em busca do tempo perdido
volume I
No Caminho de Swann
ao senhor gaston calmette
como um testemunho de profundo e afetuoso reconhecimento
— marcel proust
combray
II(p) ao senhor gaston calmette
como um testemunho de profundo e afetuoso reconhecimento
— marcel proust
combray
continuando...
E no entanto pensei depois que se o sr. Vinteuil pudesse assistir àquela cena, ainda talvez não perdesse a fé no bom coração da filha, no que não estaria de todo enganado. Certamente, tão completa era a aparência do mal no procedimento da srta. Vinteuil, que seria difícil vê-lo realizado com tamanha perfeição a não ser em uma natureza sádica; é antes à luz das ribaltas dos teatros do bulevar, que à luz da lâmpada de uma verdadeira casa de campo, que se pode ver uma filha fazer sua amiga cuspir no retrato de um pai que só viveu para ela; e só o sadismo é que pode dar um fundamento, na vida, à estética do melodrama. Na realidade, fora dos casos de sadismo, talvez pudesse uma moça cometer faltas tão atrozes como as da srta. Vinteuil para com a memória e as vontades de seu pai morto; mas não as resumiria expressamente em um ato de um simbolismo tão rudimentar e ingênuo; e o que houvesse de criminoso em seu procedimento se apresentaria de um modo mais velado para os outros e para si mesma, visto que ela própria não reconheceria estar praticando o mal. Mas, além das aparências, e pelo menos no princípio, o mal não deve ter sido exclusivo no coração da srta. Vinteuil. Uma sádica como ela é um artista do mal, coisa que uma criatura inteiramente má não poderia ser, pois o mal não seria exterior a ela, antes lhe pareceria muito natural, não chegando mesmo a se distinguir de sua pessoa; e a virtude, a memória dos mortos, a ternura filial, como não lhes guardava culto, não sentiria nenhum prazer sacrílego em profaná-las. Os sádicos da espécie da srta. Vinteuil são uns seres tão puramente sentimentais, tão naturalmente virtuosos que até o prazer sensual lhes parece uma coisa má, um privilégio dos maus. E quando se permitem entregar-se um momento a ele, é na pele dos maus que procuram entrar e fazer com que entre seu cúmplice, a fim de que possam ter por um instante a ilusão de se haverem evadido de sua alma escrupulosa e terna para o mundo inumano do prazer. E eu compreendia quanto ela o desejava, ao ver como lhe era impossível consegui-lo. No próprio momento em que desejava ser tão diferente do pai, o que ela me fazia lembrar eram as maneiras de pensar e de dizer do velho professor de piano. O que profanava, o que utilizava para seus prazeres e que se interpunha entre esses prazeres e sua pessoa, impedindo-a de gozá-los diretamente, era, muito mais que a fotografia do pai, aquela parecença que havia entre os dois, aqueles olhos azuis da mãe de Vinteuil, que os transmitira à filha como uma joia de família, aqueles gestos de amabilidade que vinham colocar entre ela e seu vício uma fraseologia e uma mentalidade inadequadas, as quais faziam com que considerasse a prática daquele vício como uma coisa não muito diversa dos inúmeros deveres de cortesia a que habitualmente se consagrava. Não era o mal que lhe dava ideia do prazer, que lhe parecia agradável; era o prazer que lhe parecia maligno. E como cada vez que se entregava ao prazer vinha ele acompanhado daqueles maus pensamentos que durante o resto do tempo estavam ausentes de sua alma virtuosa, ela acabava por achar no prazer alguma coisa de diabólico, por identificá-lo com o Mal. Talvez sentisse a filha de Vinteuil que sua amiga não era má, que não falava com sinceridade quando proferia aquelas blasfêmias. Pelo menos tinha o prazer de beijar em seu rosto sorrisos e olhares, talvez fingidos, mas análogos, em sua expressão viciosa e baixa, aos que teria, não uma criatura de bondade e paciência, mas uma criatura de crueldade e prazer. Podia imaginar por um momento que estava jogando de verdade os jogos que, com uma cúmplice tão desnaturada, poderia jogar uma criatura que tivesse realmente aqueles sentimentos tão bárbaros para com a memória de seu próprio pai. Não teria acaso pensado que o mal fosse um estado tão raro, tão extraordinário, tão isolante e para onde era tão grato emigrar, se soubesse discernir em si mesma, como em todos os outros, essa indiferença pelos sofrimentos que nós mesmos causamos e que, por mais diversos nomes que lhe deem, é a forma terrível e permanente da crueldade.
Se era simples ir para o lado de Méséglise, ir para o lado de Guermantes já era outra
coisa, pois o passeio era longo e queríamos estar seguros do tempo que faria. Quando
parecia começar uma série de belos dias; quando Françoise, desesperada de que não
tombasse uma gota d’água para as “pobres colheitas” e não vendo mais que umas raras
nuvens brancas a nadarem na superfície calma e azul do céu, exclamava, gemendo:
“Parece-me que não se vê nada mais que uns esqualos que brincam, mostrando lá em
cima o seu nariz. Bem se importam em mandar chuva para os pobres lavradores! E
depois, quando o trigo tiver brotado, dê-lhe chuva, dê-lhe chuva, sem mais saber onde
cai do que se fosse sobre o mar”; quando meu pai recebia invariavelmente as mesmas
respostas favoráveis do jardineiro e do barômetro, então diziam, ao jantar: “Amanhã, se
fizer o mesmo tempo, iremos para o lado de Guermantes”. Saíamos logo depois do
almoço pelo portãozinho do jardim e íamos parar na rua de Perchamps, estreita e
formando um agudo cotovelo, cheia de gramíneas entre as quais duas ou três vespas
passavam o dia herborizando, rua tão estranha como seu nome, de que me pareciam
derivar suas particularidades curiosas e sua personalidade rebarbativa e que em vão
procuraríamos na Combray de hoje, porque no lugar que ocupava se ergue atualmente a
escola. Mas minha imaginação (como esses arquitetos da escola de Viollet-le-Duc,[1]
que, julgando encontrar em um coro Renascença e em um altar do século XVII vestígios
de um coro romano, repõem todo o edifício no estado em que devia achar-se no século XII) não deixa de pé uma só pedra da nova construção, e abre e “restitui” a rua de
Perchamps. Para essas reconstituições, ela dispõe aliás de dados mais precisos do que
aqueles que têm em geral os restauradores: algumas imagens conservadas em minha
memória, as últimas talvez que ainda existam atualmente e destinadas em breve a sumir-se, do que era Combray no tempo de minha infância; e como foi a própria Combray que
as delineou em mim antes de desaparecer, têm toda a emoção, se é que se pode comparar
um obscuro retrato a essas efígies gloriosas de que minha avó gostava de me dar
reproduções, dessas gravuras antigas da Ceia ou desse quadro de Gentile Bellini, nos
quais se veem, em um estado que não mais existe hoje em dia, a obra-prima de
Leonardo e o pórtico de São Marcos.[2]
Passávamos pela rua do Pássaro, por diante da velha hospedaria do Pássaro Ferido,
em cujo grande pátio entraram algumas vezes no século xvii as carruagens das duquesas
de Montpensier, de Guermantes e de Montmorency quando tinham de vir a Combray
por motivo de alguma questão com seus rendeiros ou para receber homenagem.[3]
Alcançava-se o passeio entre cujas árvores aparecia a torre de Santo Hilário. E eu
desejaria poder ficar ali sentado toda a tarde a ler e ouvindo os sinos; pois fazia um
tempo tão lindo e tranquilo que o soar das horas dir-se-ia que não quebrava a calma do
dia, mas desembaraçava-o do que ele continha, e que o campanário, com a indolente e
zelosa exatidão de quem não tivesse mais nada que fazer, acabava apenas (para espremer
e deixar cair as poucas gotas de ouro que o calor ali fora lenta e naturalmente
acumulando) de calcar, no momento justo, a plenitude do silêncio.
O maior encanto do lado de Guermantes era que tínhamos quase sempre a nosso
lado o curso do Vivonne. Nós o atravessávamos a primeira vez, dez minutos depois de
sair de casa, por um passadiço chamado a Ponte Velha. Logo na manhã seguinte a nossa
chegada, no dia da Páscoa, após o sermão, se fazia bom tempo, eu corria até lá para ver,
naquela desordem de manhã de festa em que alguns preparativos suntuosos fazem
parecer mais sórdidos os utensílios caseiros extraviados no meio deles, o rio que já
passeava de azul-celeste, entre as terras ainda negras e nuas, acompanhado apenas de um
bando de cucos chegados muito cedo e de algumas primaveras adiantadas, enquanto aqui
e ali uma violeta de bico azul pendia sua haste ao peso da gota de aroma que tinha em seu
cartucho. A Ponte Velha ia dar em um caminho de sirga que naquele lugar era tapetado
no verão pelas folhas azuis de uma aveleira, debaixo da qual um pescador de chapéu de
palha deitara raízes. Em Combray, onde eu sabia que personalidade de ferreiro ou de
entregador de armazém se ocultava sob o uniforme do sacristão ou a sobrepeliz do
menino de coro, aquele pescador era a única pessoa cuja identidade jamais descobri.
Devia conhecer meus pais, pois erguia o chapéu quando passávamos; eu queria então
perguntar seu nome, mas faziam-me sinal que me calasse para não espantar o peixe.
Seguíamos pelo caminho de sirga que dominava a corrente, de um barranco de vários
pés de altura; do outro lado, a margem era baixa e se estendia em vastos prados até a
aldeia e a estação distante. Por ali se achavam dispersos, meio afundados na relva, os
restos do castelo dos antigos condes de Combray, o qual na Idade Média tinha o rio
como defesa, deste lado, contra os ataques dos senhores de Guermantes e dos abades de
Martinville. Não era mais que alguns fragmentos de torres corcovando a planície e que
mal apareciam, algumas ameias de onde outrora o besteiro arremessava pedras, de onde
o vigia espreitava Novepont, Clairefontaine, Martinville-le-Sec, Baileau-l’Exempt, todas
elas terras vassalas de Guermantes, entre as quais Combray se achava encravada, e tudo
hoje rente com o chão, à mercê dos meninos da escola de padres que ali vinham estudar
ou fazer recreio; passado quase confundido com a terra, deitado à beira-rio como um
passeante que toma a fresca, mas que me dava muito que cismar, fazendo-me acrescentar
à aldeia de hoje, dentro desse nome de Combray, uma cidade muito diversa, e detendo-me os pensamentos em sua face incompreensível e antiga que ele meio ocultava entre os
“botões de ouro”. Muito numerosos eram eles naquele lugar que haviam escolhido para
seus jogos sobre a relva, sozinhos, aos pares, em bandos, amarelos como uma gema de
ovo, e tanto mais brilhantes, parecia-me, porque, não podendo eu derivar para nenhuma
veleidade de degustação o prazer que me dava sua vista, acumulava-o todo em sua
superfície dourada, até que se tornasse assaz possante para produzir inútil beleza; e isto
desde minha mais tenra infância, quando do caminho de sirga estendia os braços para
eles, sem que ainda pudesse pronunciar direito seu lindo nome de Príncipes de conto de
fadas francês, vindos talvez há muitos séculos da Ásia, mas agora radicados para sempre
na aldeia, contentes com o modesto horizonte, amando o sol e a margem do rio, fiéis à
acanhada vista da estação, mas ainda conservando, como algumas de nossas velhas telas
pintadas, em sua simplicidade popular, um poético esplendor de Oriente.
Divertia-me em olhar os garrafões que os garotos metiam no Vivonne para apanhar
peixinhos, e que, cheios da água do rio, em que estão por sua vez encerrados, ao mesmo
tempo “continente” de flancos transparentes como uma água endurecida, e “conteúdo”
mergulhado em um maior continente de cristal líquido e correntio, evocavam a imagem
da frescura de maneira mais deliciosa e irritante do que o poderiam fazer em mesa posta,
só a mostrando em fuga naquela perpétua aliteração entre a água sem consistência onde
as mãos não podiam captá-la e o vidro sem fluidez onde o gosto não podia prová-la.
Prometia a mim mesmo voltar ali mais tarde, com caniços de pesca; conseguia que
tirassem um pouco do pão da merenda; lançava no rio algumas bolinhas de miolo que
pareciam o suficiente para provocar ali um fenômeno de supersaturação, pois a água se
solidificava em seguida em torno delas, em cachos ovoides de girinos inanidos, que sem
dúvida mantivera até aquele momento em dissolução, invisíveis, já quase em via de se
cristalizar.
Em breve o curso do Vivonne começava a obstruir-se de plantas aquáticas.
Primeiro havia algumas isoladas, como aquele nenúfar ao qual a correnteza, em que
desastradamente se atravessara, tão pouco repouso lhe consentia que, como um barco
acionado mecanicamente, só abordava uma das margens para regressar à outra de onde
viera, refazendo eternamente a dupla travessia. Impelido para a margem, seu pedúnculo
se desenrolava, alongava-se, atingindo o extremo limite de sua tensão, até a riba onde a
correnteza volvia a colhê-lo, e então a verde cordagem se enrolava sobre si mesma, e
trazia de novo a pobre planta ao que com a maior razão se podia denominar seu ponto
de partida, porquanto ela não se demorava ali um só segundo sem outra vez partir para
mais uma repetição da mesma manobra. Eu tornava a encontrá-la de passeio em passeio,
sempre na mesma situação, fazendo pensar em certos neurastênicos, em cujo número
meu avô incluía a tia Léonie, que nos oferecem, sem mudança, no curso dos anos, o
espetáculo dos hábitos esquisitos, de que cada vez eles se julgam prestes a libertar-se e
que conservam sempre; colhidos na engrenagem de suas indisposições e manias, os
esforços em que inutilmente se debatem para delas sair só servem para assegurar o
funcionamento de sua dietética estranha, inelutável e funesta. Tal era aquele nenúfar,
também semelhante a um desses infelizes cuja singular tortura, que se repete
indefinidamente por toda a eternidade, provocava a curiosidade de Dante e cujas
particularidades e causas ele desejaria ouvir mais longamente da boca do próprio
supliciado, se Virgílio, afastando-se a largos passos, não o obrigasse a alcançá-lo
depressa, como eu a meus pais.[4]
Mais adiante, porém, a corrente amortece, e atravessa uma propriedade de acesso
livre ao público, graças a seu dono, que ali se divertira em trabalhos de horticultura
aquática, fazendo florir, nos pequenos banhados que forma o Vivonne, verdadeiros
jardins de ninfeias. Como as margens tinham muito arvoredo naquele ponto, as
sombras das árvores davam à água um fundo habitualmente de um verde sombrio, mas
que às vezes, ao voltarmos por certas tardes resserenadas depois da tempestade, eu vi de
um azul claro e cru, tirante para violeta, de uma aparência de interior e gosto nipônico.
Aqui e ali, à superfície, enrubescia como um morango uma flor de ninfeia de coração
escarlate, branco nas bordas. Além, as flores, mais numerosas, eram mais pálidas, menos
lisas, mais granulosas, mais crespas, e dispostas pelo acaso em meadas tão graciosas que
se julgava estar vendo irem à deriva, como após o melancólico esfolhamento de uma
festa galante, rosas de espuma em guirlandas desfeitas. Um recanto, mais adiante, parecia
reservado às espécies comuns que mostravam o branco e o róseo dos goivos, lavados
como porcelana com um zelo doméstico, enquanto um pouco mais além apertados uns
contra os outros em uma verdadeira platibanda flutuante, dir-se-iam amores-perfeitos
dos jardins que tivessem vindo pousar como borboletas suas asas azuladas e frias sobre
a transparente obliquidade daquele canteiro d’água; daquele canteiro celeste também: pois
oferecia às flores um solo de uma cor mais preciosa, mais impressionante que a cor das
próprias flores, ou fizesse no princípio da tarde fulgurar sob as ninfeias o caleidoscópio
de uma felicidade atenta, silenciosa e móvel, ou se enchesse, ao anoitecer, do róseo e da
cisma do poente, mudando incessantemente para ficar sempre de acordo, em torno das
corolas de tons mais fixos, com o que há de mais profundo, de mais fugitivo, de mais
misterioso — com o que há de infinito — no instante, e parecia fazê-las florir em pleno
céu.
Ao sair daquele parque, o Vivonne punha-se a correr de novo. Quantas vezes não
vi, e não desejei imitar, quando tivesse a liberdade de viver a meu gosto, a um remador
que, largando o remo, se deitava de costas, com os pés mais altos que a cabeça, ao fundo
do barco, e, deixando-o flutuar à mercê das águas, não podendo ver senão o céu que
deslizava lentamente acima dele, trazia na face o antegozo da felicidade e da paz.
Sentávamo-nos entre os íris, à beira d’água. No céu de feriado flanava longamente
uma nuvem ociosa. Por vezes, opressa de tédio, uma carpa erguia a cabeça fora d’água,
em uma aspiração ansiosa. Era a hora da merenda. Antes de regressar, ficávamos por
muito tempo a comer frutas, pão e chocolate, sobre a relva por onde nos chegavam,
horizontais, enfraquecidos, mas ainda densos e metálicos, os sons do sino de Santo
Hilário, que não se tinham misturado ao ar que há tanto tempo vinham atravessando e,
sarjados pela palpitação sucessiva de todas as suas linhas sonoras, vibravam roçando as
flores, a nossos pés.
Às vezes, à margem do rio e entre árvores, encontrávamos uma dessas casas
chamadas de recreio, isolada, perdida, que nada via do mundo a não ser a corrente onde
banhava os pés. Uma mulher jovem, cujo rosto pensativo e véus elegantes não eram da
região, e que sem dúvida ali viera “enterrar-se”, segundo a expressão popular, para
saborear o amargo prazer de sentir que seu nome, e sobretudo o nome daquele de quem
não conseguira guardar o coração, era desconhecido de todos, enquadrava-se na janela
que não a deixava ver mais nada além do barco atracado junto à porta. Erguia
distraidamente os olhos a ouvir por detrás das árvores da margem a voz dos passantes,
que, antes mesmo de lhes ver o rosto, podia estar certa de que jamais haviam conhecido
nem conheceriam o infiel, que nada em seu passado lhe guardava a marca e nada em seu
futuro teria ocasião de recebê-la. Sentia-se que, em sua renúncia, deixara
voluntariamente os lugares onde ao menos poderia avistar o amado, por estes que nunca
o tinham visto. E eu a via, voltando de um passeio em caminhos por onde ela bem sabia
que nunca haveria de passar o ausente, descalçar de suas mãos resignadas umas longas
luvas de graça inútil.[5]
continua na página 115...
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Leia também:
Volume 1
No Caminho de Swann (II - Combray, E no entanto pensei - p)
Volume 2
Volume 3
Volume 4
Volume 5
Volume 6
Volume 7
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[1] Arquiteto e restaurador francês, especialista em Idade Média. Seu método de
restauração será criticado pelas personagens Swann e Albertine e pelo próprio Proust,
em sua correspondência particular. O escritor Anatole France também o criticaria no
livro Pierre Nozière. Proust, entretanto, utiliza em vários momentos seu Dictionnaire raisonné
de l’architecture française du XIe e XVIe siècle. [n. e.]
[2] Alusão à gravura da Ceia de Leonardo da Vinci, executada por Morghen, e ao
quadro Procissão na praça de São Marcos, de Bellini. Proust deve a alusão a John Ruskin,
que observara que apenas essas duas obras guardavam o estado perdido da fachada da
catedral de São Marcos (cf. Guide to the principal pictures in the Academy of Fine Arts at Venice e
Le repos de Saint Marc). [n. e.]
[3] O nome fictício da duquesa de Guermantes aparece entre dois nomes reais, o da
duquesa de Montpensier (1627-93), sobrinha do rei Luís xiv, condutora da Fronda, e o
da duquesa de Montmorency (1601-66). [n. e.]
[4] Referência aos cantos XXIX e XXX do “Inferno”, na Divina comédia, de Dante. [n.
e.]
[5] Proust parece aludir a Juliette Joinville d’Artois, que se retirara em Mirougrain,
perto da cidade de Illiers, e publicou em seguida suas memórias com o título À travers le
coeur, no ano de 1887. [n. e.]
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