quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Stendhal - O Vermelho e o Negro: Uma Procissão (XXVIII)

Livro I 

A verdade, a áspera verdade. 
Danton 


Capítulo XXVIII

UMA PROCISSÃO




Todos os corações estavam comovidos. A presença de Deus parecia ter
descido àquelas ruas estreitas e góticas, enfeitadas de todos os lados e bem
ensaibradas pelos cuidados dos fiéis. 

YOUNG




POR MAIS QUE se fizesse humilde e tolo, Julien não podia agradar, era demasiado diferente. No entanto, pensava, todos esses professores são pessoas muito finas e escolhidas entre mil; como é que não gostam de minha humildade? Um só parecia-lhe abusar de sua complacência em acreditar em tudo e em parecer completamente bobo. Era o padre Chas- Bernard, diretor de cerimônias da catedral, onde, há quinze anos, faziam-lhe esperar um cargo de cônego; enquanto isso, ele ensinava eloquência sacra no seminário. No tempo de sua cegueira, esse curso era um daqueles em que Julien tirava habitualmente o primeiro lugar. O padre Chas partira disso para demonstrar-lhe amizade, e, à saída das aulas, tomava-o de bom grado pelo braço para dar algumas voltas no jardim.

Aonde ele quer chegar?, perguntava-se Julien. Observava com espanto que, durante horas, o padre Chas falava-lhe dos ornamentos da catedral. Ela possuía dezessete casulas agaloadas, além dos ornamentos de luto. Esperava-se muito da velha presidenta de Rubempré; essa senhora, de noventa anos de idade, conservava, há setenta anos pelo menos, seus vestidos de núpcias, em soberbos tecidos de Lyon lavrados de ouro. Imagine, meu amigo, dizia o padre Chas, parando de repente e arregalando os olhos, que esses tecidos mantêm-se de pé, tal a quantidade de ouro. Fala-se em Besançon que, pelo testamento da presidenta, o tesouro da catedral será aumentado em mais dez casulas, sem contar quatro ou cinco capas para as grandes festas. Vou mais longe, acrescentava o padre Chas baixando a voz; tenho razões de pensar que a presidenta nos deixará oito magníficos castiçais de prata dourada, que se supõe terem sido comprados na Itália, pelo duque de Borgonha, Carlos, o Temerário, do qual um dos antepassados dela foi o ministro favorito.

Mas aonde esse homem quer chegar com toda essa velharia?, pensava Julien. Essa hábil preparação dura há um século e não chega a nada. Ele deve desconfiar muito de mim! É mais esperto que os outros, cujo objetivo secreto percebe-se claramente em quinze dias. Compreendo, a ambição deste vem sofrendo há quinze anos! Certa tarde, no meio da lição de heráldica, Julien foi chamado pelo abade Pirard, que lhe disse:

– Amanhã é a festa de Corpus Christi. O padre Chas-Bernard tem necessidade de você para ajudá-lo a enfeitar a catedral, vá e obedeça.

O abade Pirard tornou a chamá-lo e, com um ar de comiseração, acrescentou:

– Cabe a você examinar se quer aproveitar a ocasião de ir até a cidade.

Incedo per ignes, respondeu Julien (tenho inimigos ocultos).

No dia seguinte, bem cedo, Julien dirigiu-se à catedral, de olhos baixos. O aspecto das ruas e a atividade que começava a reinar na cidade lhe fez bem. Em toda parte enfeitavam as casas para a procissão. Todo o tempo que passara no seminário pareceu-lhe apenas um instante. Seu pensamento estava em Vergy e na bela Amanda Binet que ele podia encontrar, pois seu café não era muito distante. De longe avistou o padre Chas-Bernard à porta de sua querida catedral; era um homem gordo, de rosto alegre e comunicativo. Naquele dia, estava triunfante: Eu o esperava, meu caro filho, exclamou ao avistar de longe Julien; seja bemvindo. O trabalho será longo e pesado, fortaleçamo-nos por uma primeira refeição; a segunda será às dez horas, durante a grande missa.
– Desejo não ficar só um único instante, senhor, disse Julien com um ar grave; permita-me observar, acrescentou mostrando-lhe o relógio acima de sua cabeça, que chego às cinco horas menos um minuto.

– Ah! Esses pequenos malvados do seminário metem-lhe medo! É muito justo que pense neles, disse o padres Chas; acaso um caminho é menos belo porque há espinhos nas sebes que o margeiam? Os viajantes seguem seu caminho e deixam os espinhos maus entediarem-se onde estão. Mas mãos à obra, caro amigo, mãos à obra!

O padre Chas tinha razão de dizer que o trabalho seria pesado. Na véspera houvera uma grande cerimônia fúnebre na catedral; não fora possível preparar nada; assim, seria preciso, numa única manhã, revestir todos os pilares góticos das três naves com uma espécie de roupagem de damasco vermelho, a uma altura de dez metros. O bispo mandara vir, pela mala postal, quatro tapeceiros de Paris, mas esses senhores não podiam dar conta de tudo e, em vez de animarem seus colegas de Besançon, redobravam-lhes a inabilidade zombando deles. Julien viu que ele próprio precisava subir pela escada, sua agilidade o favoreceu.

Encarregou-se de orientar os tapeceiros da cidade. Encantado, o padre Chas via-o subir de escada em escada. Quando todos os pilares foram revestidos com o damasco, foi a vez de colocar cinco enormes buquês de plumas no grande dossel, acima do altar-mor. Um rico arremate de madeira dourada é sustentado por oito grandes colunas torcidas em mármore italiano. Mas, para chegar ao centro do dossel, por cima do tabernáculo, era preciso andar por uma velha cornija de madeira, talvez carunchada e a uns treze metros de altura.

O aspecto desse caminho árduo extinguira a satisfação orgulhosa até mesmo dos tapeceiros de Paris; eles olhavam lá de baixo, discutiam muito e não subiam. Julien pegou os buquês de plumas e subiu a escada correndo. Colo cou-os exatamente sobre o ornamento em forma de coroa, no centro do dossel. Quando desceu da escada, o padre Chas-Bernard apertou-o entre os braços:

Optime, exclamou o bom padre, contarei isso ao monsenhor.

A refeição das dez horas foi muito alegre. Jamais o padre Chas vira sua igreja tão bela.

– Caro discípulo, ele dizia a Julien, minha mãe alugava cadeiras nesta venerável basílica, de modo que fui alimentado neste grande prédio. O Terror de Robespierre nos arruinou; porém, com oito anos que eu tinha então, já ajudava missas particulares e, nesses dias, davam-me comida. Ninguém sabia dobrar uma casula melhor que eu, nunca os galões eram danificados. Depois do restabelecimento do culto por Napoleão, tive a felicidade de dirigir tudo nesta venerável matriz. Cinco vezes por ano, meus olhos a veem enfeitada por esses ornamentos tão belos. Mas nunca ela foi tão resplandecente, nunca os panos de damasco foram tão bem pregados quanto hoje, tão bem colados aos pilares.

Finalmente ele vai dizer-me seu segredo, pensou Julien; está falando dele, está desabafando. Mas nada de imprudente foi dito por esse homem visivelmente exaltado. No entanto, continuou a pensar Julien, ele trabalhou muito, está feliz, o bom vinho não foi poupado. Que homem! Que exemplo para mim! A ele o pompom! (Era uma expressão imprópria que ele aprendera com o velho cirurgião.)

Quando soou o Sanctus da grande missa, Julien quis pegar uma sobrepeliz para acompanhar o bispo na soberba procissão.
– E os ladrões, meu amigo, e os ladrões?, exclamou o padre Chas. Não pensou nisso? A procissão vai sair, a igreja ficará deserta; ficaremos de guarda, você e eu. Teremos muita sorte se nos faltar apenas um pedaço do belo enfeite que cerca a base dos pilares. É também uma doação da sra. de Rubempré; provém do famoso conde, seu bisavô; é ouro puro, sem nada falso, meu caro amigo!, acrescentou, falando-lhe ao ouvido e de um modo visivelmente exaltado. Vou encarregá-lo da inspeção da ala norte, não saia de lá. Cuidarei da ala sul e da nave principal. Atenção aos confessionários; é dali que os espias dos ladrões aguardam o momento em que viramos as costas.
Quando ele acabava de falar, soaram onze horas e três quartos; imediatamente o sino principal fez-se ouvir. Bimbalhava com toda a força. Esse som pleno e solene comoveu Julien. Sua imaginação não estava mais na terra.
O cheiro de incenso e das folhas de rosa atiradas diante do Santo Sacramento, pelas criancinhas vestidas de São João, completou sua exaltação.
Os sons tão graves desse sino deveriam suscitar em Julien apenas a ideia do trabalho de vinte homens pagos a cinquenta centavos, talvez auxiliados por quinze ou vinte fiéis. Ele deveria pensar no desgaste das cordas, da armação de madeira, no perigo do próprio sino que a cada dois séculos cai, e refletir sobre o meio de diminuir o salário dos sineiros ou de pagá-los com alguma indulgência ou outra graça tirada dos tesouros da Igreja, sem reduzir seus ganhos.

Em vez dessas sensatas reflexões, a alma de Julien, exaltada por esses sons tão másculos e plenos, vagava nos espaços imaginários. Ele nunca será um bom padre, nem um grande administrador. Almas que se comovem desse modo servem no máximo para produzir um artista. Aqui revela-se claramente a presunção de Julien. Cinquenta, talvez, de seus colegas seminaristas, atentos agora ao real da vida pelo ódio público e o jacobinismo que lhes mostram de tocaia em cada esquina, pensariam, ao ouvirem o grande sino da catedral, apenas no salário dos sineiros. Com o gênio de Barême, examinariam se o grau de emoção do público vale o dinheiro pago aos sineiros. Se Julien considerasse os interesses materiais da catedral, sua imaginação, lançando-se mais além do objetivo, pensaria em economizar 40 francos na fábrica, e desprezaria uma despesa de 25 centavos.
Enquanto, no mais belo dia do mundo, a procissão percorria lentamente Besançon e detinha-se nos altares erguidos pelas autoridades, um mais brilhante que o outro, a igreja permanecera num profundo silêncio. Ali reinavam uma semiobscuridade e um agradável frescor; ela ainda estava aromatizada pelo perfume das flores e do incenso.

O silêncio, a solidão profunda, o frescor das compridas naves tornavam mais doce o devaneio de Julien. Ele não temia ser perturbado pelo padre Chas, ocupado numa outra parte da catedral. Sua alma havia quase abandonado seu invólucro mortal, que passeava a passos lentos pela ala norte confiada à sua vigilância. Estava ainda mais tranquilo por ter certeza de que nos confessionários havia apenas algumas mulheres piedosas, que seu olhar captava sem ver.

No entanto, sua distração foi em parte vencida pelo aspecto de duas mulheres muito bem-vestidas que estavam de joelhos, uma num confessionário, a outra num assento, perto da primeira. Ele olhava sem ver; mas, ou por sentimento vago de seus deveres, ou por admiração do traje nobre e simples dessas senhoras, notou que não havia padre naquele confessionário. É singular, pensou, que essas belas senhoras não estejam ajoelhadas diante de um altar, se são devotas; ou postadas com destaque na primeira fila de um balcão, se são nobres. Como esse vestido é bem feito! Que graça! Ele diminuiu o passo para examiná-las.

A que estava ajoelhada no confessionário voltou um pouco a cabeça ao ouvir os passos de Julien no meio daquele grande silêncio. De repente, deu um pequeno grito e sentiu-se mal. Ao perder os sentidos, essa senhora ajoelhada caiu para trás; sua amiga, que estava perto dela, levantou-se rapidamente para socorrê-la. Ao mesmo tempo, Julien viu os ombros da senhora que caíra. Um colar de grandes pérolas finas, que ele conhecia bem, feriu seus olhos. O que ele não sentiu ao reconhecer os cabelos da sra. de Rênal! Era ela! A senhora que procurava sustentar-lhe a cabeça e impedi-la de cair completamente era a sra. Derville. Julien, fora de si, precipitou-se em direção a elas; a queda da sra. de Rênal talvez tivesse arrastado sua amiga se Julien não as tivesse amparado. Ele viu a cabeça da sra. de Rênal, pálida, totalmente desfalecida, pendendo sobre seu ombro. Ajudou a sra. Derville a colocar essa cabeça encantadora sobre o encosto de uma cadeira de palha; ele estava de joelhos.

A sra. Derville virou-se e o reconheceu:

– Fuja, senhor, fuja, ela disse, com o acento da mais viva cólera. Que ela não torne a vê-lo, pois deve ter-se horrorizado à sua visão, ela estava tão feliz antes! Seu procedimento é cruel. Fuja, afaste-se, se lhe resta algum pudor!

Essas palavras foram ditas com tanta autoridade, e Julien estava tão frágil nesse momento, que ele se afastou. Ela sempre me odiou, disse a si mesmo, pensando na sra. Derville. No mesmo instante, o canto fanhoso dos primeiros padres da procissão ressoou na igreja. O padre Chas-Bernard chamou várias vezes Julien, que a princípio não o ouviu: acabou vindo pegá-lo pelo braço, atrás de um pilar onde Julien refugiara-se semimorto. Ele queria apresentá-lo ao bispo.

– Você está passando mal, meu filho, disse o padre ao vê-lo tão pálido e sem condições de caminhar. Trabalhou demais. O padre deu-lhe o braço. Venha, sente-se neste banquinho junto à pia de água benta, ficará escondido atrás de mim. Eles estavam então ao lado da porta principal. Tranquilize-se, temos ainda uns vinte minutos até o monsenhor aparecer. Procure recompor-se; quando ele passar, eu o ajudarei a levantar-se, pois sou forte e vigoroso apesar de minha idade.

Mas, quando o bispo passou, Julien estava tão trêmulo que o padre Chas renunciou à ideia de apresentá-lo.

– Não se aflija demais, disse ele, haverá uma nova oportunidade.

À noite, ele mandou levar à capela do seminário 10 libras de círios economizados, segundo ele, pelos cuidados de Julien e pela rapidez com que os fizera extinguir. Nada menos verdadeiro. O pobre rapaz é que se extinguira; não tivera uma única ideia depois de ter visto a sra. de Rênal.





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ADVERTÊNCIA DO EDITOR

Esta obra estava prestes a ser publicada quando os grandes acontecimentos de julho [de 1830] vieram dar a todos os espíritos uma direção pouco favorável aos jogos da imaginação. Temos motivos para acreditar que as páginas seguintes foram escritas em 1827.


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Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (Grenoble, 23 de janeiro de 1783 — Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor francês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.


Órfão de mãe desde 1789, criou-se entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. A partir de 1796 foi aluno da Escola central de Grenoble e em 1799 conseguiu o primeiro prêmio de matemática. Viajou a Paris para ingressar na Escola Politécnica, mas adoeceu e não pôde se apresentar à prova de acesso. Graças a Pierre Daru, um parente longínquo que se converteria em seu protetor, começou a trabalhar no ministério de Guerra.

Enviado pelo exército como ajudante do general Michaud, em 1800 descobriu a Itália, país que tomou como sua pátria de escolha. Desenganado da vida militar, abandonou o exército em 1801. Entre os salões e teatros parisienses, sempre apaixonado de uma mulher diferente, começou (sem sucesso) a cultivar ambições literárias. Em precária situação econômica, Daru lhe conseguiu um novo posto como intendente militar em Brunswick, destino em que permaneceu entre 1806 e 1808. Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma, Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudônimo de Stendhal. O governo austríaco lhe acusou de apoiar o movimento independentista italiano, pelo que abandonou Milão em 1821, passou por Londres e se instalou de novo em Paris, quando terminou a perseguição aos aliados de Napoleão.

"Dandy" afamado, frequentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com as suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. Em 1822 publicou Sobre o amor, ensaio baseado em boa parte nas suas próprias experiências e no qual exprimia ideias bastante avançadas; destaca a sua teoria da cristalização, processo pelo que o espírito, adaptando a realidade aos seus desejos, cobre de perfeições o objeto do desejo.

Estabeleceu o seu renome de escritor graças à Vida de Rossini e às duas partes de seu Racine e Shakespeare, autêntico manifesto do romantismo. Depois de uma relação sentimental com a atriz Clémentine Curial, que durou até 1826, empreendeu novas viagens ao Reino Unido e Itália e redigiu a sua primeira novela, Armance. Em 1828, sem dinheiro nem sucesso literário, solicitou um posto na Biblioteca Real, que não lhe foi concedido; afundado numa péssima situação económica, a morte do conde de Daru, no ano seguinte, afetou-o particularmente. Superou este período difícil graças aos cargos de cônsul que obteve primeiro em Trieste e mais tarde em Civitavecchia, enquanto se entregava sem reservas à literatura.

Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O Vermelho e o Negro, uma crónica analítica da sociedade francesa na época da Restauração, na qual Stendhal representou as ambições da sua época e as contradições da emergente sociedade de classes, destacando sobretudo a análise psicológica das personagens e o estilo direto e objetivo da narração. Em 1839 publicou A Cartuxa de Parma, muito mais novelesca do que a sua obra anterior, que escreveu em apenas dois meses e que por sua espontaneidade constitui uma confissão poética extraordinariamente sincera, ainda que só tivesse recebido o elogio de Honoré de Balzac.

Ambas são novelas de aprendizagem e partilham rasgos românticos e realistas; nelas aparece um novo tipo de herói, tipicamente moderno, caracterizado pelo seu isolamento da sociedade e o seu confronto com as suas convenções e ideais, no que muito possivelmente se reflete em parte a personalidade do próprio Stendhal.

Outra importante obra de Stendhal é Napoleão, na qual o escritor narra momentos importantes da vida do grande general Bonaparte. Como o próprio Stendhal descreve no início deste livro, havia na época (1837) uma carência de registos referentes ao período da carreira militar de Napoleão, sobretudo a sua atuação nas várias batalhas na Itália. Dessa forma, e também porque Stendhal era um admirador incondicional do corso, a obra prioriza a emergência de Bonaparte no cenário militar, entre os anos de 1796 e 1797 nas batalhas italianas. Declarou, certa vez, que não considerava morrer na rua algo indigno e, curiosamente, faleceu de um ataque de apoplexia, na rua, sem concluir a sua última obra, Lamiel, que foi publicada muito depois da sua morte.

O reconhecimento da obra de Stendhal, como ele mesmo previu, só se iniciou cerca de cinquenta anos após sua morte, ocorrida em 1842, na cidade de Paris.



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Leia também:

Stendhal - O Vermelho e o Negro: O Primeiro Adjunto (XVII)
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