domingo, 12 de janeiro de 2025

Gabriel G Márquez - Cem Anos de Solidão (16.1) - Por muito tempo

Cem Anos de SOLIDÃO


Gabriel Garcia Márquez


(16.1)
para jomí garcía ascot
e maría luisa elío


     POR MUITO TEMPO Aureliano não abandonou o quarto de Melquíades. Aprendeu de cor as lendas fantásticas do livro sem capa, a síntese dos estudos de Hermann, o tímido, os apontamentos de ciência demonológica, as chaves da pedra filosofal, as predições de Nostradamus e as suas pesquisas sobre a peste, de modo que chegou à adolescência sem saber nada da sua época, mas com os conhecimentos básicos do homem medieval. A qualquer hora que entrasse no quarto, Santa Sofía de la Piedad o encontrava absorto na leitura. De manhã cedo, levava-lhe uma caneca de café sem açúcar e, ao meio-dia, prato de arroz com fatias de banana frita, que era a única coisa que se comia em casa depois da morte de Aureliano Segundo. Preocupava-se em cortar-lhe o cabelo, catar-lhe os piolho, adaptar para ele a roupa velha que encontrava nos baús esquecidos e, quando começou a despontar-lhe o bigode, trouxe-lhe a navalha de barbear e a vasilhinha de sabão do Coronel Aureliano Buendía. Nenhum dos filhos deste foi tão como ele, nem mesmo Aureliano José, sobretudo pelas maçãs do rosto pronunciadas e pela linha bem marcada e um pouco dura dos lábios. Como acontecera com Úrsula em relação à Aureliano Segundo, quando este estudava no quarto, Santa Sofía de la Piedad pensava que Aureliano falava sozinho. Na realidade, conversava com Melquíades. Num meio-dia ardente, pouco depois da morte dos gêmeos, viu contra a reflexão da janela o ancião lúgubre com o chapéu de asas de corvo, como a materialização de uma lembrança que estava em sua memória desde muito antes de nascer. Aureliano tinha acabado de classificar o alfabeto dos pergaminhos. De modo quando Melquíades lhe perguntou se descobrira em que língua estavam escritos, ele não vacilou em responder:

— Em sânscrito — disse.

     Melquíades revelou que as suas oportunidades de voltar ao quarto estavam contadas. Mas ia tranquilo aos prados da morte definitiva, porque Aureliano tinha tempo para aprender o sânscrito nos anos que faltavam para que os pergaminhos completassem um século e pudessem ser decifrados. Ele quem lhe indicou que no beco que ia dar no rio, e onde nos tempos da companhia bananeira se adivinhava o futuro e se interpretavam os sonhos, havia um sábio catalão que tinha uma loja de livros onde havia uma gramática em sânscrito que seria devorado pelas traças seis anos depois se ele não se apresasse em comprá-la. Pela primeira vez na sua longa vida, Sofía de la Piedad deixou transparecer um sentimento, e era um sentimento de espanto, quando Aureliano pediu-lhe que trouxesse o livro que haveria de encontrar entre a Jerusalém Libertada e os poemas de Milton, à extrema direita, na segunda prateleira da estante. Como não sabia ler, decorou o segredo e conseguiu o dinheiro com a venda de um dos dezessete peixinhos de ouro que restavam na oficina e que só ela e Aureliano sabiam onde estavam desde a noite em que os soldados revistaram a casa.
     Aureliano avançava nos estudos de sânscrito, enquanto Melquíades ia-se fazendo cada vez menos assíduo e mais longínquo, esfumaçando-se na claridade radiante do meio-dia. Da última vez que Aureliano o sentiu era apenas uma presença invisível que murmurava: “Morri de febre nas dunas de Cingapura.” E o quarto se fez então vulnerável à poeira, ao calor, ao cupim, às formigas ruivas, às traças que haveriam de transformar em pó a sabedoria dos livros e dos pergaminhos.
     Em casa não faltava o que comer. No dia seguinte à morte de Aureliano Segundo, um dos amigos que tinham levado a coroa com a inscrição irreverente se ofereceu para pagar a Fernanda um dinheiro que ficara devendo ao seu marido. A partir de então, todas as quartas-feiras, um mensageiro trazia um cesto de coisas de comer que davam bem para uma semana. Nunca ninguém soube que aquelas vitualhas quem mandava era Petra Cotes, com a ideia de que a caridade contínua era uma forma de humilhar a quem a humilhara. Entretanto, a raiva passou muito antes do que ela própria esperava e então continuou mandando a comida por orgulho e, finalmente, por compaixão. Várias vezes, quando lhe faltou o ânimo para vender bilhetes e o povo perdeu o interesse pelas rifas, ela própria ficou sem comer para que Fernanda comesse e não deixou de cumprir o trato enquanto não viu passar o seu enterro.
     Para Santa Sofía de la Piedad a redução dos habitantes da casa devia ter sido o descanso a que tinha direito depois de mais de meio século de trabalho. Nunca se ouvira um só lamento daquela mulher sigilosa, impenetrável, que semeara na família os germes angélicos de Remedios, a bela, e a misteriosa solenidade de José Arcadio Segundo; que consagrara uma vida inteira de solidão e silêncio à educação de umas crianças que mal se lembravam que eram seus filhos e seus netos, e que se ocupara de Aureliano como se tivesse saído das suas entranhas, sem saber ela mesma que era sua bisavó. Só numa casa como aquela era concebível que sempre tivesse dormido numa esteira que estendia no chão da despensa, entre o barulho noturno das ratazanas e sem nunca ter contado a ninguém que certa noite despertara com a pavorosa sensação de que alguém a estava olhando no escuro e era uma cobra que deslizava pelo seu ventre. Ela sabia que, se tivesse contado a Úrsula, esta a faria dormir na sua própria cama, mas isso foi na época em que ninguém prestava atenção a nada, enquanto não se gritasse pelo corredor afora, porque os trabalhos da padaria, os sobressaltos da guerra, o cuidado das crianças não deixavam tempo para se pensar na felicidade alheia. Petra Cotes, a quem nunca vira, era a única que se lembrava dela. Tomava conta para que tivesse um bom par de sapatos para sair, para que nunca lhe faltasse um vestido, mesmo nos tempos em que faziam milagres com o dinheiro das rifas. Quando Fernanda chegou em casa, teve motivos para acreditar que era uma criada eternizada e, embora várias vezes tivesse ouvido dizer que era a mãe do seu marido, aquilo lhe parecia tão incrível que demorava mais em aprender que em esquecer. Santa Sofía de la Piedad nunca pareceu se incomodar com aquela posição subalterna. Pelo contrário, tinha-se a impressão de que ela gostava de andar pelos cantos, sem uma trégua, sem um gemido, mantendo limpa e em ordem a imensa casa onde vivera desde a adolescência e que particularmente nos tempos da companhia bananeira mais parecia um quartel do que um lar. Mas quando Úrsula morreu, a diligência inumana de Santa Sofía de la Piedad, sua tremenda capacidade de trabalho começara a se aquebrantar. Não era só porque estivesse velha e esgotada, a casa também se precipitou da noite para o dia numa crise de senilidade. Um musgo tenro trepou nas paredes. Quando já não havia mais um lugar vazio no quintal, as ervas daninhas quebraram o cimento da varanda por baixo, estilhaçaram-no como um cristal, e apareceram pelas frestas as mesmas florezinhas amarelas que quase um século antes Úrsula tinha encontrado no copo onde estava a dentadura postiça de Melquíades. Sem tempo nem recursos para impedir os excessos da natureza, Santa Sofía de la Piedad passava o dia nos quartos, espantando os lagartos que tornavam a entrar de noite. Certa manhã, viu que as formigas ruivas tinham abandonado o cimento escavado, atravessado o jardim, subido pela amurada onde as begônias tinham adquirido cor de terra e entravam até o fundo da casa. Primeiro tentou matá-las com uma vassoura, a seguir com inseticida e, por fim, com cal, mas no dia seguinte estavam outra vez no mesmo lugar, caminhando sempre, tenazes e invencíveis. Fernanda, escrevendo cartas aos filhos, não percebia a arremetida incontrolável da destruição. Santa Sofía de la Piedad continuou lutando sozinha, brigando com as ervas daninhas para que não entrassem na cozinha, arrancando das paredes as borlas de teia de aranha que se renovavam em poucas horas, raspando o cupim. Mas quando viu que até o quarto de Melquíades estava cheio de teias de aranha e empoeirado, ainda que o varresse e espanasse três vezes por dia, e que apesar da fúria de sua limpeza ele estava ameaçado pela ruína e pelo ar de miséria que só o Coronel Aureliano Buendía e o jovem militar tinham previsto, compreendeu que estava vencida. Então, vestiu o usado traje de domingo, um par de sapatos velhos de Úrsula e as meias de algodão que Amaranta Úrsula lhe dera de presente e fez uma trouxinha com as duas ou três mudas que lhe restavam.

— Me entrego — disse a Aureliano. — É casa demais para os meus pobres ossos.

     Aureliano perguntou para onde ia e ela fez um gesto vago, como se não tivesse a menor idéia do seu destino. Tratou de precisar, entretanto, que ia passar os seus últimos anos com uma prima-irmã que vivia em Riohacha. Não era uma explicação verossímil. Desde a morte de seus pais não tinha tido contato com ninguém no povoado, nem recebera cartas nem recados, nem se ouviu que falasse de parente algum. Aureliano lhe deu quatorze peixinhos de ouro, porque ela estava disposta a partir com a única coisa que tinha: um peso e vinte e cinco centavos. Da janela do quarto ele a viu atravessar o jardim com a sua trouxinha de roupa, arrastando os pés e curvada pelos anos, e a viu meter a mão por um buraco do portão, para fechá-lo depois de ter saído. Nunca mais se voltou a saber dela. 
     Quando soube da fuga, Fernanda praguejou um dia inteiro, enquanto revistava baús, cômodas e armários, coisa por coisa, para se convencer de que Santa Sofía de la Piedad não tinha carregado nada. Queimou os dedos tentando acender o fogão pela primeira vez na vida e teve que pedir a Aureliano o favor de lhe ensinar a fazer café. Com o tempo, foi ele quem fazia os trabalhos de cozinha. Ao se levantar, Fernanda já encontrava o café da manhã servido e só tornava a abandonar o quarto para apanhar a comida que Aureliano deixava tampada no calor das brasas e que ela levava para a sala a fim de comê-la sobre toalhas de linho e entre candelabros, sentada numa cabeceira solitária, ao extremo de cadeiras vazias. Mesmo nessas circunstâncias, Aureliano e Fernanda não partilharam a solidão, mas continuaram vivendo cada um na sua, fazendo a limpeza de seus respectivos quartos, enquanto as teias de aranha iam nevando nas roseiras, acarpetando as vigas, acolchoando as paredes. Foi por essa época que Fernanda teve a impressão de que a casa se estava enchendo de duendes. Era como se os objetos, sobretudo os de uso diário, tivessem desenvolvido a faculdade de mudar de lugar pelos seus próprios meios. Fernanda passava tempo procurando a tesoura que estava certa de ter colocado em cima da cama e, depois de revirar tudo, encontrava-a numa prateleira da cozinha onde pensava não ter aparecido durante quatro dias. De repente não havia um só garfo na gaveta dos talheres e encontrava seis no altar e três no tanque de lavar roupa. Aquela caminhada das coisas era mais desesperadora quando sentava para escrever. O tinteiro que punha à direita aparecia à esquerda, o mata-borrão se perdia e era encontrado dois dias depois debaixo do travesseiro e as páginas escritas a José Arcadio se confundiam com as de Amaranta Úrsula, e andava com a má impressão de ter colocado as cartas nos envelopes trocados, como realmente aconteceu várias vezes. Em uma ocasião perdeu a caneta. Quinze dias depois ela foi devolvida pelo carteiro, que a encontrara na bolsa e andava procurando o dono de casa em casa. No princípio, ela pensou que era culpa dos médicos invisíveis, como a desaparição dos pessários e até começou a escrever uma carta para suplicar a eles que a deixassem em paz, mas teve que interrompê-la para alguma coisa e quando voltou ao quarto, não só não encontrou a carta começada, como também se esqueceu do propósito de escrevê-la. Durante um certo tempo, pensou que fosse Aureliano. Deu para vigiá-lo, pôr objetos à sua passagem na tentativa de surpreendê-lo no momento em que os mudasse de lugar, mas muito em breve se convenceu de que Aureliano não abandonava o quarto de Melquíades a não ser para ir à cozinha ou ao banheiro e que não era homem de brincadeira. De modo que terminou por acreditar que eram travessuras de duendes e optou por segurar cada coisa no seu lugar de uso. Amarrou a tesoura com um longo barbante na cabeceira da cama. Amarrou a caneta e o mata-borrão na perna da mesa e colou com goma-arábica o tinteiro no tampo, à direita do lugar onde costumava escrever. Mas os problemas não se resolveram assim de um dia para o outro, pois em poucas horas de costura já o barbante da tesoura não era longo o bastante para cortar, como se os duendes o fossem diminuindo. Acontecia a mesma coisa com o barbante da caneta e até mesmo com o seu próprio braço, que em pouco tempo de estar escrevendo não alcançava mais o tinteiro. Nem Amaranta Úrsula em Bruxelas, nem José Arcadio em Roma, nunca nenhum deles soube desses insignificantes infortúnios. Fernanda contava que era feliz, e na realidade era, justamente porque se sentia liberta de qualquer compromisso, como se a vida a tivesse arrastado outra vez para o mundo de seus pais, onde não se sofria com os problemas diários porque eles estavam resolvidos antecipadamente na imaginação. Aquela correspondência interminável fê-la perder a noção do tempo, sobretudo depois que Santa Sofía de la Piedad foi embora. Acostumara-se a fazer a conta dos dias, meses e anos tomando como pontos de referência as datas previstas para a volta dos filhos. Mas quando estes modificaram os prazos uma e outra vez as datas se confundiram, os marcos foram trocados, e os dias começaram a se parecer tanto uns com os outros que não se sentiam passar. Em vez de se impacientar, Fernanda experimentava uma profunda complacência em relação à demora. Não se inquietava com o fato de que, muitos anos depois de se anunciar às vésperas dos votos perpétuos, José Arcadio continuasse dizendo que esperava terminar os estudos de alta teologia para empreender os de diplomacia, isto porque ela compreendia que o quão íngreme e calçada de obstáculos era a escada em caracol que conduzia ao trono de São Pedro. Por outro lado, seu espírito se exaltava com notícias que para outros teriam sido insignificantes, como aquela de que o seu filho tinha visto o Papa. Experimetou uma alegria similar quando Amaranta Úrsula mandou dizer que os seus estudos se iam prolongar para além do tempo visto, porque as suas excelentes notas a tinham feito merecedora de privilégios que o pai não levara em consideração ao fazer as contas.
     Tinham-se passado já mais de três anos desde que Sofía de la Piedad lhe trouxera a gramática, quando Aureliano conseguiu traduzir a primeira folha. Não foi um trabalho inútil, mas constituía apenas um primeiro passo de um caminho cujo comprimento era impossível prever, porque o texto em castelhano não significava nada: eram versos cifrados. Aureliano carecia de elementos para estabelecer as chaves que permitissem decifrá-los, mas como Melquíades dissera que na loja do sábio catalão estavam os livros de que ele precisava para chegar ao fundo dos pergaminhos, decidiu falar com Fernanda para que lhe permitisse ir buscá-los. No quarto devorado pelas ruínas, cuja proliferação incontrolável terminou por derrotá-lo, pensava na forma mais adequada de formar o pedido, antecipava-se às circunstâncias, calculava a ocasião mais adequada, mas quando encontrava Fernanda retirando a comida do borralho, que era a única oportunidade de falar com ela, o pedido laboriosamente premeditado era esquecido e a voz, sumida. Aquela foi a única vez em que a vigiava. Ouvia os seus passos no quarto. Ouvia-a ir até a porta receber as cartas dos filhos e entregar as suas ao carteiro, escutava até alta hora da noite o traço duro e apaixonado da caneta no papel, antes de ouvir o ruído do interruptor e o murmúrio das orações no escuro. Só então adormecia, confiante que no dia seguinte que lhe daria a oportunidade desejada. Contava tanto com a ideia de que a permissão não lhe seria negada que certa manhã cortou o cabelo que já batia nos ombros, raspou barba emaranhada, vestiu umas calças estreitas e uma camisa de colarinho postiço que não sabia de quem tinha herdado e esperou na cozinha que Fernanda viesse tomar café. Não veio a mulher de todos os dias, a de cabeça levantada e andar firme, mas uma anciã de uma beleza sobrenatural, com uma amarelada capa de arminho, uma coroa de cartolina dourada e a conduta lânguida de quem chorou em segredo. Na realidade, desde que o encontrara nos baús de Aureliano Segundo, Fernanda pusera muitas vezes o carcomido vestido de rainha. Qualquer pessoa que a tivesse visto defronte do espelho, extasiada com os seus próprios gestos monárquicos, poderia pensar que estava louca. Mas não estava. Simplesmente, transformara os trajes reais numa máquina de lembranças. Na primeira vez em que os vestiu não pôde evitar que se formasse um nó no coração e que os olhos se enchessem de lágrimas, porque naquele instante voltou a sentir o cheiro de betume das botas do militar que fora buscá-la em casa para fazê-la rainha e sua alma se cristalizou com a saudade dos sonhos perdidos. Sentiu-se tão velha, tão acabada, tão distante das melhores horas da sua vida que desejou inclusive as que recordava como as piores, e só então descobriu quanta falta faziam as brisas de orégão na varanda e o vapor das roseiras ao entardecer e até a natureza animalesca dos que chegavam. Seu coração de cinza socada, que resistira sem quebrantos aos mais duros golpes da realidade cotidiana, desmoronou-se aos primeiros embates da saudade. A necessidade de se sentir triste ia se transformando num vício à medida que os anos a devastavam. Humanizou-se na solidão. Entretanto, na manhã em que entrou na cozinha e se deparou com uma xícara de café que lhe oferecia um adolescente ossudo e pálido, com um brilho alucinado nos olhos, foi cortada pela lâmina do ridículo. Não só lhe negou a permissão como também, a partir de então, passou a carregar as chaves da casa no bolso onde guardava os pessários fora de uso. Era uma precaução inútil porque, se quisesse, Aureliano poderia fugir e até voltar para casa sem ser visto. Mas o prolongado cativeiro, a incerteza do mundo, o hábito de obedecer tinham ressecado no seu coração as sementes da revolta. De modo que voltou à clausura, passando e repassando os pergaminhos, e ouvindo até a noite já bem avançada os soluços de Fernanda no quarto. Certa manhã foi acender o fogão como de costume e encontrou nas cinzas apagadas a comida que deixara para ela no dia anterior. Então se aproximou do quarto e a viu estendida na cama, coberta com a capa de arminho, mais linda do que nunca e com a pele transformada numa casca de marfim. Quatro meses depois, quando José Arcadio chegou, encontrou-a intacta.  

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