sábado, 25 de novembro de 2023

Memórias - 33: não quero ficar escondida

No se puede hacer la revolucion sin las mujeres

Livro Um

baitasar

Memórias

33 – não quero ficar escondida

Blanca e Qualquer Um decidiram que eu deveria ser afastada de la Montaña, todos corríamos riscos desermos usados uns contra outros

reféns daquela crueldade em um dia como em qualquer outro

sol escondendo lentamente o dia, dando lugar às sombras danoite. no escuro, correntes invisíveis domedo, inventadas pela perversidade humana. rostos pálidos abandonados com suas histórias deterror e desespero. lágrimas silenciosas derramadas entre muros frios e misteriosas grades da intolerância humana doente com palavras e mentiras afiadas como flechas, ferindo anônimas enquanto destilam ódios

los campesinos preparavam um ataque debuscas aos torturados, mas me queriam longe dasespadas cortadoras daqueles animais, conheciam da brutalidade, decomposição humana, Queremos que esté segura.

aceitar isso me pareceu demasiada covardia, colocar-me em segurança enquanto os demais ardiam em gradis

fugir me parecia desnecessário, cada uma de nós tem poder para fazer diferença, lutar contra toda crueldade, libertar, estender uma mão amiga, demonstrar compaixão, buscar justiça, ser voz das silenciadas, maltratadas, esperança para um outro jeito de viver

disse que não tinha medo de la Montaña nem dos soldados, Só se assustam covardes, gritei que não era medrona, carregava los cojones nos peitos

as lágrimas me saiam como se todas as neves acumuladas no topo das montanhas mais frias estivessem desgelando, estava aquecida pela vontade de brigar e furar esses monstros matadores de nuestras madres

minhas águas desciam caudalosas dos olhos, se ajuntavam com as águas espessas de las ventanas, engrossavam até formar um único rio com as águas da minha bocarra, então, parte daquela baba espessa respingava em meu vestido de linho grosso, outra parte se perdia no chão da terra, todo vuelve a la tierra

todas, de um jeito ou de outro, deixavam suas partes naquele mármore de terra roçada e limpa até o sabugo dos ossos, mulheres que com força e coragem marcam-se profundas naterra, cicatrizes diárias, guerreiras com mãos calejadas, cada passo um desafio com espinhos, canseiras e desgraças, suores derramados, vozes derretidas

en la Montaña não se tem escolha de vida, seguimos escravizados pelo Señor de la Montaña, esmorecendo, derretendo dia-a-dia, ninguém nos salva, precisamos nos salvar como sementes que germinam e florescem, enchendo de vida o mundo ao nosso redor com doçura única

não era nenhuma coragem estúpida quemefez pedir para ficar, meu corpo franzino jamais seria um obstáculo para os inimigos de los campesinos

na verdade, queria ficar por medo da saudade, carregava muitas saudades del niño muerto, de las ausencias de mamá y papá, estava assustada e sentia muita raiva daqueles bandidos comprados com dinheiro de sangue, os milicianos del Señor de la Montaña

Blanca, chorominguei para minha irmã, não quero ficar escondida, Creemos que es necesario, Mas..., Si te encuentran la usarán para llegar a qualquier uno, sea el que fuere.

não tinha o que discutir, não tinha nada para oferecer com aquele meu tamanho de risco e fedor, sabia que os dois tinham razão, depois que lhes contara o que eu e Juanito víramos decidiram entrar na mata para resgatar os corpos de los campesinos, destino estava para se cumprir

o meu também

apenas fingimos que ninguém sabe que ele está se cumprindo enquanto andamos, um cúmplice quenão vem defora está no ar dançando um trajeto de incertezas, sussurrando ao vento, desvelando segredos, cada escolha conduz por labirintos, desafios, pessoas, amores, desapegos, despedidas, encontros, tudo se permuta, do inverno esperamos saudade, da primavera esperança, do outono calmaria, do verão secura e suores que nem sempre se cumprem, uma jornada desconhecida da escuridão revelando-se passo à passo, fios entrelaçados que ora aquecem ora esfriam corações, quero um rumo para caminhar confiante, alegre, esperançosa, maséum bailado difícil, muitas vezes, absurdo com seus sentidos misteriosos, sua prosa e seu desabrigo

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Leia também:

Livro Um:
Memórias - 01: a lua cheia
Memórias - 02: a servidão natural
Memórias - 03: um negócio inesgotável
Memórias - 04: la sina de papá
Memórias - 05: ervas e flores do campo
Memórias - 06: el regazo de Blanca
Memórias - 07: lleno de deseo
Memórias - 08: mi ojos fingidos de dormidos
Memórias - 33: não quero ficar escondida

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