volume IV
Sodoma e Gomorra
Capítulo Primeiro
Capítulo Primeiro
Segunda Parte
continuando...
O Sr. de Froberville forçosamente se beneficiara com a situação favorável que, desde pouco tempo, se formara a respeito dos militares da sociedade. Infelizmente, se a mulher com quem se casara era parenta legítima dos Guermantes, era uma parenta extremamente pobre, e ele próprio havia perdido a sua fortuna, eles quase não tinham relações; e eram dessas pessoas que são deixadas de lado a não ser nos menos importantes, quando lhes ocorria perderem ou casar um parente. Então faziam verdadeiramente parte da comunhão da alta sociedade, como católicos que só o são de nome e se aproximam da santa mesa apenas uma vez por ano. Sua situação material teria sido mesmo desgraçada se a Sra. de Saint-Euverte, fiel à afeição que dedicara ao falecido general Froberville, não ajudasse o casal de todas as maneiras, fornecendo distrações às duas meninas. Mas o coronel, que passava por rapaz, não era uma alma agradecida. Tinha inveja dos esplendores da benfeitora que não deixava de elogiá-los sem cessar e sem medidas; no garden-party anual era para ele, sua mulher e suas filhas um prazer maravilhoso a que não faltariam por todo o ouro do mundo, mas um prazer envenenado pelo pensamento das alegrias de orgulho que dele tirava a Sra. de Saint-Euverte. O anúncio desse garden-party nos jornais, que a seguir, dei uma descrição detalhada, acrescentavam de modo maquiavélico:
"Voltaremos a essa bela festa", os detalhes complementares sobre as toaletes, dados
durante vários dias seguidos, tudo isto fazia tão mal aos Frobervilles, que eles, bastante privados
de prazeres e sabendo que podiam contar com os daquela festa, chegavam, todos os anos, a
desejar que o mau tempo lhe prejudicasse o êxito, consultavam o barômetro e antegozavam,
deliciados, os primórdios de uma tempestade que pudesse fazer gorar a festa.
- Não discutirei política com você, Froberville - disse o Sr. de Guermantes -; mas, no que
tange a Swann, posso dizer com franqueza que sua conduta a nosso respeito foi inqualificável.
Apadrinhado na sociedade antigamente por nós, e pelo duque de Chartres, dizem-me que é
abertamente dreyfusista. Nunca teria acreditado nisso da parte dele, ele que é um fino gourmet,
um espírito positivo, um colecionador, apreciador de livros antigos, membro do Jockey, um
homem rodeado da consideração geral, um conhecedor de boas firmas e que nos enviava o
melhor vinho do porto que se pode beber, um diletante, um pai de família. Ah, fui bem enganado.
Não falo de mim; é voz corrente que sou uma velha besta, opinião que não conta, uma espécie de
pobre-diabo, mas ao menos por Oriane ele não deveria ter feito isso, devia ter desaprovado
abertamente os judeus e os sectários do condenado.
- Sim, depois da amizade que sempre lhe testemunhou a minha mulher - prosseguiu o
duque, que evidentemente considerava que condenar Dreyfus por alta traição, fosse qual fosse a
opinião que se tivesse intimamente quanto à sua culpabilidade, constituía uma espécie de
agradecimento pelo modo como se fora recebido no faubourg Saint-Germain ele deveria ter
retirado sua solidariedade. Pois, perguntem a Oriane, ela sentia verdadeira amizade por ele. -
A duquesa, pensando que um tom ingênuo e calmo daria um valor mais sincero e
dramático às suas palavras, disse com uma voz de colegial, como se deixasse simplesmente sair
a verdade de sua boca e apenas dando aos olhos uma expressão um tanto melancólica:
- Mas é verdade, não tenho motivo algum para ocultar que sentia um afeto sincero por
Charles!
- Vejam, não a obriguei a falar. E, depois disso, ele leva a ingratidão ao ponto de ser
dreyfusista!
- A propósito de dreyfusistas - disse eu -, parece que o príncipe Von o é.
- Ah, o senhor faz bem em me falar dele! - exclamou o Sr. de Guermantes -; já ia
esquecendo que ele me pediu para vir jantar segunda-feira. Mas seja ele dreyfusista ou não,
pouco me importa, visto que é estrangeiro. É-me perfeitamente indiferente. No caso de um
francês, a coisa muda de figura. É verdade que Swann é judeu. Mas até o dia de hoje desculpe
me Froberville eu tinha tido a fraqueza de crer que um judeu pudesse ser francês, quero dizer, um
judeu honrado, homem da alta sociedade. Ora, Swann era exatamente isto, em toda a extensão
da palavra. Pois bem, ele me obriga a reconhecer que me enganei, visto que toma o partido de
Dreyfus (que, culpado ou não, de modo algum faz parte do seu meio, e a quem jamais teria
encontrado) contra uma sociedade que o havia adotado, que o tratara como a um dos seus. Não
há o que negar, nós todos éramos fiadores de Swann, eu teria jurado pelo seu patriotismo como
pelo meu. Ah, ele nos recompensa muito mal. Confesso que nunca esperaria isso de sua parte.
Julgava-o melhor. Ele tinha espírito (em seu gênero, bem entendido). Bem sei que já cometera a
insanidade de seu casamento vergonhoso. Olhem, sabem a que pessoa o casamento de Swann
fez muito mal? A minha mulher. Oriane muitas vezes tem o que eu chamaria afetação de
insensibilidade. Mas, no fundo, ela sente com uma intensidade extraordinária. -
A Sra. de Guermantes, encantada com essa análise do seu caráter, escutava-o com ar
modesto, mas não dizia uma só palavra, por escrúpulo de aquiescer com o elogio, sobretudo com
receio de interrompê-lo. O Sr. de Guermantes poderia falar uma hora a esse respeito que ela teria
se mexido ainda menos do que se lhe tocassem música.
- Pois bem! Lembro-me quando ela soube do casamento de Swann, sentiu-se magoada;
achou, aquilo era malfeito da parte de alguém a quem tínhamos testemunhado amizade. Ela
gostava muito de Swann; ficou muito desgostosa. Não é mesmo, Oriane? -
A Sra. de Guermantes julgou dever responder a uma apelação tão direta, sobre um
assunto que lhe permitiria, sem que desobedecesse, confirmar os louvores que sentia estar
acabados. Num tom simples, e com um ar tanto mais estudado quanto desejaria parecer ela disse
com uma doçura reservada:
- É verdade, Basin não se engana. -
- E, no entanto, ainda não era a mesma coisa. Que querem, é o amor, embora, na minha
opinião, deva permanecer dentro de certos limites. Eu ainda poderia desculpar um rapaz, um
fedelho que se deixa abalar por utopias. Porém Swann, um homem inteligente, de uma delicadeza
comprovada, um fino conhecedor de quadros, um familiar do duque de Chartres, do próprio
Gilbert! -
O tom que o Sr. de Guermantes empregou era aliás perfeitamente simpático, sem sombra
da vulgaridade que muitas vezes demonstrava. Falava com uma tristeza levemente indignada,
porém tudo nele respirava aquela doce gravidade que faz o encanto untuoso de certas
personagens de Rembrandt, por exemplo o burgomestre. Sentia-se que a questão da imoralidade
da conduta de Swann no Caso Dreyfus nem mesmo se apresentava ao duque, de tão fora de
dúvida que estava; sentia-se nele a aflição de um pai que vê um de seus filhos, pecar cuja
educação fez os maiores sacrifícios, arruinar voluntariamente a magnífica situação que lhe
proporcionara e desonrar um nome respeitado com desatinos que os princípios ou preconceitos
da família não podem admitir. É verdade que o Sr. de Guermantes não havia manifestado outrora
um espanto de tal modo profundo e doloroso ao saber que Saint-Loup era dreyfusista. Mas,
primeiro, considerava o sobrinho um rapaz no mau caminho e de quem nada poderia espantar
enquanto não se emendasse; ao pai que Swann era o que o Sr. de Guermantes chamava "um
homem ponderado, uma pessoa que desfrutava de uma posição de primeira ordem". Depois
principalmente, passara-se um período bastante longo, durante o qual do ponto de vista histórico,
os acontecimentos pareceram em parte ajudar a tese dreyfusista, a oposição antidreyfusista havia
redobrado de violência e, de puramente política a princípio, tornara-se social. Era agora questão
de militarismo, de patriotismo, e as ondas de cólera erguidas à sociedade, tinham tido tempo de
adquirir aquela força que jamais têm, começo de uma tempestade.
- Vejam - continuou o Sr. de Guermantes - mesmo do ponto de vista de seus caros judeus,
já que faz questão aberta de apoiá-los, Swann cometeu um disparate de alcance incalculável.
Achava que todos eles estão secretamente unidos e, de alguma forma, são obrigados a prestar
auxílio a alguém de sua raça, mesmo se não o conhecem. É um perigo público. Evidentemente,
temos sido indulgentes demais, e o deslize de Swann terá tanto mais repercussão porque ele era
estimado, e até recebido, sendo de certo modo quase que o único judeu que conhecíamos.
Poderá dizer-se: Ab uno disce omnes. ["Do latim:. "Por um só julga a todos." Palavras da Eneida,
de Virgílio. (N. do T)] (A satisfação de ter descoberto na memória, no momento adequado, uma
citação tão oportuna bastou para iluminar com um sorriso orgulhoso a melancolia do grão-senhor
traído.)
Sentia eu grande vontade de saber o que se passara exatamente entre Swann e o
príncipe, e de ver o primeiro, caso ainda não houvesse deixado a festa.
- Eu lhe direi - falou-me a duquesa, a quem eu externara este meu desejo - que, quanto a
mim, não faço muita questão de vê-lo, pois parece, segundo o que me disseram há pouco na casa
da Sra. de Saint-Euverte, que ele desejaria, antes de morrer, que eu conhecesse a sua mulher e
sua filha. Meu Deus, tenho uma pena infinita de que esteja doente, mas primeiro espero que não
seja tão grave assim. Depois, afinal isso não é um motivo, porque de fato seria fácil demais.
Bastava que um escritor sem talento dissesse: "Vote a meu favor na Academia, porque minha
mulher vai morrer e eu quero dar-lhe esta última alegria." Não haveria mais salões se a gente
fosse obrigada a conhecer todos os agonizantes. Meu cocheiro poderia alegar: "Minha filha está
muito mal, faça com que eu seja recebido na casa da princesa de Parma." Adoro Charles e me dá
muita pena fazer-lhe uma recusa. Assim, é por isso que prefiro evitar que ele me peça. Espero de
todo o meu coração que ele não esteja para morrer, como afirma, mas, se isso de fato se verificar,
não seria para mim o momento oportuno de conhecer essas duas criaturas que me privaram do
mais agradável de meus amigos durante quinze anos, e que ele me deixaria por nada, uma vez
que eu nem sequer poderia aproveitar-me disso para vê-lo, pois estaria morto!
Mas o Sr. de Bréauté não cessara de ruminar o desmentido que lhe fizera o coronel de
Froberville.
- Não duvido da exatidão de seu relato, meu caro amigo - disse ele -, mas a minha versão
era de boa fonte. Foi o príncipe de La Tour d'Auvergne que me contou.
- Espanta-me que um erudito como o senhor diga ainda príncipe de La Tour d'Auvergne
interrompeu o duque de Guermantes -; o senhor sabe muito bem que ele absolutamente não o é.
Só existe um membro dessa família. É o duque de Bouillon, tio de Oriane.
- O irmão da Sra. de Villeparisis? - perguntei, lembrando-me de que esta era uma Srta. de
Bouillon.
- Perfeitamente. Oriane, a duquesa de Lambresac, a está cumprimentando.
De fato, via-se, por instantes, formar-se e passar como uma estrela cadente um débil
sorriso destinado pela duquesa de Lambresac à alguma pessoa que ela havia reconhecido. Tal
sorriso, no entanto, em vez de precisar-se numa afirmação ativa, numa linguagem muda; porém,
mergulhava quase de imediato numa espécie de êxtase ideal que não distinguia nada, ao passo
que a cabeça se inclinava num gesto de bênção beatífica, lembrando o que inclina para a
multidão de comungantes prelado já meio senil. A Sra. de Lambresac não o era de modo algum,
eu já conhecia esse tipo especial de distinção antiquada. Em Combray Paris, todas as amigas de
minha avó tinham o hábito de cumprimentar, numa reunião mundana, com um aspecto tão
seráfico feito se tivessem visto alguém de seu conhecimento na igreja, no momento da elevação
ou durante um enterro, e lhe atirassem molemente um cumprimento que terminasse em reza. Ora,
uma frase do Sr. de Guermantes ia completar a comparação que eu fazia.
- Mas o senhor viu o duque de Bouillon - disse-me ele - Estava saindo da biblioteca quando
o senhor ia entrando. Era um homem baixinho e de cabelos brancos. -
Fora ele quem eu tomara por um pequeno-burguês de Combray, e cuja semelhança com a
Sra. de Villeparisis eu descobria agora, pensando nele. A parecença das saudações dissipadas
da duquesa de Lambresac com as das amigas de minha avó tinham começado a me interessar,
ao mostrar-me que, nos meios estreitos e fechados, sejam da pequena burguesia ou da alta
nobreza, subsistem às maneiras antigas, permitindo-nos, como a um arqueólogo, recuperar o que
podia ser a educação e a parte da alma que ela reflete no tempo do visconde d'Arlincourt e de
Loisa Puget. A perfeita conformidade de aparência de um pequeno-burguês de Combray de sua
idade e o duque de Bouillon, lembrava-me melhor agora (o que já me impressionara tanto quando
vira a avô materna de Saint-Loup, o duque de La Rochefoucauld, num estereótipo em que ele era
exatamente igual ao meu tio-avô, tanto no rosto como no aspecto e nos modos de ser) que as
diferenças sociais, e até individuais, fundem-se a distância na uniformidade de uma época. A
verdade é que a semelhança dos trajes e também a reverberação, pela fisionomia ao espírito da
época ocupam numa pessoa um lugar sensivelmente mais importante que o de sua casta, a qual
só tem papel considerável no amor-próprio do interessado e na imaginação dos outros, de forma
que não é preciso percorrer as galerias do Louvre para perceber que um grão-senhor do tempo de
Luís Filipe é menos diferente de um burguês do tempo de Luís Filipe, que de um grão-senhor do
tempo de Luís XIV.
Neste momento, um músico bávaro de longos cabelos, que a princesa de Guermantes
protegia, saudou Oriane. Esta respondeu com uma inclinação de cabeça, mas o duque, furioso
por ver sua mulher cumprimentar alguém a quem ele não conhecia, que tinha modos singulares e
que, tanto quanto o Sr. de Guermantes julgava saber, era de muito má reputação, virou-se para a
mulher com ar terrível e interrogativo, como se dissesse:
- ''Quem é esse ostrogodo?"
A situação da pobre Sra. de Guermantes já era bastante complicada e, se o músico tivesse
tido um pouco de piedade dessa esposa mártir, teria se afastado bem depressa. Mas, fosse por
desejo de não permanecer debaixo da humilhação que lhe acabava de ser infligida em público, no
meio dos mais velhos amigos do círculo do duque, cuja presença talvez tivesse justamente
motivado um pouco a sua silenciosa inclinação, e para mostrar que era de direito, e não sem
conhecê-la, que havia saudado a Sra. de Guermantes, fosse por obedecer à inspiração obscura e
irresistível da gafe que o levara a aplicar a própria letra do protocolo num momento em que devia
antes restringir-se ao espírito; o músico se aproximou ainda mais da Sra. de Guermantes e lhe
disse:
- Sra. duquesa, gostaria de solicitar a honra de ser apresentado ao duque. -
A Sra. de Guermantes era bem infeliz.
Mas enfim, por mais que fosse uma esposa traída, ainda assim era a duquesa de
Guermantes e não podia parecer destituída do direito de apresentar ao marido as pessoas que
conhecia.
- Basin - disse ela; permita que lhe apresente o Sr. d'Herweck.
- Não lhe pergunto se irá amanhã à casa da Sra. de Saint-Euverte - disse o coronel de
Froberville à Sra. de Guermantes, para dissipar a penosa impressão produzida pela solicitação
intempestiva do Sr. d'Herweck. - Paris inteira vai estar lá. -
Entretanto, virando-se num só movimento e como de uma só peça para o músico
indiscreto, o duque de Guermantes, enfrentando-o monumental, mudo, enfurecido, como Júpiter
entronado, permaneceu imóvel desse jeito por alguns segundos, os olhos flamejando de cólera e
de espanto, os cabelos frisados parecendo sair de uma cratera. Depois, como no transporte de
um impulso que só a polidez solicitada lhe permitia cumprir, e após ter dado a impressão, por sua
atitude de desafio, de atestar a toda a assistência que não conhecia o músico bávaro, cruzando
às costas as duas mãos enluvadas de branco, inclinou-se para diante e fez ao músico uma
saudação tão profunda, cheia de tanta estupefação e raiva, tão brusca, tão violenta, que o artista,
tremendo, recuou, inclinando-se para não receber uma cabeçada no ventre.
- Mas é que justamente não estarei em Paris - respondeu a duquesa ao coronel de
Froberville. - Dir-lhe-ei (não deveria confessa-lo) que cheguei à minha idade sem conhecer os
vitrais de Montfort-l'Amaury. É vergonhoso, mas é assim. Então, para reparar essa ignorância
culpável, prometi ir vê-los amanhã. -
O Sr. de Bréauté sorriu com finura. De fato, compreendera; se a duquesa pudera ficar até
a sua idade sem conhecer os vitrais de Montfort-l'Amaury, essa visita artística não assumia de
súbito o caráter urgente de uma intervenção cirúrgica e teria podido sem risco, depois adiada
durante mais de vinte e cinco anos, sofrer um atraso de vinte e quatro horas. O projeto da
duquesa era simplesmente o decreto baixado, à Sra. dos Guermantes, de que o salão Saint
Euverte decididamente não era casa verdadeiramente distinta, mas uma casa em que a gente era
dada para depois se enfeitarem conosco na crônica social do Gaulois casa que distinguiria com
um selo de suprema elegância àquelas (aquilo menos aquela, caso se tratasse de uma só) que ali
não seriam visto o delicado prazer do Sr. de Bréauté, duplicado pelo prazer poético pelas pessoas
da alta sociedade ao verem a Sra. de Guermantes; coisas que sua posição menos elevada não
lhes permitia imitar, mas simples visão lhes provocava o sorriso do camponês ligado à sua terra;
que vê homens mais livres e mais afortunados passarem acima de sua cabeça, esse prazer
delicado não tinha qualquer relação com o encantamento dissimulado, porém desvairado, que
logo experimentou o Sr Froberville. Os esforços que o Sr. de Froberville fazia para que não
ouvissem seu riso tinham-no feito ficar vermelho como um galo e, apesar disso; entrecortando as
palavras com soluços de hilaridade, que ele exclamou tom misericordioso:
- Oh, pobre tia Saint-Euverte, ela vai ficar doente causa disso! Não, a infeliz não vai ter a
sua duquesa. Que golpe! Essa é de matar! - acrescentou, torcendo-se de riso. E na sua
embriaguez não deixou de socorrer-se dos pés e esfregar as mãos. Sorrindo com um só nos
cantos da boca ao Sr. de Froberville, de quem apreciava as más intenções, mas nem por isso
menos sentia um tédio mortal, a Sra. Guermantes acabou por se decidir a abandoná-lo.
- Escute, vou ser obrigada a me despedir do senhor - disse-lhe a duquesa, erguendo-se
com ar de resignação melancólica, e como se representasse uma desgraça para ela. Ao encanto
de seus olhos azuis, voz docemente musical fazia pensar na queixa poética de uma fada. - Ele
quer que eu vá ficar um pouco com Marie. -
continua na página 39...
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Leia também:
Volume 1
Volume 2
Volume 3
Volume 4
Sodoma e Gomorra (Cap I - O Sr. de Froberville)
Volume 5
A Prisioneira (Prefácio)Volume 6
Volume 7
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