mulheres descalças
Dez sacas, o amigo concorda?
Ensaio 127Bzf – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
O certo é que elas um dia tomarão a direção do lar e depois serão mães. Precisarão saber educar suas filhas. É indispensável às meninas essa educação para o lar, só assim ficarão seguras nas suas funções de mãe, esposa e senhora da casa: costurar, bordar, cozinhar, cuidar das crianças, principalmente das meninas, adotar normas de higiene, irradiar alegria. Uma boa educação para não destoarem do dom de bem viver com respeito e obediência.
no modo divê como ensiná as menina eles tava do mesmo lado, só num concordava no modo de vendê e comprá, Acho que estamos nos saindo bem. Olhe só para as três... é muito bonito de ver, cada uma cumprindo o seu papel, as duas miúda leitosa oiava em silêncio pra antônia qui num parecia vê as duas, num parecia escutá nada, parecia num existí, E quanto o seu patrão está pedindo pela negrinha?
uspretu qui era entrado na villa risonha vinha do rio do janêro ou do salvadô, o compradô pagava o imposto conforme o valô pago, era proibido o desembarque duspretu notros porto, pra saí lá e chegá qui o novo dono precisa tê os dado físico duspretu registrado na fazenda real e depois na alfândega da província, todo ano tem qui pagá imposto pra cada pretu, e todo ano é pra reclamá qui é muntu imposto pra tão pouco pretu
no modo divê do trabáio-escravizadô, o compradô tava chegando no ponto do desanimado qui procura alguma animação nova qui a fortuna acena qui pode oferecê – e quando num dá o resultado esperado sai na procura dotra qui a riqueza pode pagá –, mais antes vai sê preciso tê uma disputa miúda sem hesitação ou receio, cada lado vai querê dizê qui fez meió qui o otro lado no pagamento ou na venda, O pedido do sinhô Duarte foi que eu não voltasse com menos de 200$000 réis...
o siô ajeitado desajeitô a voz e as mão, Não... nem pensar!
as miúda leitosa voltô as vista pru pai, elas num tava acostumada escutá o paizinho ficá exaltado e nem com aquele feitio de conversa, tudo sempre conteceu fora das vista das duas, Nem sabemos se a negrinha vai vingar. Ela não tem ofício e nem se sabe da utilidade. Vosmecê vai me perdoar, mas esse preço não é razoável.
Veja bem, estou lhe oferecendo uma miúda que vosmecê vai ensinar do seu gosto e para atender suas vontades. E como nasceu na fazenda não tem registro, assim não tem imposto. A negrinha não existe.
eles fez silêncio, as carta tava na mesa e cadum blefava como sabia fazê meió, Olhe a negrinha de novo, com mais calma. Aposto que vai ter estatura alta, encorpada, rosto quase redondo, olhos pequenos, vai lhe oferecer muitas crias, depois é só fazer leilão. É lucro certo.
Eu concordo com as suas palavras, mas a sua pedida está acima do razoável, pronto, o siô ajeitado tinha sinalizado qui podia pagá, mais era preciso o otro lado tê menos vontade de ganhá
E quanto é o entendimento do sinhô para um preço razoável?
a resposta chegô rápida, um parecia querê tirá o fôlego dotro, Cinco sacas...
o vendedô abriu a boca, mais num disse logo uqui tava pensando, a compra e a venda mexia com as vontade lado a lado, agora era a veiz do lado vendedô mostrá qui num tá certo um abatimento qui menospreza a mercadoria, Meu Bom Menino Deus! Agora, quem está abusando é o sinhô! Não tem nada de razoável na sua proposta oferecida.
sabê comprá, sabê vendê, sabê discutí, sabê cedê, é tudo relevante, só num é considerada a vontade da mercadoria, Está bem... está bem... cheguemos então ao dobro: dez sacas! E sei que está muito bem pago. O amigo concorda?
Dez sacas, o amigo concorda?
Ensaio 127Bzf – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
O certo é que elas um dia tomarão a direção do lar e depois serão mães. Precisarão saber educar suas filhas. É indispensável às meninas essa educação para o lar, só assim ficarão seguras nas suas funções de mãe, esposa e senhora da casa: costurar, bordar, cozinhar, cuidar das crianças, principalmente das meninas, adotar normas de higiene, irradiar alegria. Uma boa educação para não destoarem do dom de bem viver com respeito e obediência.
no modo divê como ensiná as menina eles tava do mesmo lado, só num concordava no modo de vendê e comprá, Acho que estamos nos saindo bem. Olhe só para as três... é muito bonito de ver, cada uma cumprindo o seu papel, as duas miúda leitosa oiava em silêncio pra antônia qui num parecia vê as duas, num parecia escutá nada, parecia num existí, E quanto o seu patrão está pedindo pela negrinha?
uspretu qui era entrado na villa risonha vinha do rio do janêro ou do salvadô, o compradô pagava o imposto conforme o valô pago, era proibido o desembarque duspretu notros porto, pra saí lá e chegá qui o novo dono precisa tê os dado físico duspretu registrado na fazenda real e depois na alfândega da província, todo ano tem qui pagá imposto pra cada pretu, e todo ano é pra reclamá qui é muntu imposto pra tão pouco pretu
no modo divê do trabáio-escravizadô, o compradô tava chegando no ponto do desanimado qui procura alguma animação nova qui a fortuna acena qui pode oferecê – e quando num dá o resultado esperado sai na procura dotra qui a riqueza pode pagá –, mais antes vai sê preciso tê uma disputa miúda sem hesitação ou receio, cada lado vai querê dizê qui fez meió qui o otro lado no pagamento ou na venda, O pedido do sinhô Duarte foi que eu não voltasse com menos de 200$000 réis...
o siô ajeitado desajeitô a voz e as mão, Não... nem pensar!
as miúda leitosa voltô as vista pru pai, elas num tava acostumada escutá o paizinho ficá exaltado e nem com aquele feitio de conversa, tudo sempre conteceu fora das vista das duas, Nem sabemos se a negrinha vai vingar. Ela não tem ofício e nem se sabe da utilidade. Vosmecê vai me perdoar, mas esse preço não é razoável.
Veja bem, estou lhe oferecendo uma miúda que vosmecê vai ensinar do seu gosto e para atender suas vontades. E como nasceu na fazenda não tem registro, assim não tem imposto. A negrinha não existe.
eles fez silêncio, as carta tava na mesa e cadum blefava como sabia fazê meió, Olhe a negrinha de novo, com mais calma. Aposto que vai ter estatura alta, encorpada, rosto quase redondo, olhos pequenos, vai lhe oferecer muitas crias, depois é só fazer leilão. É lucro certo.
Eu concordo com as suas palavras, mas a sua pedida está acima do razoável, pronto, o siô ajeitado tinha sinalizado qui podia pagá, mais era preciso o otro lado tê menos vontade de ganhá
E quanto é o entendimento do sinhô para um preço razoável?
a resposta chegô rápida, um parecia querê tirá o fôlego dotro, Cinco sacas...
o vendedô abriu a boca, mais num disse logo uqui tava pensando, a compra e a venda mexia com as vontade lado a lado, agora era a veiz do lado vendedô mostrá qui num tá certo um abatimento qui menospreza a mercadoria, Meu Bom Menino Deus! Agora, quem está abusando é o sinhô! Não tem nada de razoável na sua proposta oferecida.
sabê comprá, sabê vendê, sabê discutí, sabê cedê, é tudo relevante, só num é considerada a vontade da mercadoria, Está bem... está bem... cheguemos então ao dobro: dez sacas! E sei que está muito bem pago. O amigo concorda?
um tantinho de risco, um tantinho de café e o riso do negócio feito se mostrô, Pronto... o sinhô já tem o presente para suas meninas.
tudo aquilo aconteceu mais fácil qui eles esperava, quando tem boa vontade pra vendê e comprá – e a mercadoria tem qualidade qui promete valê a pena – num é preciso muntu esforço, o negócio fica fácil de fazê
____________________
histórias de avoinha: Toque, minha filha.
histórias de avoinha: Onde está a gaiola do Venuto?
histórias de avoinha: Deus te abençoe, minha filha
histórias de avoinha: um corpo febrento e para sempre culpada
histórias de avoinha: a dança dos dedo
histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
histórias de avoinha: um império invisível
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a vaga de marido
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: chegô no piano
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: Obrigada, Açunta!
histórias de avoinha: ôum velório de vida
histórias de avoinha: o siô ajeitado e as duas miúda
histórias de avoinha: Simão
mulheres descalças: é mansa...
mulheres descalças: Mas você devia!
mulheres descalças: café ralo e mandioca cuzida
tudo aquilo aconteceu mais fácil qui eles esperava, quando tem boa vontade pra vendê e comprá – e a mercadoria tem qualidade qui promete valê a pena – num é preciso muntu esforço, o negócio fica fácil de fazê
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histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: ôum velório de vida
histórias de avoinha: o siô ajeitado e as duas miúda
histórias de avoinha: Simão
mulheres descalças: é mansa...
mulheres descalças: Mas você devia!
mulheres descalças: café ralo e mandioca cuzida
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