sexta-feira, 11 de outubro de 2024

OS SERTÕES, Euclides da Cunha - Quarta expedição: II - Incidentes

OS SERTÕES 

Euclides da Cunha

Volume 1



Quarta expedição 


II - 

Incidentes 

     Ao invés de prosseguirem em rumo para a direita — buscando a fazenda do Sítio, de um sertanejo aliado, Tomás Vila-Nova inteiramente dedicado à nossa gente — entraram os sapadores por um desvio, a esquerda. Quando já iam longe, depois de algumas horas de trabalho, reconheceu o tenente-coronel Siqueira de Meneses a impossibilidade de afeiçoar os caminhos com a presteza necessária. "Tais eram o grande movimento de terras a fazer-se, o cerrado da caatinga, os pesados lajedos a remover-se, além dos acidentes do terreno para a descida e subida dos veículos". Abandonando então todo o trabalho feito, procurou o sítio de Vila-Nova. Esclarecido por este, atacou à tarde a nova vereda que, embora alongando a distância, tinha melhores condições de viabilidade. A artilharia por ali só avançou ao cair da tarde, passando pelo sítio dos Pereiras. Foi acampar a meia-noite na lagoa da Laje, dois quilômetros aquém de Aracati, onde já estava havia muito toda a coluna. Ficara ainda mais à retaguarda, com a 3.ª Brigada, o moroso 32, à borda a pique de um ribeirão, o dos Pereiras, que o adiantado da noite obstara se pudesse atravessar.
     Entrava-se, no entanto, na zona perigosa. Nesse dia, na lagoa da Laje, o piquete do comando geral, guiado por um alferes, surpresara alguns rebeldes que destelhavam a casa ali existente. O recontro foi rápido. Os sertanejos, de surpresa acometidos por uma carga, fugiram sem replicar. Um único ficou. Estava sobre o telhado levadio e ao descer viu-se circulado. Reagiu apesar de ferido. Afrontou-se com o adversário mais próximo, um anspeçada; desmontou-o; e arrancou-lhe das mãos a clavina, derreando-o com ela a coronhadas. Encostou-se depois à parede do casebre e fez frente aos soldados, girando-lhes à cabeça a arma, em molinete. Batido, porém, de toda a banda, baqueou, exausto e retalhado. Mataram-no. Era a primeira façanha, exígua demais para tanta gente.
     Suceder-se-lhe-iam outras.
     No dia 24 agravou-se a marcha. A coluna, que decapara de Aracati ao meio-dia, porque teve de aguardar a vinda dos retardatários da véspera, endireitou, unida, para Juetê, distante 13.200 metros — para mais uma vez se subdividir.
     Os caminhos pioravam.
     Tornou-se necessário, além dos trabalhos de sapa, abrir mais de uma légua de picada contínua através de uma caatinga feroz que naquele trecho justifica bem o significado da denominação indígena do lugar.
     Relata o chefe desse trabalho memorável:

"Ao xiquexique, palmatória, rabo-de-raposa, mandacarus, croás, cabeça-de-frade, culumbi, cansação, favela, quixaba e a respeitabilíssima macambira, reuniu-se a muito falada e temida cumanã, espécie de cipó com aspecto arborescente, imitando no todo a uma planta cultivada nos jardins, cujas folhas são cilíndricas. A poucos centímetros do chão o tronco divide-se em muitos galhos, que se multiplicam numa profusão admirável, formando uma grande copa, que se mantém no espaço por seus próprios esforços ou favorecido por algumas plantas que vegetam de permeio. Estende suas franças de folhas cilíndricas com oito caneluras e igual número de filetes em gume e pouco salientes, semelhando-se a um enorme polvo de milhões de antenas, como elas flexíveis e elásticas, cobrindo, não raras vezes, considerável superfície do solo, emaranhando-se, por entre a esquisita e raquítica vegetação destas paragens, em uma trama impenetrável. A foice mais afiada dos nossos soldados do contingente de engenharia ("chineses", na frase gaiata dos companheiros dos corpos combatentes) e polícia dificilmente as decepava nos primeiros golpes, oferecendo, portanto, resistência inesperada ao empenho que todos traziam em ir por diante. Nesse labirinto de nova espécie, teve a comissão de engenharia em poucas horas de abrir mais de seis quilômetros de estrada, tendo ao encalço a artilharia, que a atropelava impaciente. O ingente esforço desenvolvido pelos distintos e patriotas republicanos, empenhados neste pesadíssimo labor, não impediu que a noite os viesse surpreender, antes de chegar à espécie de clareira denominada pelo povo do lugar de Queimadas, onde esta vegetação traiçoeira desaparecia de sua frente, como que tomada de medo. Antes que o desânimo, o cansaço e o sono se apoderassem dos nossos soldados resignados e trabalhadores, a citada comissão representada nesta ocasião pelo chefe, tenentes Nascimento e Crisanto, alferes Ponciano, Virgílio e Melquíades, os dois últimos da polícia, o terceiro auxiliar e o quarto comandante do contingente de engenharia, pois o capitão Coriolano e tenente Domingos Ribeiro achavam-se mais atrás em outros trabalhos, tomou o alvitre de mandar acender, já escura a noite, de distancia em distancia, grandes fogueiras para à sua luz prosseguirem os obreiros da boa causa da pátria.
"Assim concluiu-se com alegria geral e contentamento, das oito para nove horas da noite, este último trecho, em que a cumanã se dissolveu em mais benigna vegetação ao sair das Queimadas de que já falamos. O canhão 32, não podendo vencer os obstáculos avolumados pela noite, ficou dentro da picada até o dia seguinte e com ele o dr. Domingos Leite, que trabalhava desde o Rio Pequeno com uma turma de "chineses" no empenho de levá-lo a Canudos. 
Pouco depois de nove horas estava a comissão reunida e acampada na clareira debaixo de chuvas torrenciais, que se prolongaram até ao dia seguinte, a todos contrariando, a todos causando mal-estar e aborrecimentos. Aí também acampou a brigada de artilharia, o 16.° e o 25.° Batalhões de Infantaria, tendo-se conservado em proteção ao 32 o 27.° que dormiu na picada. Foi magnífico, esplêndido mesmo, o espetáculo que a todos vivamente impressionou, vendo a artilharia com seus metais faiscantes e polidos, altiva de sua força soberana, atravessar garbosa e imponente, como rainha do mundo, por entre os fantásticos clarões de grandes fogos, acesos no deserto, como que pelo gênio da liberdade, para mostrar-lhe o caminho do dever, da honra e da glória." 

     Durante este tempo chegava a Juetê, onde pernoitou, o general Oscar, com o Estado-maior e o piquete de cavalaria. Ao passo que o general Barbosa, com a l.ª e 3.ª Brigadas, endireitava para a fazenda do Rosário, 4.700 metros na frente. 
     Ali chegou na antemanhã seguinte o comandante geral; e mais tarde o resto da divisão, tendo-se tornado. ainda, necessário taludar as ribanceiras do rio Rosário para que o atravessasse a artilharia. 


Um guia temeroso: Pajeú 

     O inimigo apareceu outra vez. Mas célere, fugitivo. Algum piquete que bombeava a tropa. Dirigia-o Pajeú. O quadrilheiro famoso visara, à primeira vista, um reconhecimento. Mas, de fato, como o denunciaram ulteriores sucessos, trazia objetivo mais inteligente: renovar o delírio das cargas e um marche-marche doido, que tanto haviam prejudicado a expedição anterior. Aferrou a tropa num tiroteio rápido, de flanco, fugitivo, acompanhando-a velozmente por dentro das caatingas. Desapareceu. Surgiu, logo depois, adiante. Caiu num arremesso vivo e fugaz sobre a vanguarda, feita neste dia pelo 9.° de Infantaria. Passou, num relance, acompanhado de poucos atiradores, por diante, na estrada. Não foi possível distingui-los bem. Trocadas algumas balas, desapareceram. Ficou aprisionado e ferido um curiboca de doze ou quatorze anos, que nada revelou no interrogatório a que o sujeitaram.


No Rosário

     A tropa acampou, sem outros sucessos, naquele sítio.
     Reuniram-se os combatentes, exceto a 3.ª Brigada que se avantajara até às Baixas, seis quilômetros na frente.
     O comandante-em-chefe enviou, ao general Savaget, um emissário reiterando o compromisso anterior de se encontrarem, a 27, nas cercanias de Canudos.
     Decamparam a 26, seguindo para o rancho do Vigário dezoito quilômetros mais longe, após pequena alta nas Baixas.
     Estavam a cerca de oitenta quilômetros de Monte Santo. Em plena zona perigosa. A breve troca de balas da véspera pressupunha eventualidades de combates. Talvez, esclarecidos pelo reconhecimento feito, os jagunços se dispusessem a refregas mais sérias. Denunciava-os, como sempre, de algum modo, a fisionomia da terra, a conformação do terreno que dali por diante se acidenta erriçado de cômoros escalvados, até às Baixas, onde se alcantila a serra do Rosário, de flancos duros e vegetação rara.
     As tropas iam escalar pelo sul a antemural que circunscreve Canudos. Progrediam cautelosas na rota. Não ressoaram mais as cornetas. Formados cedo, os batalhões marcharam até ao sopé da serrania. Galgaram-na. Derivaram, depois, na descida pelo boqueirão que a separa do rancho do Vigário.
     Toda a coluna se subdividiu ainda, largamente fracionada: enquanto a vanguarda atingia, ao entardecer, o pouso, a artilharia ligeira, que abandonara com os engenheiros o ronceiro 32, vinha pelos primeiros recostos da vertente e aquele ascendia vagarosamente, do outro lado, à feição dos trabalhos de sapa que lhe estradavam as ladeiras. A noite, e com a noite uma chuva torrencial batida de ventanias violentas, desceu sobre os expedicionários que, em tais condições, seriam facilmente desbaratados pelas guerrilhas dos adversários, velhos conhecedores do terreno. Não o fizeram. Tinham mais bem disposta outra posição, como veremos. Deixaram também em paz o comboio que seguia, perdido à retaguarda, pela estrada de Juetê. Haviam afrouxado os animais de tiro; e toda a carga de 53 carroças e sete grandes carros de bois passara, subdividida, para as costas dos rijos sertanejos do 5.° Batalhão da Polícia.
     Passou, entretanto, em paz, a noite. No dia subsequente, 27, emprazado para o encontro temeroso das duas colunas — apisoando ovantes os escombros do arraial investido — pôs-se tudo em movimento para a última jornada. E na alacridade singular sulcada de impaciências, de apreensões, e de entusiasmo vibrante, que antecede a vinda da batalha, ninguém cogitou nos companheiros remorados.
     As brigadas abalaram, deixando de todo esquecido, ao longe, o comboio desguarnecido por completo, porque os seus soldados, já arcando sob grandes fardos, já auxiliando os raros muares que ainda suportavam as cargas, estavam nas mais impróprias condições para o mais ligeiro recontro.
     Seguiram as brigadas: na frente a do coronel Gouveia com duas bocas de fogo; no centro a do coronel Olímpio da Silveira e a cavalaria; e depois, sucessivamente, as dos coronéis Thompson Flores e Medeiros. Atravessaram sobre dois pontilhões ligeiros o riacho do Angico. Estiraram-se vagarosamente, estrada em fora, numa linha de dez quilômetros.
     Rompia a marcha o 25.° Batalhão, ladeado de dois pelotões de flanqueadores, inúteis, mal rompendo a golpes de facão as galhadas.


Passagem nas Pitombas

     De sorte que os jagunços os assaltaram, de surpresa, antes da chegada, ao meio-dia, no Angico. Foi mais sério o ataque, ainda que não valesse o nome de combate, que mais tarde lhe deram. Pajeú congregara os piquetes, que se sucediam daquele ponto até Canudos, e viera, de soslaio, sobre a força. Esta, sobre uma rampa escampada, ficou em alvo ante os tiros por elevação dos sertanejos imperfeitamente distinguidos na orla do matagal, embaixo; mas replicou com firmeza, perdendo apenas dois soldados, um morto e outro ferido. E continuou avançando em ordem, a passo ordinário, até ao sítio memorável de Pitombas, onde houvera o primeiro encontro de Moreira César com os fanáticos.
     O lugar era lúgubre.


Recordações cruéis

     Despontavam em toda a banda recordações cruéis; molambos já incolores, de fardas, oscilando à ponta dos esgalhos secos; velhos selins, pedaços de mantas e trapos de capotes esparsos pelo chão, de envolta com fragmentos de ossadas. À margem esquerda do caminho, erguido num tronco — feito um cabide em que estivesse dependurado um fardamento velho — o arcabouço do coronel Tamarindo, decapitado, braços pendidos, mãos esqueléticas calçando luvas pretas...
     Jaziam-lhe aos pés o crânio e as botas.
     E do correr da borda do caminho ao mais profundo das macegas, outros companheiros de infortúnio: esqueletos vestidos de fardas poentas e rotas, estirados no chão, de supino, num alinhamento de formatura trágica; ou desequilibradamente arrimados aos arbustos flexíveis, que, oscilando à feição do vento, lhes davam singulares movimentos de espectros — delatavam demoníaca encenação adrede engenhada pelos jagunços. Nada Ihes haviam tirado, excluídas as munições e as armas. Uma praça do 25.° encontrou, no lenço envolto na tíbia descarnada de um deles, um maço de notas somando quatro contos de réis — que o adversário desdenhara, como a outras coisas de valor para ele despiciendas.
     Os combatentes, assombrados, mal atentaram naquele cenário; porque o inimigo continuava aferroando-os, de esguelha. Repelido no recontro anterior, depois que o contornara pela direita uma companhia do 25.° dirigida pelo capitão Trogílio de Oliveira, recuava, atacando.
     O 25.° e logo após o 27.°, do major Henrique Severino da Silva, prosseguiram repelindo-o, até ao Angico.
     Era meio-dia. A batalha parecia iminente. Em vários pontos, partindo dos flancos e da frente, estalavam tiros destacados. O comandante geral tomou as disposições mais convenientes para repelir o adversário que tudo denotava ir aparecer, rodeando-o. Um piquete de cavalaria dirigido pelo alferes Marques da Rocha, de seu Estado-maior, enviado a bater o matagal, à esquerda, revolveu-o, entretanto, inutilmente. A avançada prosseguiu.
     Duas horas depois, ao transpor o general o teso de uma colina o ataque recrudesceu, de súbito. Fizeram-se alguns disparos de Krupp. Um sargento de cavalaria e algumas praças arrojaram-se temerariamente na caatinga. Varrem-na. A marcha continuou. Na frente o 25.° vanguardeado por uma companhia de exploradores, e sucessivamente seguidos do 27.° e o 16.°, replicava aos tiroteios escassos e acelerava a investida.
     Aproximava-se a noite. A vanguarda arremeteu com as últimas ladeiras vivas do caminho, nas Umburanas. Subiu-as ofegante, sem vacilar na marcha. Repeliu mais uma vez o ataque sério, pelo flanco.
     E vingou a montanha.
     No último passo da ascensão se lhe antolhou um plano levemente inclinado, entre duas largas ondulações, fechado adiante por alguns cerros desnudos.
     Era o alto da Favela.


O alto da Favela

     Naquele ponto este morro lendário é um vale. Subindo-se tem-se a impressão imprevista de se chegar numa baixada.
     Parece que se desceu. Toda a fadiga da ascensão difícil se volve em penoso desapontamento ao viajor exausto. Constringe-se o olhar repelido por toda a sorte de acidentes. Ao contrário de uma linha de cumeadas, depara-se, no prolongamento do caminho do Rosário, um talvegue, um sulco extenso, espécie de calha desmedida trancada, transcorridos trezentos metros, pela barragem de um cerro.
     Atingindo este, veem-se-lhe aos lados, esbotenando-lhes os flancos e corroendo-os, fundos rasgões de enxurros que drainam a montanha. Por um deles, o da direita, se enfia, entalando-se em passagem estreita de rampas vivas e altas, quase verticais, lembrando restos de antigos túneis, aquele caminho, descendo, em desnivelamentos fortes. À esquerda outra depressão, terminando na encosta suave de um morro, o do Mário, se dilata na extensão maior de norte a sul, fechando-se, naquele primeiro rumo, ante outro cerro, que oculta o povoado e tomba, de chofre, pelo outro, em boqueirão profundo até ao leito do Umburanas. À frente, em nível inferior, a fazenda Velha. O pequeno Serrote dos Pelados cai logo, em seguida, em declive, até o Vaza-Barris, embaixo. E para todos os quadrantes — para leste, buscando o vale do Macambira, aquém das cumeadas do Cocorobó e a estrada de Jeremoabo que o atravessa; para o norte, derivando para a vasta planície ondeada; para o ocidente, procurando os leitos dos pequenos rios, o Umburanas e o Mucuim perto do extremo da estrada do Cambaio; para todos os lados, o terreno descamba com o mesmo facies que lhe imprimem sucessivos cômoros empolando-se numa confusão de topos e talhados. Tem-se a imagem real de uma montanha que desmorona, avergoada pelas tormentas, escancelando-se em gargantas, que as chuvas torrenciais de ano a ano reprofundam, sem o abrigo de vegetação que lhe amorteça a crestadura dos estios e as erosões das torrentes.
     Porque o morro da Favela, como os demais daquele trato dos sertões, não tem nem mesmo o revestimento bárbaro da caatinga. E desnudo e áspero. Raros arbúsculos, esmirrados e sem folhas, raríssimos cereus ou bromélias esparsas, despontam-lhe no cimo sobre o chão duro, entre as junturas das placas xistosas justapostas em planos estratigráficos, nitidamente visíveis, expondo, sem o disfarce da mais tênue camada superficial, a estrutura interior do solo. Entretanto, embora desabrigado, quem o alcança pelo sul não vê logo o arraial, ao norte. Tem que descer, como vimos, em suave declive, a larga plicatura em que se arqueia, em diedro, a montanha, numa selada entre lombas paralelas.

continua na página 230...
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Os Sertões, de Euclides da Cunha
Fonte: CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984 (Biblioteca do Estudante).
Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins educacionais.

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