Cie. Será o começo de uma rápida fortuna no ramo dos negócios?
1806: Não, é o tédio outra vez. Beyle, que prossegue suas leituras e reflexões, cansa-se de Mélanie e do comércio, condenado à estagnação pela guerra. Sente necessidade de aproximar se novamente dos Daru, de participar da corrida aos cargos. De volta a Paris em julho, torna a partir de lá em 16 de outubro, acompanhando Martial Daru. Terá entrado em Berlim com Napoleão, como dirá, tendo à mão pistolas carregadas? O certo é que no final do ano está em Brunswick, na qualidade de adjunto provisório aos comissários das Guerras napoleônicas.
1806-1814: A PAIXÃO DA AMBIÇÃO
1806-1808: Para conquistar fortuna e títulos e viver como lhe apraz, Henri Beyle torna-se funcionário imperial graças aos Daru. Permanece primeiro em Brunswick no mesmo cargo, depois é encarregado de administrar os domínios imperiais do departamento de Ocker e, além disso, de vigiar os bens do rei da Vestefália. Enamora-se, sem esperança, de Mina de Griesheim. Escreve Voyage à Brunswick [Viagem a Brunswick] e diversos ensaios históricos. Inicia-se na literatura inglesa, percorre a Alemanha e enfrenta uma sedição em setembro de 1808.
1809: Chamado de volta a Paris, no final de 1808, torna a partir em abril para a campanha de Wagram. Acompanha o exército, não assiste à grande batalha, mas recolhe cruéis depoimentos de guerra. Em Viena, onde ouve o Requiem pela morte de Haydn, trabalha para Martial Daru, intendente da província, que lhe confia uma missão na Hungria. Enamora-se de uma certa Babet e apaixona-se pela condessa Pierre Daru, mulher de seu protetor.
1810-1811: É o apogeu de sua carreira. Em agosto de 1810, é admitido como auditor no Conselho de Estado; logo é nomeado inspetor do mobiliário e das construções da Coroa. Possui cocheiro, carruagem e amante, a atriz Angeline Béreyter, ao mesmo tempo em que elabora relatórios minuciosos sobre o mobiliário das residências imperiais e dos museus. Mas não é bem-sucedido na arte de obter favores nem nas conquistas amorosas. A batalha empreendida, depois de maduras reflexões, para possuir a condessa Daru é uma batalha perdida. Para desforrar-se, viaja à Itália, onde escreve o Diário e volta a ser o amante cumulado e certamente enganado de Angela Pietragua. Revê Milão, descobre Florença, Roma, Nápoles, tem a ideia de escrever a Histoire de la Peinture en Italie. Mas, ao retornar, a ambição marca passo e Beyle não fará mais progressos.
1812: Em 23 de julho, após uma audiência com a Imperatriz, parte para juntar-se ao quartel general do Imperador, munido da pasta dos ministros; alcança-o em 14 de agosto e, um mês depois, entra em Moscou. Precedendo a retirada, parte de lá em 16 de outubro, encarregado de dirigir os aprovisionamentos em Smolensk, Mohilev e Vitebsk. Enfrenta os perigos e os sofrimentos físicos com um inalterável sangue-frio. Mas perde os manuscritos da História da pintura.
1813: Seu novo posto é na Silésia, em Sagan, onde cumpre as funções de intendente. Está cansado e desiludido: não é nem barão, nem governador, nem consultor do Conselho de Estado. Em Bautzen, é atacado pelos cossacos. Uma licença oportuna permite-lhe rever Milão e sua querida Lombardia.
1814: Está em Grenoble, como auxiliar do conde de Saint-Villier, comissário extraordinário da 7ª região militar. É preciso organizar a resistência à invasão. Mas o “fogo sagrado” extinguiu-se; cansado das intrigas administrativas, cansado da ambição e do Império, solicita sua dispensa. Encontra-se em Paris no momento da entrada dos Aliados. É a queda de sua fortuna. Beyle ainda tenta um cargo com a proteção da sra. Beugnot. Em maio e junho escreve as Lettres sur Haydn, Mozart e Métastase [Cartas sobre Haydn, Mozart e Metastásio], em que o plágio é cínico. Finalmente, em julho, deixa Paris por Milão: foge dos Bourbons, da obscuridade e do aborrecimento? Ele começa sua verdadeira vida, enfim, de escritor, de diletante.
1814-1821: MILANÊS
1814: Em Milão, reata sua relação tempestuosa com Angela. Enquanto seu pai, reacionário, é condecorado com a Legião de Honra, e torna-se prefeito de Grenoble, Henri viaja, escreve, desesperado com o desprezo de Angela.
1815: O retorno de Napoleão da ilha de Elba não o faz voltar à França; mas Waterloo o entristece. Viaja a Turim e a Veneza. Trabalha muito na História da pintura. O final do ano é marcado pelo rompimento, doloroso, com Angela.
1816: Ele passa quase o ano inteiro em Milão, que abandona apenas para uma temporada de abril a junho em Grenoble, e uma viagem a Roma no fim do ano. Encontra-se em Grenoble, certamente por acaso, no momento do complô de Didier. Apoquentam-no por causa de seus vencimentos de inativo. Pensa em fazer fortuna na Rússia. Mas uma noite, no Scala em Milão, no camarote do monsenhor di Breme, é apresentado a Byron. Nesse ano, ele descobre o verdadeiro romantismo com a Edimburgh Review.
1817: Stendhal está em Roma, Nápoles, Milão, depois, na primavera, em Grenoble e em Paris, finalmente em Londres, em agosto, voltando a Milão no fim do ano. A Histoire de la Peinture en Italie, assinada por M. B. A. A., é publicada no fim de julho, e Rome, Naples et Florence en 1817, do sr. de Stendhal, oficial de cavalaria, é anunciado em setembro na Bibliographie de France. As cartas sobre Haydn, traduzidas em inglês, aparecem em Londres. Novo encontro memorável: com Destutt de Tracy, a 4 de setembro, em Paris.
1818: O ano se passa em Milão, junto aos lagos, na Brianza. Em dois momentos, ele trabalha na impublicável Vie de Napoleón, iniciada no ano anterior. Resolve intervir na querela do “romanticismo”, ligando-se ao futuro grupo do Conciliatore. Mas, em março, apaixona-se perdidamente por Métilde Dembovski, que quase em seguida o trata muito mal. É talvez o acontecimento maior de sua vida, que irá ocupá-lo inteiramente por longos anos e que ele jamais poderá evocar sem perturbar-se.
1819: Comete mil extravagâncias por Métilde. Em vão: ela não quer mais saber dele. Stendhal só deixa a Itália para ir a Grenoble e Paris: seu pai morreu, é preciso tratar da herança, que se revela minguada. Como é eleitor, aproveita para votar a favor do convencional Grégoire. 
1820: Sua paixão é sem esperança. Novo desgosto: durante algum tempo é visto por seus amigos milaneses como um espião. Escreve De l’Amour [Do amor], que termina e envia à França. 
1821: Stendhal é envolvido no turbilhão das conjurações liberais. Seus amigos são carbonários, a própria Métilde é suspeita de sê-lo. Aconselham-no a partir. A 13 de junho, desesperado, ele deixa Milão, onde só voltará em 1828 para ser imediatamente expulso. Instala-se em Paris e passa algumas semanas em Londres. 
1821-1830: A VIDA PARISIENSE
1822: Em Paris, Stendhal publica De L´Amour, anunciado em 17 de agosto na Bibliographie de France, e começa a colaborar com revistas britânicas que, apesar de algumas interrupções, receberão artigos seus até 1828. Ele frequenta o salão do conde de Tracy e a água-furtada de Delécluze. 
1823: Stendhal, amigo íntimo da cantora italiana Pasta, conhece seu primeiro verdadeiro sucesso ao apresentar Rossini ao público francês: sua Vie de Rossini é anunciada em novembro na Bibliographie de France. Ele colocou-se no front do romantismo literário com o panfleto Racine et Shakespeare, publicado em março. Termina o ano com uma temporada em Florença e Roma.
1824: Em maio, torna-se o amante da condessa Curial, dita Menti, que ele amará com violência até 1826. Diletante especialista, escreve sobre pintura e música no Journal de Paris. O Le Globe também publica seus artigos. Ele torna-se quase importante no romantismo liberal. 
1825: É o ano dos panfletos, o segundo Racine et Shakespeare, em março, Un nouveau complot contre les industriels, em dezembro. Amigo de Courier, de Mérimée, de Jacquemont, frequentador dos grandes salões liberais, será temido por seu “espírito”. 
1826: Fim do caso de amor com a condessa Curial. Viagem à Inglaterra. Publica uma segunda edição muito modificada de Rome, Naples et Florence, e escreve Armance, que sairá em 1827. 
1827: Ano meio parisiense, meio italiano.
1828: 1o-2 de janeiro, Stendhal é expulso de Milão. Está em dificuldades financeiras, as revistas inglesas não pagam mais; conta apenas com seus vencimentos de inativo. É obrigado a solicitar favores: será arquivista, bibliotecário? Nomeiam-no verificador auxiliar dos brasões, cargo que não lhe rende nada. Pensa em suicídio. Levado pela moda das “cenas históricas”, escreve Henri III. 
1829: Escreve e publica Promenades en Rome [Passeios em Roma], anunciados em 5 de setembro pelo Journal de la Librairie. Levam a sério seu conhecimento do Estado romano, e o governo lhe teria pedido um relatório sobre os cardeais com possibilidades de chegar ao papado. Ligação com Alberthe de Rubempré, dita Sanscrit, ou Madame Azul, que ele ama vigorosamente. Sentindo-se rejeitado, parte em viagem para o sul da França e a Espanha (de onde é expulso): ao voltar, em dezembro, vê-se definitivamente suplantado por seu amigo Mareste. Mas traz a ideia de Le Rouge et le Noir [O vermelho e o negro] e escreve Vanina Vanini, Le Coffre et le Revenant [O baú e a alma do outro mundo], que serão publicados na Revue de Paris, e Mina de Vanghel, que permanecerá inédito durante sua vida. 
1830: Escreve Le Philtre [O filtro], Le Rouge et le Noir, colabora com as publicações Le National e Le Temps, conhece em janeiro o outro líder do romantismo, Hugo. Na mesma época, Giulia Rinieri declara que o ama apesar de sua idade e sua feiura; prudentemente, ele não cede de imediato; em 22 de março, torna-se seu amante. Enquanto termina Le Rouge, a Revolução de 1830 o alegra e o vinga. Anota os progressos da sedição às margens do Memorial de Santa Helena. Pela primeira vez, ama e estima os parisienses. Solicita um cargo de governador, posteriormente de cônsul; em 25 de setembro é nomeado cônsul em Trieste. Parte em 6 de novembro; no mesmo dia pede Giulia em casamento. No dia 13, o Journal de la Librairie anuncia O vermelho e o negro.
 1830-1842: CÔNSUL DA FRANÇA
1830-1831: A polícia e o governo austríacos inquietam-se e, em 4 de dezembro, poucos dias depois de Stendhal assumir seu posto, Les Débats anunciam que Viena recusou-lhe o exequatur. Ele deixa Trieste em 31 de março e é nomeado cônsul em Civita-Vecchia. O governo pontifício, embora não satisfeito com essa nomeação, prefere evitar um incidente com a França e concede o exequatur em 25 de abril. Stendhal, que chegou a seu posto dia 17, vai e vem entre Civita-Vecchia e Roma. De meados de agosto a meados de setembro, viagens a Siena, Florença, Prato, Viterbo. Ele escreve, no final de setembro, San Francesco a Ripa, que não publica. 
1832: Stendhal é encarregado do serviço financeiro das tropas francesas desembarcadas em Ancona. Depois dessa missão, viaja e abandona seu posto; vai a Roma, a Siena, onde encontra Giulia, ainda apaixonadamente amada, a Florença, aos Abruzos. De 20 de junho a 4 de julho, escreve Souvenirs d´égotisme [Lembranças do egotismo] e, em setembro-outubro, esboça um romance: Une position sociale.
1833: Vai outra vez a Siena para ver Giulia. Mas ela se casa em junho. Stendhal encontrou os “manuscritos italianos” e começa a preparar sua adaptação. De 11 de setembro a 4 de dezembro, está em Paris, de licença. Na volta, viaja de Lyon a Marselha com Musset e George Sand, que vão a Veneza. 
1834: Ano de permanência em Civita-Vecchia, que ele só abandona para ir a Roma. Primeiras escaramuças com seu chanceler, Lysimaque Tavernier, e com o ministério, por conta de suas ausências. “Morro de tédio”, escreve Stendhal em maio, que resolve empreender por conta própria uma ideia de romance de sua amiga, sra. Gaulthier: é Lucien Leuwen, no qual trabalha “com raiva” durante dezenove meses.
1835: Ainda permanência e tédio. Stendhal sente seu posto ameaçado, embora em janeiro tenha recebido a Legião de Honra como homem de letras. Está um pouco enamorado da condessa Cini, que ele chama Sandre. Em setembro, abandona Lucien Leuwen e, em novembro, começa La Vie d´Henry Brulard. Mas o desgosto e a inquietude crescem: “Terei de viver e morrer nesta praia solitária?... Estou cansado do sol...” Enfim, em março de 1836, obtém uma licença de três meses; deixa esboçado Henry Brulard e, em 24 de maio, desembarca em Paris. 
1836-1839: Sua licença de três meses irá durar, graças à proteção do conde Molé, três anos. Ele tenta primeiro reatar com a condessa Curial; depois, empreende a batalha, mas em vão, pela sra. Gaulthier, sua velha amiga. De novembro de 1836 a junho de 1837, trabalha nas Mémoires sur Napoléon; de abril a junho de 1837, escreve Rose et Vert; ainda em 1837, publica na Revue des deux Mondes, Vittoria Accoramboni (1º de março) e Les Cenci (1º de julho). Do fim de maio ao início de julho de 1837, faz uma viagem pelo centro e o oeste da França; logo ao voltar, escreve Les Mémoires d´un Touriste, que serão anunciadas em junho de 1838 na Bibliographie de France. De março a julho de 1838, volta a fazer uma longa viagem pelo sudoeste e o sudeste da França, a Suíça, a Renânia, a Holanda e a Bélgica. Ao voltar, publica La Duchesse de Palliano [A duquesa de Palliano] (15 de agosto); em setembro, tem a primeira ideia de La Chartreuse de Parme [A cartuxa de Parma]. Mas é somente depois de retornar de uma breve viagem à Bretanha e à Normandia que escreve sua obra-prima, entre 4 de novembro e 26 de dezembro de 1838. Publica a seguir, na Revue des deux Mondes, A´Abbesse de Castro [A Abadessa de Castro], que começara em setembro de 1838: a primeira parte aparece em 1º de fevereiro de 1839 e a segunda em 1º de março. A cartuxa é anunciada pelo Journal de la Librairie em 6 de abril. Esboça ainda duas novelas italianas: Suora Scolastica, Trop de faveur tue [Favor em excesso mata], duas novelas francesas, Le Chevalier de Saint-Ismier, Feder, e concebe o romance Lamiel. Mas, em 24 de junho, é obrigado a partir de volta a seu consulado, que reassume em 10 de agosto.
1839-1841: Só abandona seu posto para ir a Roma, a Nápoles, que visita com Mérimée (outubro-novembro de 1839), a Florença, durante o verão de 1840 e sempre por causa de Giulia, que tornara a encontrar em Paris. Em Civita-Vecchia ocupa-se de escavações e caçadas, prossegue incansavelmente Lamiel, começa uma novela, Don Pardo, corrige A cartuxa. Em 1840, apaixona-se por Earline; mas essa nova “batalha” por uma misteriosa desconhecida é mais uma vez perdida, em junho. Em 15 de março de 1841, sofre um ataque de apoplexia; recupera-se rapidamente, mas já “engalfinhou-se com o nada”. Segue-se uma última intriga com “Madame Bouche”; depois, munido de uma licença, volta à França em novembro de 1841. 
1842: Stendhal só consegue retomar o trabalho em março de 1842: cogita uma nova coletânea de novelas. Mas, em 22 de março, tem um novo ataque de apoplexia, na calçada da rua Neuve des Capucines. Morre durante a noite sem recobrar os sentidos. 

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