mulheres descalças
é mansa...
Ensaio 127Bzd – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
Uma pena, por certo... mas é isso, a vida não é bonita nem romântica, é só vida, não é um fulgor brilhante nem é justa. É preciso se adaptar. A Antônia já está acostumada com esse nosso frio molhado de escorrer pelas paredes, e também com o calor extremado, às vezes, isso tudo, em um mesmo dia. Ela não se assusta fácil, é tudo uma questão de costume, num esfregô as mão pra num dá nas vista, ele é vendedô e sabe uqui tem nas mão: a mercadoria certêra pru compradô certo, quando é o caso inté parece quias palavra sai mais aliviada pras conversa, se duvidá, é inté capaz dusdois trocá receita culinária
É verdade, o amigo tem razão. Viver por aqui não é para qualquer um... Uma Villa risonha no garrão do Império, mas que sabe cuidar da sua gente, mesmo quando o vento balança tudo, usqui oiava longe dusdois podia apostá qui a prosa ia demorá pra tê fim
Ainda bem que os cruzamentos que o sinhô Duarte está cuidando têm garantido essas crias novas, já mais acostumadas e resistentes com as intempéries deste nosso clima rigoroso. Ele faz questão de cuidar pessoalmente dos acasalamentos, só assim para o abastecimento não ficar prejudicado. Faz os arranjos e fica observando.
Imagino que a concorrência do contrabando não está fácil de suportar.
Não é sempre, mas, às vezes, acontece de um lote inteiro ser confiscado por contrabando. Geralmente, isso acontece quando alguém não recebeu o prometido.
E o amigo oferece a garantia da procedência... entendi certo, não é?
Sim, sinhô. Entendeu certinho... tudo que o sinhô Duarte vende tem a garantia da procedência.
o siô ajeitado solta um respiro espichado qui ubão vendedô sabe reconhecê: o negócio tá feito, é só mais um tranco piquinino, coisa pouca, mais tem qui sabê fazê, escutá e tê as refutação certa e na hora certa, Será que a crioulinha acostuma com o cercado do Simão? Trouxe ele em dezembro, é... acho que foi em dezembro. Passou o verão e o começo da friagem sorridente, cercado por bananas, mimado pelas meninas. Foi uma alegria para as meninas. Mas quando chegou o frio mais rigoroso o coitadinho não aguentou o agosto e nem chegou ver as enchentes de São Miguel.
Quanto a isso o sinhô não precisa ter preocupação, o frio tenho certeza que não é problema, a negrinha é forte. E quanto ao cercado também não vejo que seja um obstáculo ou motivo de aborrecimento, é só uma questão de treinar. Ela acostuma.
as duas miúda leitosa soltô das mão do siô ajeitado e correu curiosa inté antônia, Helena! Juliena! Cuidado...
Não se preocupe. As meninas podem chegar mais perto... isso... assim... podem tocar na sua boneca, Antônia sabe se comportar. Ela é mansa.
____________________
histórias de avoinha: Toque, minha filha.
histórias de avoinha: Onde está a gaiola do Venuto?
histórias de avoinha: Deus te abençoe, minha filha
histórias de avoinha: um corpo febrento e para sempre culpada
histórias de avoinha: a dança dos dedo
histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
histórias de avoinha: um império invisível
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a vaga de marido
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: chegô no piano
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: Obrigada, Açunta!
histórias de avoinha: ôum velório de vida
histórias de avoinha: o siô ajeitado e as duas miúda
histórias de avoinha: Simão
mulheres descalças: Mas você devia!
mulheres descalças: Dez sacas, o amigo concorda?
é mansa...
Ensaio 127Bzd – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
Uma pena, por certo... mas é isso, a vida não é bonita nem romântica, é só vida, não é um fulgor brilhante nem é justa. É preciso se adaptar. A Antônia já está acostumada com esse nosso frio molhado de escorrer pelas paredes, e também com o calor extremado, às vezes, isso tudo, em um mesmo dia. Ela não se assusta fácil, é tudo uma questão de costume, num esfregô as mão pra num dá nas vista, ele é vendedô e sabe uqui tem nas mão: a mercadoria certêra pru compradô certo, quando é o caso inté parece quias palavra sai mais aliviada pras conversa, se duvidá, é inté capaz dusdois trocá receita culinária
É verdade, o amigo tem razão. Viver por aqui não é para qualquer um... Uma Villa risonha no garrão do Império, mas que sabe cuidar da sua gente, mesmo quando o vento balança tudo, usqui oiava longe dusdois podia apostá qui a prosa ia demorá pra tê fim
Ainda bem que os cruzamentos que o sinhô Duarte está cuidando têm garantido essas crias novas, já mais acostumadas e resistentes com as intempéries deste nosso clima rigoroso. Ele faz questão de cuidar pessoalmente dos acasalamentos, só assim para o abastecimento não ficar prejudicado. Faz os arranjos e fica observando.
Imagino que a concorrência do contrabando não está fácil de suportar.
Não é sempre, mas, às vezes, acontece de um lote inteiro ser confiscado por contrabando. Geralmente, isso acontece quando alguém não recebeu o prometido.
E o amigo oferece a garantia da procedência... entendi certo, não é?
Sim, sinhô. Entendeu certinho... tudo que o sinhô Duarte vende tem a garantia da procedência.
o siô ajeitado solta um respiro espichado qui ubão vendedô sabe reconhecê: o negócio tá feito, é só mais um tranco piquinino, coisa pouca, mais tem qui sabê fazê, escutá e tê as refutação certa e na hora certa, Será que a crioulinha acostuma com o cercado do Simão? Trouxe ele em dezembro, é... acho que foi em dezembro. Passou o verão e o começo da friagem sorridente, cercado por bananas, mimado pelas meninas. Foi uma alegria para as meninas. Mas quando chegou o frio mais rigoroso o coitadinho não aguentou o agosto e nem chegou ver as enchentes de São Miguel.
Quanto a isso o sinhô não precisa ter preocupação, o frio tenho certeza que não é problema, a negrinha é forte. E quanto ao cercado também não vejo que seja um obstáculo ou motivo de aborrecimento, é só uma questão de treinar. Ela acostuma.
as duas miúda leitosa soltô das mão do siô ajeitado e correu curiosa inté antônia, Helena! Juliena! Cuidado...
Não se preocupe. As meninas podem chegar mais perto... isso... assim... podem tocar na sua boneca, Antônia sabe se comportar. Ela é mansa.
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Leia também:
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histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: ôum velório de vida
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histórias de avoinha: Simão
mulheres descalças: Mas você devia!
mulheres descalças: Dez sacas, o amigo concorda?
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